O Serviço Social no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

 

A violência, a discriminação e a exploração contra as mulheres negras vêm sendo perpetuadas ao longo dos séculos. Dos tempos da escravidão aos dias de hoje, são sempre elas que aparecem nas estatísticas como as mais vulneráveis à violência contra as mulheres. São atacadas não só por serem mulheres, como também por serem negras. São discriminadas pela cor da pele, pelos traços físicos, e pela sua fé.

Os números que envergonham o Brasil expõem uma realidade perversa e cruel. O acirramento da desigualdade de classe, gênero e raça/etnia levam às mulheres negras não só a uma situação de não acesso aos bens e serviços produzidos socialmente, como também à morte. Em 2017, 3.288 mulheres negras foram assassinadas, um crescimento de 60% em relação a 2007, 13% em relação a 2012 e 9,5% em comparação a 2017, segundo o Atlas da Violência 2019, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Dados coletados pelo Ipea, em 2018, identificaram que as mulheres negras são 50% mais suscetíveis ao desemprego do que as mulheres e homens brancos e com renda média menor do que a metade da renda média dos homens brancos e 35% do que a de mulheres brancas.

Outro levantamento aponta que entre 2007 e 2016, a taxa de homicídios de mulheres negras cresceu 23%, enquanto que o número de mulheres não negras aumentou 3%, segundo dados do Sistema de Informações Mortalidade do Instituto Datasus. Além da maior possibilidade de serem vítimas de homicídio em relação à mulher branca, o índice de analfabetismo é maior entre as mulheres negras, assim como, o número de ocupação em postos de trabalho mais precarizados.

No universo empresarial, segundo dados de pesquisa do Instituto Ethos, realizada em 2016, pessoas negras só ocupam 6,3% dos cargos de gerente e 4,7% do quadro de executivos nas empresas analisadas pelo estudo. Entre as mulheres negras, só 1,6% são gerentes e apenas 0,4% participam do quadro de executivos.

Expor esses números no dia 25 de julho, quando se registra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, pretende-se chamar a sociedade com valores e padrões historicamente hegemônicos, à reflexão sobre o racismo, comportamento que estimula as violências de gênero, principalmente contra a mulher negra. Os índices indicam a necessidade de ações preventivas e de enfrentamento, e que levem em consideração as suas especificidades e a representação populacional, apontando desafios a serem vencidos no que diz respeito a obter respostas satisfatórias de serviços essenciais de atenção e políticas públicas.

A data foi criada em 1992, no I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana com o objetivo de fortalecer a ampliar as organizações e a identidade das mulheres negras. No evento, grupos femininos negros da América Latina e Caribe destacaram os efeitos opressores do machismo e racismo, se organizando para combatê-los.

No Brasil, 25 de julho também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da MuIher Negra. A data foi sancionada pela ex-presidenta Dilma Rousseff com a Lei nº 12.987/2014, como forma de homenagear a líder do Quilombo de Quariterê, território que hoje corresponde ao Vale do Guaporé, no estado de Mato Grosso. Foi sob a liderança dela que comunidades negra e indígena resistiram à escravidão por duas décadas, no século XVIII. Benguela teria sido presa em uma emboscada e morta por inanição alguns dias depois de ter sido capturada, em 1770.

As mulheres negras se inserem na luta por todos os direitos que lhe são historicamente negados, e resistem. São guerreiras que travam uma batalha no dia a dia no trabalho, e no ambiente social e família, onde são vítimas diretas da desigualdade, do racismo, do sexismo, da misoginia e da intolerância religiosa.
Assistentes Sociais também estão engajadas/os no combate diário ao racismo, ao machismo e a todas as formas de opressão.

Clique AQUI para acessar o CRESS em Movimento, lançado pelo CRESS-PR em 2017, para marcar a data, reverenciar e visibilizar a luta contra a desigualdade de gênero e raça.