Seminário de Sigilo Profissional reflete sobre os desafios no trabalho de assistentes sociais

Evento termina em Cuiabá, com reflexões para a categoria

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Auditório esteve lotado no segundo dia do seminário (foto: Diogo Adjuto/CFESS)

O último dia do Seminário Nacional Serviço Social e Sigilo Profissional, em Cuiabá (MT), começou com a mesa-redonda O sigilo na intervenção e no registro profissional. Quem contribuiu com as discussões foi a assistente social e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Cristina Brites, juntamente com a assistente social do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Marinete Moreira.

Brites debateu sobre a emergência do debate do sigilo, no contexto da precarização do trabalho profissional e barbarização da vida social. Com base nas atividades das oficinas simultâneas da tarde de ontem no evento, a professora da UFF refletiu sobre as percepções dos/as assistentes sociais diante das requisições cotidianas do trabalho profissional.

“A nossa discussão sobre a ética profissional leva em consideração as condições objetivas de trabalho. Por isso, é importante assegurar que, no enfrentamento cotidiano, asseguremos que o sigilo profissional não seja reduzido ao modismo conceitual, que ele efetivamente desvele a importância de um debate, cada vez mais necessário e atual, sobre os desafios cotidianos de produzir respostas no sentido da afirmação da conquista e garantia de direitos para a população usuária e para a classe trabalhadora”, avaliou Cristina Brites.

Professora Cristina Brites compôs a mesa da manhã (foto: Diogo Adjuto/CFESS)

De acordo com a professora, é também necessário, para a categoria de assistentes sociais, aprofundar o debate (categoria, docentes, entidades), sobre os desafios da ética profissional e do sigilo como parte da ética. “A construção das respostas profissionais precisam ser matizadas de acordo com as condições objetivas do trabalho profissional. Nessa direção, precisamos fortalecer o Serviço Social no interior das equipes, tendo como objetivo as necessidades apresentadas pelos/as usuários/as, na perspectiva de nossa compreensão critica do acesso e garantia dos direitos”, completou Brites.

Quem contribuiu com o debate, em seguida, foi a assistente social do INSS/RJ, Marinete Moreira, que tratou das questões referentes ao registro no trabalho profissional, abordando o sigilo diante da informatização e padronização das informações e a autonomia profissional e o compromisso ético-político com a ampliação dos direitos da população usuária.

“No meu entendimento, apesar das precárias condições objetivas que se colocam, ainda podemos fazer escolhas. Para isso, é fundamental conhecer a política na qual estamos inseridos/as, os direitos e as formas de acesso para os/as usuários, os objetivos da política, enfim, uma concepção de totalidade do processo”, explicou a assistente social do INSS.

A assistente social do INSS, Marinete Moreira, falou sobre o sigilo profissional na realidade cotidiana de trabalho (foto: Diogo Adjuto/CFESS)

Ela acrescentou ainda que as escolhas, na realidade cotidiana do trabalho profissional, exigem organização coletiva, mas também há as escolhas individuais. “Essas referem-se à forma como vemos o/a usuário/a, à forma como atendemos essa população, à preocupação em não reproduzir os vícios e preconceitos das instituições, à luta contra a burocracia institucional. Reafirmar nossas diretrizes profissionais é condição essencial de existência da nossa profissão. Por isso, discutir sigilo profissional é entender que nosso fazer profissional não é neutro e que a vida tem lado, e nós estamos do lado da classe trabalhadora”, finalizou Marinete Moreira.

Encerramento

A iniciativa de se realizar o seminário foi acertada e bastante elogiada. Esta foi a avaliação da mesa de encerramento do evento.

Para a presidenta do CRESS-MT, Vera Lúcia Honório, o seminário provocou importantes debates, trocas de experiência, reflexões coletivas e individuais sobre o sigilo profissional, que “implica uma relação de profunda confiança e exige aprofundamento e sistematização dos estudos nessa área”.

Segundo ela, o evento deixou explícito que este debate não passa apenas pelas questões e instrumentos técnicos, mas, essencialmente, pelos marcos teóricos da profissão e pelo aparato legal. “Vimos que não se trata de encontrar respostas imediatas. É preciso diálogo, seja nas instituições que trabalhamos, seja no Conjunto CFESS-CRESS, em buscas de respostas que dialoguem com o projeto profissional que defendemos”, concluiu.

A conselheira do CFESS Solange Moreira avaliou como acertada a realização do seminário (foto: Diogo Adjuto/CFESS)

Na avaliação da conselheira do CFESS, Solange Moreira, o seminário cumpre não só as deliberações dos Encontros Nacionais, mas atualiza um debate de extrema relevância para a categoria, que deve estar preparada para o exercício profissional em uma conjuntura político-econômica e social absolutamente desfavorável, com perspectivas de piora. “Este foi o sexto Seminário que realizamos na gestão ‘Tecendo na Luta a Manhã Desejada (2014-2017)’. Temos buscado ampliar estes debates, aproximando-os da categoria, em todo o Brasil. É importante que os CRESS reproduzam estas discussões nos estados. Por isso, como diz nossa campanha, nada a Temer e continuamos na luta!”, completou.

Ao todo, 530 pessoas, entre assistentes sociais, estudantes de Serviço Social e profissionais de outras áreas participaram do evento, que também foi transmitido pela internet e teve quase 1600 visualizações. A filmagem do seminário está disponível no canal do CFESS no youtube (clique para assistir).

Clique aqui e confira como foi o primeiro dia de seminário

Fonte: CFESS

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