CRESS / PR sedia plenária estadual da Marcha Mundial das Mulheres

Integrantes do movimento da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) estiveram reunidas na sede do CRESS/PR, no último sábado (22), para planejar a participação brasileira na edição do evento no próximo ano e discutir a atuação feminina na produção alimentar do País.

Durante a reunião, Tica Moreno – representante da Executiva Nacional do Movimento em São Paulo – aproveitou a participação de novas integrantes do grupo para apresentar um breve histórico da entidade até chegar nos projetos para a Marcha Mundial que acontecerá de 08 a 18 de março de 2010.

Integrantes da MMM se reúnem na sede do CRESS/PR
Integrantes da MMM se reúnem na sede do CRESS/PR

O evento, que é a principal ação do movimento, é promovido a cada cinco anos para denunciar, criticar e apontar as necessidades de mudanças estruturais, sociais e políticas para o mundo, através da apresentação de documentos importantes que pautam os interesses das mulheres, em consonância com reivindicações dos diversos movimentos sociais revolucionários do planeta.

Tais documentos são construídos e discutidos em atos e plenárias diversas, sendo endereçados às autoridades locais para que, através da implementação de políticas públicas, assumam o seu papel na construção da igualdade entre homens e mulheres, na garantia dos direitos fundamentais das mulheres, entre outros.

No Brasil, a marcha de 2010 terá participação de mulheres da MMM de todos os estados que irão percorrer as cidades de Campinas e São Paulo promovendo atos, debates, atividades de mobilização e conscientização acerca da situação das mulheres no mundo. As integrantes do Paraná, inclusive, se articulam para participar em grande número do evento e ainda garantir, com o apoio dos demais movimentos de mulheres e feministas, a realização de intensas atividades alusivas ao 8 de março.

Além das discussões relativas à Marcha Mundial, as integrantes do movimento abriram espaço para discussão da Soberania Alimentar. A política é resultado do trabalho conjunto das mulheres do campo, e conta com a contribuição de Hermínia M. Schortzv – representante do Movimento de Mulheres Camponesas de São Mateus do Sul – e Cybelle Martins Cardozo, de Curitiba, assessora do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) pela Sempre Viva Organização Feminista (SEOF).

Durante sua participação, Hermínia M. Schortzv contextualizou as mudanças estruturais do sistema capitalista que, forçosamente obriga as pessoas ao consumismo, ao mesmo tempo em que transforma o trabalho e as relações sociais e comunitárias no campo, intensificando a exploração da força de trabalho feminina, cujo reconhecimento e remuneração inexistem.

Já, Cybelle Martins Cardozo apresentou os programas do Governo Federal que oferecem instrumentos para a construção da emancipação econômica das mulheres do campo, através de incentivos, fomentos e investimentos públicos, bem como de confecção de documentos e outras orientações. Ações que, até o momento, são majoritariamente utilizadas por homens para investimento em grandes produções e maquinário.

Segundo Cybelle e Hermínia, tal realidade desconstrói a possibilidade de autonomia financeira das mulheres e reforça a invisibilidade do seu trabalho em “pequenas” produções (hortas domésticas, criação de animais / ordenha, artesanato, etc). Já que a atividade, mesmo que indispensável para a sustentabilidade da família, se soma as outras jornadas da mulher relacionadas com as das tarefas domésticas, dos filhos, idosos, doentes e etc.

As duas participações suscitaram intenso debate e levaram a plenária a propor ações estratégicas para todo o Estado. E bem como, de outras já previstas no planejamento da Marcha, que giram em torno não só da autonomia econômica das mulheres, mas também da questão da paz e da desmilitarização mundial, da questão relativa ao bem comum e aos serviços públicos e da violência contra a mulher.

Para garantir a eficácia do planejamento, a coordenação em nível estadual precisou ser reestruturada, com um novo formato, a partir de representações dos movimentos sociais e políticos, tais como: CUT, Sindicatos (SISMUC, SISMMAC, APP, outros), Movimento Negro, MST, MPA, MMC, LGBT, Associações de Moradores e demais entidades de defesa dos direitos humanos e de Mulheres, bem como de representantes dos mandatos de parlamentares ligados ao campo democrático e popular presentes na referida plenária (Lemos, Rosinha, Ver. Lirani e Ver. Professora Josete).

Além disso, a coordenação terá representantes na Região Metropolitana de Curitiba e em várias regiões do interior do Estado para que se possa fortalecer a luta das mulheres, transformando-a em luta do povo e assim continuarmos seguindo “em Marcha até que todas sejamos Livres!”, pois o que se busca é “Mudar a vida das mulheres para mudar a sociedade. Mudar a sociedade para mudar a vida das mulheres!”

Fonte: : Daraci Rosa dos Santos, 1ª Secretária do CRESS e Membro da Marcha Mundial das Mulheres