“Infelizmente o trabalho escravo não foi superado no Brasil nem em outros lugares do mundo”, afirma professora de Serviço Social

Esta sexta-feira (25) é o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravo. A data foi implementada em assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas) em 2007. E, de acordo com a Assistente Social e professora de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina, Andréa Pires da Rocha, apesar de a data ser um marco na esfera internacional dos Direitos Humanos, ainda é pouco repercutida no Brasil. 

Segundo a professora, que é pós-doutora em Serviço Social, infelizmente o trabalho escravo ainda não foi superado no mundo. No entanto, ela destaca a importância de uma data voltada à memória de milhões de pessoas que foram sequestradas e destituídas do poder sobre seus próprios corpos. 

“Infelizmente, o trabalho escravo não foi superado no Brasil e nem em outros lugares do mundo. Não é atoa que a maioria absoluta das situações que a questão do trabalho escravo vem à tona, as pessoas escravizadas são negras. Mas que essas memórias tristes também sejam acompanhadas de memórias que remetem à luta, resistência e ao orgulho da nossa afrodescendência”, afirmou Andréa. 

Para a professora e pesquisadora, os anos de escravidão ainda afetam a sociedade, considerando que a força de trabalho dos negros escravizados no continente americano potencializou a consolidação do capitalismo Europeu. 

“Para a compreensão das particularidades da sociedade brasileira, é imprescindível que situamos a questão do escravismo, que esteve em vigor por quase 400 anos no País. Portanto, quando nos remetemos à história da luta de classes no Brasil, é essencial que consideremos as marcas deixadas pela exploração total dos corpos negros”, completou. 

Andréa destaca que, se por um lado o Brasil é provido de um amplo aparato legislativo que impede o trabalho escravo. Por outro, é essencial levar em consideração a história de luta e resistência que está por trás da conquista dos Direitos Humanos. 

“Se não fosse a organização coletiva da população negra em específico e da classe trabalhadora no geral, nada teríamos. E as políticas e ações afirmativas têm como intenção reparar essas injustiças e enegrecer espaços que sempre foram privilégio de uma elite”, acrescentou. 

As(os) Assistentes Sociais, segundo ela, têm papel de destaque no combate ao racismo e na criação de mecanismos que possam evidenciar o racismo estrutural em diferentes esferas da sociedade. 

“Precisamos denunciar a partir de pesquisa e dados em nossos campos de atuação. Terceiro, “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”, como na canção de Caetano e Gil, pois vivemos tempos sombrios, nos quais a perversidade é naturalizada e o desmonte dos direitos se torna regra. São muitas as frentes de lutas que precisam estar interseccionadas. E vamos aquilombar o Serviço Social! Escravidão nunca mais!”, concluiu. 

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