O que é ser mulher negra no Brasil? Para que todos se façam esse questionamento e reflitam sobre o assunto, foi criado o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, celebrado no dia 25 de julho.


Ser mulher negra no Brasil implica em enfrentar diariamente uma série de desafios decorrentes da interseção entre racismo e questões de gênero. Dados do Atlas da Violência de 2021, do Ipea, destacam a situação das mulheres negras em relação à violência no país. Entre 2009 e 2019, o número de mulheres negras vítimas de homicídio aumentou, enquanto o de mulheres não negras diminuiu. O risco de uma mulher negra sofrer homicídio em 2019 foi 1,7 vezes maior do que o de uma mulher não negra.


Em relação à violência sexual, as mulheres negras também são as principais vítimas, com 52,2% das vítimas de estupro sendo dessa categoria. Além disso, no mercado de trabalho, as mulheres negras enfrentam discriminação recorrente em processos seletivos e dificuldades em encontrar oportunidades devido ao preconceito. 


Por que 25 de julho?


O dia foi escolhido em referência ao 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas realizado em 25 de julho de 1992. Essa data busca unir mulheres negras na luta contra o racismo e o machismo. No Brasil, o dia foi oficializado em 2014 por meio da Lei 12.987/2014, e também é celebrado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando a líder do Quilombo Quariterê, que resistiu à escravidão e teve papel importante na história do país.


Posicionamento do CRESS-PR


O Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha destaca a importância de refletir sobre o impacto do racismo na vida dessas mulheres, considerando suas particularidades de gênero. 


O CRESS-PR reafirma seu compromisso em apoiar e defender os direitos das mulheres negras, combatendo o sexismo, racismo e outras formas de violência que enfrentam. O conselho salienta ainda que o racismo não é uma pauta individual, requer comprometimento ético-politico de toda a categoria, ultrapassando os limites do discurso e se materializando no exercício profissional e nas lutas coletivas. 

É essencial promover espaços de diálogos, aumentar a representatividade e valorizar o potencial político das mulheres negras para construir uma sociedade mais justa e igualitária, com oportunidades e direitos equânimes para todas, independentemente de sua origem étnica.


4 livros para conhecer escritoras negras brasileiras


Uma das maneiras de combater o preconceito é reconhecer as mulheres negras e suas realizações. Recordar suas histórias e triunfos, bem como reconhecer as dificuldades que ainda enfrentam, é fundamental — e a literatura é uma fonte valiosa nesse aspecto. 

Veja abaixo algumas sugestões de livros escritos por autoras negras, selecionados pelo CRESS-PR.


1. Quarto de despejo: diário de uma favelada

Carolina Maria de Jesus

Editora Ática

O livro tem origem no diário da autora, que na época era catadora de papel e morava na favela do Canindé, em São Paulo. Carolina Maria de Jesus compartilha suas experiências e vivências nessa comunidade com sensibilidade e realismo. Publicado em 1960, foi o primeiro livro da autora e alcançou sucesso internacional, sendo vendido em 40 países e traduzido para 16 idiomas. Carolina Maria de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e publicou mais dois livros durante sua vida. Após seu falecimento em 1977, outras seis obras póstumas foram lançadas.


2. Becos da memória

Conceição Evaristo

Editora Pallas

O romance memorialista de Conceição Evaristo apresenta a riqueza e a complexidade da experiência humana daqueles que lidam diariamente com o desamparo, preconceito, fome e miséria. Com uma prosa lírica e sensível, a autora aborda profundas questões sociais que permeiam a realidade brasileira. Evaristo é uma destacada defensora da valorização da cultura negra e recebeu reconhecimento por sua obra, incluindo o prestigiado Prêmio Jabuti de Literatura em 2015 na categoria Contos e Crônicas, bem como o Prêmio Literatura do Governo do Estado de Minas Gerais em 2018.


3. Pequeno manual antirracista

Djamila Ribeiro

Editora Companhia das Letras

A autora convida os leitores a refletirem sobre as discriminações racistas estruturais e a assumirem a responsabilidade de promover mudanças por meio de atitudes antirracistas no dia a dia. Reconhecida como uma filósofa e pesquisadora de renome no Brasil, Djamila é uma figura proeminente em sua luta contra o racismo e o feminicídio, sendo laureada com prêmios e reconhecimento internacional, como o BET Awards e a inclusão na lista das 100 pessoas mais influentes da ONU com menos de 40 anos.


4. Quando Me Descobri Negra

Bianca Santana

SESI-SP

“Tenho 30 anos, mas sou negra há dez. Antes, era morena.” Assim que Bianca Santana apresenta uma série de relatos que inclui suas próprias experiências e as de outras pessoas negras. Com uma escrita ágil e intensa, ela expõe de forma lúcida o racismo velado que permeia a vida cotidiana no Brasil, tratando de questões como alisamento de cabelo, opressão policial e subjugação profissional. 


5. Direitos Humanos e os determinantes da colonialidade: racismo, colonialismo e capitalismo.

ROCHA, Andrea Pires. Direitos Humanos e os determinantes da colonialidade: racismo, colonialismo e capitalismo. Revista Serviço Social em Debate, v. 4, n.1, 2021, p.5-23.


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