O CRESS-PR (Conselho Regional de Serviço Social do Paraná) realizou, nesta terça-feira (11), uma reunião do Grupo de Trabalho – Debate Étnico Racial na Formação Profissional – para debater experiências e pensar, de forma coletiva, os desafios (das) dos Assistentes Sociais na luta contra o racismo.
A reunião teve a presença de Giliane Santos Araujo, Trabalhadora Assistente social da Fundação Municipal de Saúde de Canoas/RS, Mestra em Serviço Social pela PUC-RS, Conselheira do CRESS/RS na gestão “Lutar e Mudar as Coisas nos Interessa Mais”, e representante do Comitê Gaúcho de Assistentes Sociais na Luta Antirracista, que compartilhou suas experiências. Durante o encontro, também participaram estudantes de graduação em Serviço Social, pesquisadoras/es, reafirmando o compromisso da ABEPPS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social) na luta contra toda forma de opressão e dominação, além de representações de seccionais e espaços sócio ocupacionais como assistência social, saúde e sociojurídico.
O Assistente Social André Correa, integrante da Frente Nacional de Assistentes Sociais no Combate ao Racismo, lembrou que, no último Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, realizado em Alagoas em 2022, foi observada a necessidade de implementação dos Comitês a nível dos conselhos regionais. Segundo ele, conforme o relatório dos 27 Conselhos Regionais, apenas 9 em todo o Brasil tinham o comitê constituído.
“A implementação dos Comitês de Assistentes Sociais na Luta Antirracista é uma ação estratégica para promover a discussão e o enfrentamento do racismo na formação e no exercício profissional considerando a realidade concreta da população negra, indígena e quilombola. Esses comitês têm como objetivo contribuir para a formação de assistentes sociais comprometidos (as) com a promoção da igualdade racial, com o combate às desigualdades e com a defesa dos direitos humanos; bem como, fortalecer e trabalhar de forma articulada as diversas frentes do CRESS (Câmaras Temáticas, COFI, etc), entendendo a centralidade e a importância do enraizamento desta discussão a nível de profissão no Estado”, completou André.
Já para o Assistente Social Marcelo Nascimento de Oliveira, referência da pauta enquanto Conselheiro do CRESS-PR, “diante dos desafios e da urgência em combater o racismo, é fundamental que a categoria profissional de assistentes sociais esteja engajada nessa luta. Uma vez que na região sul, ainda não implementamos o Comitê de Assistentes Sociais na Luta Antirracista, muito embora temos incluído esta pauta em nossas ações.”
“A instituição dos Comitês de Assistentes Sociais na Luta Antirracista é uma pauta antiga, uma iniciativa urgente que busca incorporar de forma radical essa requisição na agenda dos CRESS para se debater o racismo e formas de enfrentamento dentro da categoria profissional e com a população, reafirmando o compromisso ético-político da profissão com os princípios do Código de Ética e dos direitos humanos. Portanto, precisamos reconhecer a centralidade desta discussão”, completou.
História do GT e Mobilização do Comitê Paranaense de Assistentes Sociais na Luta Antirracista
O GT – Debate Étnico Racial na Formação Profissional do CRESS-PR é vinculado à Comissão Temática de Trabalho e Formação Profissional, sendo instituído no final de 2021, com propósito inicial de mapear e fomentar a discussão do racismo e racismo institucional junto às Unidades de Formação Acadêmica, além de conhecer como as referências se inserem nos currículos da graduação e pós-graduação em Serviço Social. O GT, atualmente, é um espaço articulado para promover a discussão sobre questões étnico-raciais e a formação profissional, reunindo profissionais, docentes e estudantes das universidades do Estado do Paraná.
No final de 2022, a partir de articulação com debates da Frente Nacional de Assistentes Sociais no Combate ao Racismo e do 49º Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, compreendeu que ampliar as ações e fortalecer a luta antirracista, é fazer incidência junto às instâncias e frentes do CRESS-PR para fortalecer a pauta e qualificar o trabalho profissional a partir de ações e estratégias no combate ao racismo. Neste sentido, a implementação do Comitê de Paranaense de Assistentes Sociais na Luta Antirracista tem sido um horizonte enquanto empreitada coletiva, construída por várias mãos.
A discussão, ocorrida nesta terça-feira, 11/04, às 9h, contou com a participação de aproximadamente 20 pessoas. Giliane destacou sobre as relações étcnico raciais no brasil “a importância de nos entendermos neste debate, partindo de um lugar enquanto trabalhadoras e trabalhadores, para tecer as discussões se utilizando do arcabouço crítico e defendendo o Projeto Ético-Político do Serviço Social, é que pautamos a importância deste debate, compreendendo o racismo como componente determinante da formação sócio-histórica brasileira”. É importante pensar nesta pauta como prioridade, tal como o debate da luta anti capacitista, gênero, completou.
“Destacou sobre a precarização do ensino e da formação profissional, bem como a importância de observarmos o perfil das/os profissionais que vem se formando nas novas modalidades de ensino, que são trabalhadoras e trabalhadores, em sua maioria mulheres, mães, que acabam se inserindo nestas modalidades que são expressões das próprias políticas e da precarização do trabalho. Como compreender o fenômeno do racismo e se posicionar com nitidez por uma sociedade emancipada, se não analisarmos a questão da racialização?” Relaciona a organização do comitê à Frente Nacional de Assistentes Sociais no Combate ao Racismo e traz a deliberação nacional da constituição do Comitê. Por fim, Giliane destacou a experiência do Comitê Gaúcho, ressaltando os objetivos, não de concentrar a pauta do racismo, mas, compreendido como espaço que fomente a pauta da luta antirracista, incidindo ações junto às instâncias, comissões e câmaras do CRESS, fortalecendo a direção crítica da entidade.
Após explanação, foi aberto momento de intervenções para as/os profissionais participantes. Destaques para a importância do debate étnico racial, desde as entidades: CFESS, ABEPSS, ENESSO. Também houve a observação acerca das particularidades regionais, tendo em vista que o Paraná faz fronteira com outros países, sendo também um estado que conta com uma forte presença de imigrantes europeus, de modo que há uma flagrante tentativa de apagemento da presença e da história dos povos negros e indígenas. Nesse sentido, destacar a resistência desses “corpos-territórios” faz-se importante, porque onde eles estiverem evidentes há uma possibilidade de ocupação dos espaços e desvelamento das diferentes formas de racismo, inclusive o racismo ambiental que leva esses sujeitos a ocuparem as áreas mais periféricas dentro das cidades, especialmente aquelas que pertencem ao interior do estado. Há que se pensar o trabalho com a população indígena, quilombola e negra; o trabalho de assistentes sociais com crianças, adolescentes e jovens, que vivenciam as diversas formas de opressão e violências, na periferia; a ausência deste debate na formação profissional, tanto acerca do reconhecimento da identidade, quanto às ações de mobilização das/os estudantes para esta pauta; e, para além da questão raça e cor, onde se inserem as/os assistentes sociais pretas/pretos e quais suas condições de trabalho e sobrevivência, muitas vezes em espaços de trabalho e contratos precarizados, terceirizados, em entidades, com salários totalmente rebaixados e isso não se é observado.
Em seguida, o GT registra os seguintes encaminhamentos, como ponto de encerramento da atividade: Ser pauta permanente na agenda do CRESS-PR, com a realização de um Seminário junto às atividades alusivas ao dia da/o Assistente Social, ou próximo para o lançamento do Comitê; a Realização de Formulário/Levantamento sobre a questão Étnico-racial racial no estado do Paraná, abrangendo o quesito raça/cor e suas colocações no mercado de trabalho e sua apresentação; Ampliação do GT para mobilização das/os Assistente Sociais na Luta Antirracista, com data para o próximo mês chamando para composição do Comitê.
Em seguida, o GT registra os seguintes encaminhamentos, como ponto de encerramento da atividade: Ser pauta permanente na agenda do CRESS-PR, com a realização de um Seminário junto às atividades alusivas ao dia da/o Assistente Social, ou próximo para o lançamento do Comitê; a Realização de Formulário/Levantamento sobre a questão Étnico-racial racial no estado do Paraná, abrangendo o quesito raça/cor e suas colocações no mercado de trabalho e sua apresentação; Ampliação do GT para mobilização das/os Assistente Sociais na Luta Antirracista, com data para o próximo mês chamando para composição do Comitê.