Grupos neonazistas no Brasil cresceram 270% nos últimos três anos

As regiões Sul e o Sudeste do país concentram mais de 530 células de grupos extremistas

ParaTodasVerem: na parte superior esquerda da imagem está o título “Grupos neonazistas no Brasil cresceram 270% nos últimos três anos”. A imagem apresenta arame farpado e censura a símbolos tipicamente associados ao Nazismo. Na parte inferior central está o logo do CRESS.

Recentemente, um famoso youtuber e apresentador de podcast defendeu a legalização e a criação de um partido nazista no Brasil. A opinião do Monark, que sofreu represálias por conta de sua fala, não é exceção. Uma reportagem apresentada pelo Fantástico, programa dominical da TV Globo, informou que os grupos neonazistas tiveram um crescimento de 270,6% desde janeiro de 2019 até maio de 2021.

No Brasil, a apologia ao nazismo é crime previsto no artigo 20 da Lei nº 7.716/89 do Código Penal. Mas de acordo com um mapa elaborado pela antropóloga Adriana Dias, que pesquisa o assunto desde 2002, existem mais de 530 células extremistas no Brasil, somando mais de 10 mil pessoas. As regiões sul e sudeste do Brasil são as com mais adeptos.

Segundo os dados da antropóloga passados com exclusividade para O Globo, o Brasil é o país onde mais cresce o número de grupos de extrema direita. No relatório apresentado ao jornal, Adriana dividiu os grupos em categorias de acordo com suas ideologias, como Hitlerista/Nazista, Negação do Holocausto, Ultranacionalista Branco, Radical Catolicismo, Fascismo, Supremacista, Criatividade Brasil, Masculinismo Supremacia Misógina e Neo-Paganismo racista.

Dados da Agência Senado também apontam para um aumento no número de inquéritos da Polícia Federal que investigam a apologia ao nazismo. Enquanto em 2018 eram instaurados uma média de 20 inquéritos, em 2020 o número saltou para 110 investigações.

Os vínculos desses grupos são fortalecidos na internet, além de terem permissão para existirem a partir dos discursos profanados pelo atual Governo. Mesmo antes de ser eleito, em 2018, o atual presidente da República já compartilhava opiniões que favoreciam a atuação desses grupos. Em 2020, o secretário especial de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, fez um discurso semelhante ao de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha Nazista de Adolf Hitler.

Apesar do Brasil ser apontado como o país em que mais cresce grupos extremistas, essa realidade é mundial. Em fevereiro deste ano, a Rússia iniciou a guerra da Ucrânia. Um dos motivos alegados pelo presidente Vladmir Putin para a invasão territorial foi o combate a grupos nazistas ucranianos.

Enquanto líderes mundiais buscam um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, é dever do Estado brasileiro criar e fazer valer políticas públicas que garantam a dignidade da pessoa humana, destinadas especialmente às pessoas que possivelmente são alvo desses grupos, como população LGBTQIA+, negros e mulheres.

Como parte do projeto ético-político da profissão, cabe às (aos) Assistentes Sociais zelarem e defenderem o direito à vida, à dignidade e ao acesso às políticas públicas de Assistência Social, Educação, Saúde, Segurança Públicas, entre outras. Também cabe às (aos) profissionais — e toda a população — denunciar sinais de existência destes grupos totalitários. Os sinais são claros: posições nacionalistas extremas, eugenia, antissemitismo, racismo e desprezo à democracia.

Os integrantes desses grupos se baseiam na liberdade de expressão para defender suas ideias. Porém, a liberdade de expressão não é absoluta sabendo que nossas ações esbarram nos direitos de outras pessoas. Para denunciar grupos que disseminem essas ideias, é importante ter o máximo de provas sobre, como fotos, vídeos e prints, tentar obter informações sobre quem está cometendo o crime, como nome e endereço, e acionar as autoridades por meio dos telefones 197, 194 ou 190. Também é recomendado procurar a comunidade judaica para obter orientação jurídica.