Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas: “antes do Brasil da coroa, já existia o Brasil do cocar”

O dia 7 de fevereiro é uma data que ecoa a bravura de Sepé Tiaraju e reverbera a luta incessante dos povos indígenas por seus direitos, sua cultura e sua ancestralidade. Mais que uma lembrança, este dia é um chamado à ação, um convite para reconhecer e celebrar a rica diversidade que os povos originários do Brasil trazem para o nosso país.


Para celebrar a data, o CRESS-PR convidou estudantes indígenas de Serviço Social para destacar suas lutas por justiça social, ambiental e econômica e promover a conscientização sobre os desafios enfrentados pelas comunidades indígenas.


Gilso Bandeira dos Santos — estudante da Universidade Estadual de Maringá

“Neste dia, nós buscamos inspiração na resistência dos povos indígenas no Brasil e em todas as comunidades indígenas que hoje levantam a bandeira pela demarcação das terras. Passaram-se 500 anos e quase não houve demarcações de terras indígenas na região Sul. Muitos de nós dependem da venda de artesanato, algo que vejo como uma reminiscência das antigas coletas em busca de alimentos. 


Por isso, o Dia Nacional dos Povos Indígenas, para mim, é marcado por tristeza, ao observar as dificuldades enfrentadas por nossos anciãos, líderes e lutadores pelos direitos indígenas. Muitos deles não estão mais presentes, tendo lutado incansavelmente por nossa comunidade, por nossas crianças, por nossos idosos, por uma saúde e uma terra melhores.”


Lurdiane Agostinho Rocha – Universidade Federal da Integração Latino-Americana

“Uma das principais lutas e reivindicações atualmente de nossos povos indígenas é a demarcação de terras. Com terras sendo invadidas, os povos indígenas e as comunidades vem lutando e cobrando órgãos públicos pela demarcação de terras e por medidas mais rigorosas de busca, apreensão e punição dos invasores, como garimpeiros e madeireiros. A luta por nosso território é somente para podermos “viver bem” com nosso povo e não somente “sobreviver”, viver sem medo, viver sem ser atacados, e esperamos que um dia o genocídio contra os povos indígenas acabe.

 

Um dos maiores desafios das/dos assistentes sociais que trabalham com os povos indígenas é compreender e respeitar sua cultura, tradições e, principalmente, sua língua. O português é um segundo idioma para muitos indígenas. Por essa razão, considero fundamental a presença de assistentes sociais indígenas, pois elas/eles podem se comunicar de forma mais eficaz com seu próprio povo.”


Vilma Jara — mestranda da Universidade Estadual do Oeste do Paraná


“Acredito que como assistente social, um dos principais desafios para atuar na realidade do povo indígena envolve a necessidade de respeitar e promover os princípios éticos já estabelecidos em 1993. A promoção da justiça social e o enfrentamento das desigualdades estruturais também são aspectos fundamentais da prática profissional, que devem ser realizados para respeitar a autonomia e os direitos das comunidades indígenas.

 

A data é um lembrete de que a luta não está ganha e está longe de acabar. As poucas conquistas até aqui não foram concedidas; muitos são e foram os desafios enfrentados pelas comunidades, incluindo a luta contínua pela demarcação e proteção das terras indígenas, o combate ao preconceito e à discriminação, e a busca pela garantia de direitos fundamentais, como acesso à saúde, educação e justiça, que nem deveriam ser pauta.”