NOTA DE APOIO: POR CONDIÇÕES DE ENSINO DE QUALIDADE NA UNILA

O CRESS/PR, na necessária articulação entre trabalho e formação profissional das/dos assistentes sociais, apoia e defende a luta das/dos estudantes de Serviço Social da Universidade Federal de Integração Latino American (UNILA), que estão em mobilização/paralização. Essa ação busca promover a necessária expansão do corpo docente da universidade, uma condição essencial para viabilizar a implementação das diretrizes curriculares do curso de Serviço Social dessa instituição.

O necessário tripé entre Ensino, Pesquisa e Extensão, bem como a garantia da efetivação das cargas horárias das disciplinas, oficinas, monografias e estágio supervisionado, enfrentam desafios significativos devido ao atual corpo docente composto por apenas seis docentes efetivas, enquanto a demanda de estudantes ultrapassa 300. Além disso, é importante destacar que muitos desses/dessas estudantes vêm de outros países e enfrentam dificuldades com o idioma, característica de uma universidade em área de fronteira e que se propõe a somar esforços na integração latino-americana.

O curso de Serviço Social na UNILA iniciou suas atividades no ano de 2015. Conforme seu Projeto Político Pedagógico, o curso deve atender à “necessidade de formar tanto profissionais quanto pesquisadores críticos e comprometidos com a análise e a intervenção nas múltiplas expressões da questão social, sempre reatualizadas no continente latino-americano em novos desafios, processos, demandas e necessidades sociais. Responde, ainda, à preparação profissional quanto ao desenvolvimento e gestão de políticas sociais e quanto à garantia dos direitos humanos, civis, sociais e políticos, na perspectiva da redução das desigualdades sociais, do aprofundamento da democracia e da cidadania na América Latina, problematizando criticamente as raízes de tais desigualdades”.

Contudo, apesar da amplitude de seu alcance formativo, durante esses oito anos vem funcionando com corpo docente inferior às necessidades específicas da realidade política e social em que se insere. Atualmente, das seis professoras efetivas, somente quatro conseguem cumprir a carga horária de 40 horas semanais. É importante observar que uma dessas professoras está envolvida em atividades administrativas, enquanto outra tem uma carga horária reduzida devido à necessidade de cuidar de sua filha com deficiência, que requer atenção especial.

Durante esses anos de esforços para consolidar o curso, conquistou-se duas vagas para professores visitantes. No entanto, as condições de trabalho são precárias e instáveis, o que dificulta a atração de candidatos qualificados para a formação profissional. Assim como há uma situação semelhante com a única vaga temporária para professor substituto existente, que surgiu devido à ausência da docente em função administrativa. Essas vagas temporárias também não conseguem atrair e manter candidatos com a competência necessária para desempenhar funções como docentes, que, de acordo com a Lei 8662/93, têm atribuições privativas de Assistentes Sociais na maioria de seus componentes pedagógicos, cargos e encargos administrativos.

Por isso, expressamos nosso apoio e solidariedade às/aos discentes que lutam pela melhoria da qualidade do ensino e pela formação essencial para nossa profissão. Reconhecemos que essa atuação impacta substantivamente na vida cotidiana dos povos latino-americanos e caribenhos por meio dos serviços prestados por essa profissão junto às políticas públicas decorrentes de direitos sociais.