“Com a palavra, Assistentes Sociais na Pandemia: Têm sido dias muito intensos, exigindo agilidade para fazer transferência de recursos e organizar os serviços”

A assistente social Tânia Mara da Silva Backschat, atua na gestão do SUAS e Vigilância Socioassistencial, na prefeitura de Campo Mourão, NUCRESS de Campo Mourão. Ela conta que desde o início da pandemia, em março, se manteve em trabalho presencial. Os grandes desafios têm sido a reorganização dos serviços, o aumento do fluxo de trabalho que deve ser feito em prazos bem mais curtos que os habituais. Tânia Backschat conta também sobre o mapeamento socioterritorial desenvolvido para conhecer a nova realidade imposta pela Covid-19 no município, e dessa forma conseguir chegar com maior efetividade aos usuários.

Como tem sido sua rotina com a Pandemia? O que mudou?

Desde março, a nossa rotina foi bastante alterada. Não atendo diretamente o usuário, mas por estar na gestão do SUAS eu tenho a responsabilidade de acompanhar as portarias lançadas pelo Governo Federal, compartilhar com a equipe e assessorar na estruturação dos serviços.

Então, no primeiro momento houve necessidade de organização rápida, e fomos atuando conforme a realidade do município, fechamos alguns serviços meio expediente. Aí observei o medo diante do novo cenário, de como atuar, de como garantir os direitos, a limitação dos serviços. Foi uma realidade muito difícil em março e abril

Final de abril e começo de maio, começaram a vir algumas portarias do Governo Federal em relação ao financiamento. Tivemos que reorganizar a rede, e neste momento foi fundamental o trabalho de articulação entre os setores governamental e não governamental, para criarmos protocolos de atendimento de grupos específicos, como população em situação de rua, idosos. Precisávamos ter lugar protegido para a população de rua, atender os idosos em acolhimento e em novas rotinas para evitar contaminação. Infelizmente, perdemos alguns idosos.

Tivemos que reorganizar também a frente de atendimento à criança e ao adolescente, mais recentemente as consequências da pandemia começaram a surgir, com aumento de demanda de acolhimento de crianças e adolescente. Passamos a fazer reuniões com sistema de Justiça, Conselho Tutelar, para resguardar os seus direitos. Há também um aumento de casos de acolhimento de mulheres.

No final de maio, junho e julho efetivamos o repasse de recursos financeiros e começamos um processo de acompanhamento das ações planejadas pelas entidades governamentais e não governamentais no que diz respeito à organização do trabalho no contexto da pandemia.

Houve aumento na jornada de trabalho?

No início passamos a fazer as 6 horas normais divididas em 3 horas de manhã e 3 horas à tarde.  Agora temos uma redução de jornada, para 5 horas e meia, concentradas em um único período. No entanto, passamos a ficar disponíveis o tempo todo, atentas ao noticiário, à liberação de novas portarias, para reorganizar os serviços no dia seguinte, fazendo reuniões fora do horário de trabalho.

Têm sido dias muito intensos. O fluxo de trabalho aumentou, tudo precisa ser feito em prazos mais curtos, exigindo agilidade para fazer transferência de recursos, para organizar os serviços ou fazer submissão e discussão junto ao Conselho.

E quanto às condições de trabalho?

A prefeitura disponibilizou EPIs, máscara e álcool gel, e também recebemos orientações para nos mantermos protegidas/os em ambiente de trabalho, não aglomerar, manter janela aberta, para procurarmos a UPA nos primeiros sintomas.

Foram desenvolvidas ações diferentes diante da pandemia?

Recentemente, fizemos o mapeamento socioterritorial da Política de Assistência do Município, no qual identificamos o aumento das demandas do Cadastro Único, de requisições de benefícios eventuais para auxílio alimentação e da Proteção Social Especial.  Nesta área, houve um aumento significativo de denúncias de violência contra criança e adolescente, idosos e mulheres, com aumento na quantidade de acolhimentos.

Esse mapeamento foi fundamental para reorganizarmos a nossa prática profissional e replanejarmos a Política de Assistência Social de acordo com a realidade do nosso território, para alcançarmos as/os usuárias/os.

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