CT de Assistência Social trouxe panorama dos desafios enfrentados por gestoras (es) nas Políticas de Assistência Social em todo o estado

A Câmara Temática de Assistência Social promoveu nessa segunda-feira (03) o 2º Ciclo de Debates sobre o Trabalho da (do) Assistente Social na Política de Assistência Social. Dessa vez a série de debates foi destinada apenas a assistentes sociais que trabalham nos órgãos de gestão das Políticas de Assistência Social do estado e dos municípios.

Pelo menos 70 profissionais estiveram reunidas (os) em quatro salas simultâneas divididas entre as pessoas que trabalham em órgãos gestores e Secretaria Executiva do Conselho da Política de Assistência Social, entre quem trabalha na Política de Proteção Social Básica na função de coordenação; na proteção social de Proteção Social de Média Complexidade e de alta complexidade.

As (os) profissionais debateram sobre os principais desafios e limitações da Política de Assistência Social em municípios de pequeno porte, falaram sobre os cenários de municípios de médio e pequeno porte e sobre as principais dificuldades ocasionadas com a pandemia do coronavírus, que passam pelo aumento no número de atendimentos, falta de pessoal, novas políticas de Assistência Social, falta de recursos, entre outros. Mas para além das dificuldades, todas (os) puderam falar sobre estratégias, sobre a importância da Política de Assistência Social e puderam compartilhar experiências visando aprimorar as atuações em seus municípios.

Tihara Mantovani, Secretária de Assistência Social do município de Lobato, com pouco mais de 4 mil habitantes, explicou que é preciso desmistificar a ideia de que municípios pequenos possuem uma menor quantidade de demandas. Ela explica que em um cargo de gestão também tem que lidar com diversas questões para além da Assistência Social, que incluem tributação, legislação, orçamento, além da gestão dos conselhos municipais da cidade. Ela conta alguns dos desafios que se intensificaram com a pandemia.

 “Passamos a ter duas assistentes sociais apena a partir de 2008 e hoje temos três profissionais. Ainda existe essa falta de profissionais. Existe o desgaste de trabalhadores, a necessidade de substituir profissionais que precisam ser afastados e de dar conta da demanda que só vem crescendo durante a pandemia. Ainda precisamos avançar na questão cultural, o assistencialismo ainda é muito forte e precisamos desmistificar tudo isso a cada nova gestão. A falta de recursos também nos limita e isso se torna mais um desafio”, explica ela.

Alessandra Marcondes, assistente social da proteção social básica do município de Ortigueira, município com pouco mais de 22 mil habitantes, explica que diariamente chegam demandas por parte da população que busca cestas básicas e que vem de áreas rurais distantes e de difícil acesso. Ela explica que as (os) assistentes sociais buscam se desdobrar para não deixar as famílias sem atendimento especialmente com as dificuldades impostas pela pandemia. “Existe uma falta de conhecimento por parte das gestões sobre o que é a Política de Assistência Social, que não é apenas uma doação de cestas básicas. Tem muitas demandas que são de CRAS ou de outros órgãos mas que acabamos abraçando para colaborar com as famílias que estão sofrendo. Temos procurado realizar estratégias em rede para realizar visitas e chegar nessas famílias, além de realizar os atendimentos por telefone”, relata.

Já a assistente social Luana Garcia Campos faz a coordenação da Cáritas, da Arquidiocese de Londrina e ofereceu a sua visão a partir do trabalho em um município de grande porte. A entidade não governamental executa os serviços de média complexidade na cidade e atinge 743 famílias. Ela explica que a cidade possui Secretarias de Assistência Social, da Mulher e do Idoso, mas que isso se torna um desafio para que o trabalho seja realizado de forma integrada. Segundo ela, ainda há os dilemas por conta de ser uma entidade não governamental. “É um grande desafio convergir as dificuldades das famílias para um único atendimento. Temos uma boa estrutura de trabalho, mas é preciso ampliar por conta do aumento da demanda com a pandemia. Precisaríamos ter mais uma equipe, mas não temos condições de bancar isso. Como executamos um serviço público estamos na busca por esses recursos”, explica ela, ressaltando a particularidade existente no município.

As assistentes sociais falaram sobre as dificuldades envolvendo o aumento no atendimento às crianças e adolescentes, idosos e pessoas com deficiência, incluindo no suporte a essas pessoas que se infectaram com o covid-19 e não possuem qualquer familiar para acompanhamento e visitas. Elas também comentaram sobre como as políticas neoliberais dos governos atuais também prejudicam as políticas de Assistência Social e trazem prejuízos para toda a população.

“Temos políticas de cunho assistencialista muito enraizadas aliada a uma necropolítica que vem tirando direitos da população. A gente se vê perdida muitas vezes e temos que tomar cuidado para não sermos envolvidas nisso. É importante termos diálogos como esses para fortalecer nossa visão e nossa atuação como profissional”, avalia Regiana Almeida, assistente social, especialista na área de Urgência e Emergência em Pinhais.

“Nós fazemos parte das políticas públicas e temos que defendê-las e estimulá-las. É um processo de construção e é muito importante fazermos essa aproximação. Entender nosso limite enquanto profissional e no projeto. Mas dentro disso, o que cabe a mim? Temos um espaço que é nosso, temos que lutar por ele”, finaliza Rosangela Costa, assistente social e uma das coordenadoras da CT de Assistência Social.