Mariane Lukavy, assistente social, trabalhadora do CREAS em Teixeira Soares (PR) e coordenadora do NUCRESS de Irati, fala sobre a luta no Dia Internacional da Ação pela Igualdade da Mulher, reforçando como o modelo machista, misógino e racista da nossa sociedade impõe sofrimento e exclusão às mulheres.
No cotidiano, não apenas profissional, mas também pessoal, é escancarado como o machismo ainda oprime e limita a vida de nós mulheres. Em nossas inúmeras atribuições diárias, ainda somos julgadas por comportamentos parecidos com os dos homens, julgados pela sociedade misógina na qual vivemos.
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Além disso, percebo que as nossas liberdades são relativas, de acordo com o estabelecido pelos padrões impostos por esta sociedade. Sendo uma mulher e tendo contato com tantas outras todos os dias, observo o quanto somos julgadas, além do quão forte são as amarras que nos colocam desde pequenas, inserindo no nosso inconsciente ideias de inferioridade e dependência. Mas quando nos percebemos capazes e fortes, passando a não aceitar mais essas imposições somos taxadas de loucas, entre outros adjetivos.
Atualmente, com a banalização e até mesmo legitimação de tantas atrocidades que vêm acontecendo, as mulheres têm sido mais agredidas e oprimidas, deixadas de lado em planejamento de políticas públicas. Programas e serviços já existentes estão sendo extintos, além do brutal corte de recursos para ações de prevenção e atendimento de situações de violência.
As mulheres negras e pobres, são ainda mais afetadas por toda essa crueldade pois, além de misógina, nossa sociedade é racista. Estas mulheres estão sofrendo violações de forma direta, através do aumento de casos de violência doméstica e feminicídio, assim como o crescimento do número de jovens negros assassinados, o que causa sofrimento e adoecimento de suas mães.
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Ainda acho importante falar sobre o controle de nossos corpos. O conservadorismo cada vez mais forte quer impor como devemos nos vestir, nos apresentar e até mesmo quando devemos ou não gerar outras vidas.
Nossa luta é diária e ininterrupta, não temos um minuto de paz, pois enquanto uma mulher estiver sendo violentada, discriminada e oprimida, todas nós estaremos. Minha luta é pela minha colega Vânia, por Ivanilda e tantas outras que não conheci, mas que tiveram suas vidas arrancadas pelo machismo.
Vânia Mello, de Guarapuava, foi uma colega de faculdade de Mariane. Ela foi assassinada pelo ex-marido na agência dos Correios no município de Foz do Jordão, onde era gerente. Depois dos disparos em Vânia, o homem atirou contra a própria cabeça.
Ivanilda Kanarski, natural de Irati, foi morta a tiros pelo ex-marido em 2018, quando brincava com os dois filhos no Parque Aquático da cidade. Passados dois anos do feminicídio, o autor do crime sequer foi julgado.
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