[Café com Cultura] CRESS-PR promove debate com militantes da luta feminista

20110316_cafe_com_cultura-029O CRESS-PR, por meio da Comissão de Direitos Humanos, realizou na última quarta-feira (16) a primeira edição do Café com Cultura de 2011. O encontro reuniu militantes feministas para debater os avanços e desafios nesta luta, à luz do projeto ético-político do Serviço Social. Participaram do debate a presidente do CRESS-PR, Jucimeri Isolda Silveira, a vereadora de Curitiba Professora Josete (PT), Alaerte Leandro Martins, coordenadora executiva da Rede de Mulheres Negras do Paraná e Dóris Margareth de Jesus, coordenadora estadual da União Brasileira de Mulheres (UBM).

A vereadora Professora Josete resgatou o histórico da Marcha Mundial de Mulheres, movimento global que articula iniciativas adotadas pelas mulheres em busca de sua autonomia econômica, pelo fim da violência, pela paz e pela desmilitarização, assim como a universalização do bem comum dos serviços públicos: “Temos outra organização familiar, cada vez mais mães, avós e filhas assumem posição de provedoras do lar, por essa razão é preciso superar as desigualdades no campo econômico, como a diferença dos salários entre homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo”, comentou a expositora.

20110316_cafe_com_cultura-018Professora Josete, representante de uma minoria também na Câmara Municipal de Curitiba – que possui cinco vezes mais homens que mulheres, 31 para seis -, pontuou a necessidade de ampliar e promover o acesso delas aos serviços públicos: “Avançamos, mas temos vários desafios para o reconhecimento da mulher como cidadã de direito, por isso, temos de continuar na luta”. Ela destacou que a maternidade e o serviço doméstico devem ser encarados pelo contexto da função social que estas exercem. Este olhar, segundo Josete, deve direcionar a formulação de políticas públicas para o Trabalho, a Educação e a Saúde, prioritariamente.

Reprodução e sexualidade
“A mulher não deixa de ser importante quando ela perde sua função reprodutiva”. A afirmação acima, feita pela coordenadora estadual da União Brasileira de Mulheres (UBM), Dóris Margareth de Jesus, complementou a discussão sobre a função social da maternidade. Ela apresentou dados da realidade brasileira e questionou o papel da mulher nas políticas de distribuição de renda.

20110316_cafe_com_cultura-038Dóris também problematizou a questão da sexualidade da mulher, que vai além da reprodução, no sentido de sua liberdade e autonomia sobre o próprio corpo, enquanto necessidade de liberação da “culpa que historicamente as mulheres carregam”. Ela mencionou ainda a necessidade de aprofundamento do debate sobre o aborto que, nas eleições passadas, tornou-se um tema amplamente debatido, embora destituído de qualidade. “Não se trata de ser a favor ou contra”, comentou, “mas sim de reconhecer que tal prática existe e que precisa ser tratada enquanto uma questão que afeta cotidianamente vida de grande parte das mulheres”.

Saúde da Mulher
“A morte materna é a maior violência contra a mulher”, afirmou a enfermeira Alaerte Leandro Martins, coordenadora executiva da Rede de Mulheres Negras no Paraná. Segundo ela, é preciso promover a atuação articulada dos profissionais que atuam na Saúde para garantir o pré-natal adequado às gestantes, além de ampliar o debate sobre a cultura do parto cirúrgico. “As mulheres estão morrendo durante a cesárea. É um equívoco que se coloca hoje, a gente não consegue mudar a cabeça das pessoas sobre a cesárea”.

20110316_cafe_com_cultura-022Alaertes desafiou a categoria dos/as Assistentes Sociais ao questionar qual tem sido seu papel nos territórios de atuação onde estas mulheres vivem (e morrem), se elas são vistas pelos/as profissionais, se são conhecidas, e recebem o devido acompanhamento. Ela também coloca que a necessidade de ampliação dos quadros feministas, dentro das categorias profissionais que ocupam posição de liderança e que encaminham estes debates, fazendo a diferença, seja como direção nos espaços políticos, seja como trabalhadores/as, apontando isso também como um desafio a ser ultrapassado conjuntamente, com vistas à continuidade desta jornada.

A enfermeira destacou, ainda, o desafio do movimento negro em superar desigualdades dentro da própria luta feminista, além da necessidade da sensibilização e da formação de quadros para a continuidade desta jornada: “Temos que promover este debate em todos os espaços de discussão e participação política, inclusive aqui no CRESS, para sabermos se as próprias assistentes sociais não estão sofrendo estas questões que estão sendo levantadas neste momento”.

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Encaminhamentos


Ao fim do debate, a presidente Jucimeri propôs à vereadora Professora Josete a convocação de uma audiência pública para discutir a estruturação de equipamentos municipais de atendimento às mulheres vítimas de violência: “A violação de direitos em Curitiba é séria. Com a população em situação de rua, com jovens em conflito com a Lei e também com mulheres em situação de violência. Temos que responder a este problema”, aponta Jucimeri.

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