Milhares de brasileiros foram às ruas

protestocuritibavcreporterfernandomoreira5O Brasil parou. Cerca de um milhão de pessoas foram às ruas simultaneamente em 12 capitais do país na segunda-feira, 17 de junho. A frase do Movimento Passe Livre “Se a tarifa não baixar, a cidade vai parar” se provou não ser apenas um slogan. A manifestação que iniciou como apoio a este Movimento tomou proporção maior em todas as cidades, concentrando multidões de pessoas que mostraram descontentamento com diferentes aspectos da gestão pública.

Em São Paulo, por exemplo, aos gritos de “Que coincidência, sem a polícia, não tem violência”, “Brasil, vamos acordar, o professor vale mais do que o Neymar” e “Vem pra rua, vem, contra o aumento”, os manifestantes da maior coluna caminharam ao longo de todo o trajeto sem que um carro da polícia fosse avistado. Em Curitiba também os gritos da população não se concentraram na questão da tarifa do ônibus, mas teve diversos apelos.

Perigo da desconstrução de discurso

Inicialmente, a mídia condenou veementemente as manifestações, classificou os jovens como vândalos e ressaltou a presença de uma classe média sem motivos para revolta. Aos poucos, sobretudo após a brutal ação dos policiais paulistas que feriu 8 jornalistas e centenas de manifestantes, a imprensa começou a demonstrar simpatia e tentou contagiar o movimento com suas pautas, como a condenação de “mensaleiros”, o repúdio à PEC 37 e a violência urbana.

Membros do movimento pela tarifa zero demonstraram-se preocupados com a inclusão de temas defendidos por conservadores. Para eles, isto pode enfraquecer a luta pela revogação imediata do aumento das tarifas. De fato, nas manifestações de São Paulo, algumas das pautas preferidas pela mídia desfilaram nas ruas, como a redução da maioridade penal e o pedido de prisão para “mensaleiros”, ainda que dispersas em meio a uma maioria que bradava pela redução da tarifa e até mesmo exibia cartazes contrários aos meios de comunicação. Alguns portadores de cartazes, já percebendo essa manobra de transformar um protesto legítimo em uma ação despolitizante “contra a corrupção”, de luta “por direitos” e de que finalmente o Brasil “acordou”, traziam consigo frases como “Se você acordou agora, saiba que a periferia nunca dormiu” ou “Saiba que já têm brasileiros acordados há tempos, você que não dava bola”.

Nota do CRESS/PR
Neste momento de grande visibilidade da participação popular nos assuntos públicos o CRESS/PR reforça o compromisso que o/a Assistente Social tem em não cair na reprodução de discursos vazios, mas sim de lutar em defesa do Projeto Ético-Político da profissão, historicamente construído, a partir da inserção da nossa categoria nas lutas do povo brasileiro, contra a barbárie do capitalismo, contra a ditadura, contra a violência, a opressão e a marginalização de grupos e movimentos sociais.

Temos o compromisso de não apenas em atos públicos, mas principalmente no nosso cotidiano profissional pautar os nossos espaços sociocupacionais com um debate do Direito a Cidade, que inclui todos os direitos sociais garantidos pela Constituição Federal Brasileira, tais como: moradia digna, educação gratuita e de qualidade, saúde, mobilidade urbana, saneamento e agua tratada, trabalho, lazer, entre outros.

*Fonte: Jornal Brasil de Fato, com adição de comentário do CRESS/PR

Foto: Fernando Moreira/vc repórter Terra