Movimentos repudiam ações de Valencius Wurch na Coordenação de Saúde Mental

Desde dezembro do ano passado os movimentos e organizações de luta antimanicomial vêm se manifestando contra a permanência de Valencius Wurch na Coordenação Nacional de Saúde Mental, álcool e outras drogas do Ministério da Saúde. O Movimento Nacional de Luta Antimanicomial e a Rede Internucleos de Luta Antimanicomial manifestaram nesta segunda-feira (11), em nota, seu repúdio contra as ações do coordenador.

O CRESS-PR tem procurado dar visibilidade às ações do movimento antimanicomial e reafirma reafirma sua luta contra os princípios opressores e violentos do modelo de saúde mental calcado na exclusão das pessoas com sofrimento mental, materializada através dos hospitais psiquiátricos, comunidades terapêuticas e manicômios.

Confira a nota:

Moção de Repúdio às atuais ações de Valencius Wurch na Coordenação Nacional de Saúde Mental, álcool e outras drogas

O Movimento Nacional de Luta Antimanicomial (MNLA) e a Rede Internucleos de Luta Antimanicomial (RENILA) vêm, por meio desta, repudiar as ações do Senhor Valencius Duarte Wurch enquanto Coordenador Nacional de Saúde Mental, álcool e outras drogas.

Desde sua nomeação, o coordenador tem implantando um ambiente de insegurança e instabilidade entre esta equipe técnica. Entre outras práticas, fazem-se presentes a demissão e disposição de técnicos históricos da equipe, que vinham se mantendo em suas funções, durante coordenações diferentes, ao longo dos anos.

O contexto de tensão e dificuldades têm sido tão constantes que outros profissionais, por si próprios, têm solicitado seu afastamento, afetados pela insustentabilidade da realização de seus trabalhos. As contratações de substituições e de novos profissionais para esses cargos, por sua vez, são de profissionais ligados à práticas manicomiais.

Entendemos que, somado às suas propostas retrógradas e asilares, o atual coordenador tem sido sido responsável pelo desmantelamento e desmonte do quadro técnico ministerial responsável pelo avanço da Saúde Mental Brasileira, em várias instâncias.

Não podemos admitir mais retrocessos e perdas!

Valencius Wurch Duarte foi diretor da maior clínica psiquiátrica privada da América Latina, fechada após denúncias de tortura e maus tratos. Sua nomeação, em dezembro de 2015, gerou insatisfação de diversos movimentos sociais, entidades, coletivos, frentes e grupos de pesquisa. Além de ser um histórico opositor da Luta Antimanicomial, o psiquiatra não cumpre o perfil para a Coordenação nacional desta área, tal qual previsto na III Conferência Nacional de Saúde Mental.

Uma série de atos de protesto têm sido organizados, em todo o país nos últimos meses. Além disso, a OCUPAÇÃO FORA VALENCIUS se mantém na sala da Coordenação Nacional de Saúde Mental, álcool e outras drogas do Ministério da Saúde há 120 dias, sustentada por usuários, familiares, trabalhadores, estudantes, movimentos sociais e outras pessoas interessadas e engajadas em uma sociedade sem manicômios.

Movimento Nacional de Luta Antimanicomial(MNLA) e Rede Internucleos de Luta Antimanicomial (RENILA), 11 de abril de 2016.