Encontro Estadual Sociojurídico discute o atuação do assistente social paranaense

Mais de cem pessoas, entre estudantes e profissionais de Serviço Social estiveram presentes no Encontro Estadual Sociojurídico, realizado na última sexta-feira (18) no Anfiteatro da Universidade Federal do Paraná. O evento, organizado pela comissão Sociojurídica do Conselho Regional de Serviço Social da 11ª região (CRESS/PR) contou com palestras, mesa de debates e grupos temáticos para tratar da atuação do assistente social nos diversos espaços relacionados à área.

Na abertura do evento, a conselheira presidente do CRESS/PR Jucimeri Silveira falou da importância da discussão já incluída na agenda do conjunto CFESS/CRESS. “Este encontro, proposto pela comissão sociojurídica, é um espaço que valoriza e fortalece a atuação dos Assistentes Sociais na garantia dos direitos, ampliação das políticas públicas e democratização do Estado” afirmou ela.

Professora Eunice Favero (dir) fala aos assistentes sociais paranaenses
Professora Eunice Favero (dir) fala aos assistentes sociais

Ainda pela manhã, a professora da Universidade Cruzeiro do Sul, de São Paulo, Eunice Fávero realizou uma palestra com o tema “Os desafios enfrentados pelo assistente social no campo sociojurídico”, principal abordagem do encontro. Durante sua exposição, Eunice destacou a necessidade de evitar que o assistente social atue como cúmplice num processo conhecido como judicialização da pobreza, onde o cidadão infrator é reconhecido como único culpado pelo desvio de sua conduta sem a compreensão do aparelho social no qual está inserido.

Segundo Eunice, os profissionais não devem perder a capacidade de indignação e intolerância diante de situações de desequilíbrio social. Para ela, o grande papel do assistente social dentro da temática sociojurídica é auxiliar o Estado como detentores de conhecimento. “Precisamos ter a pesquisa como instrumento de luta política, auxiliando na melhor compreensão da sociedade e no desenvolvimento de projetos” afirmou ela.

A professora aproveitou a oportunidade para divulgar o livro “Família de crianças e adolescentes abrigados – quem são, como vivem, o que pensam, o que desejam”. A obra coordenada por Eunice em parceria com a PUC/SP e Universidade Cruzeiro do Sul, fez um diagnóstico das famílias de jovens moradores de abrigos em São Paulo. Veja logo abaixo como adquiri-lo.

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Famílias de crianças e adolescentes abrigados: quem são, como vivem, o que pensam, o que desejam

Organizadores: Eunice Terezinha Fávero, Maria Amélia Vitale e Myriam Veras Baptista

Para adquirir envie um email para [email protected] informando o interesse de utilização, cpf ou   cnpj e a quantidade em múltiplo de 20.  A obra é gratuita, a postagem no entanto deve ser paga pelo destinatário.

Atuação do Assistente Social do Paraná

Dez representantes de entidades relacionadas à prática jurídica, entre eles Ministério Público, Tribunal de Justiça, Defensoria Pública e Sistema Penitenciário participaram de uma mesa de discussões para tratar da atuação do assistente social e de seus parceiros de trabalho dentro da temática sociojurídica no Paraná.

enc_est_sociojuridico_180908_ (42)Através da exposição sobre a sua rotina de trabalho, os profissionais convidados traçaram um panorama sobre a realidade do assistente social paranaense apontando os problemas e avanços no tratamento da questão social. Destaque para a escassez de profissionais de Serviço Social no setor penitenciário e para as parcerias estabelecidas com núcleos de prática jurídica e iniciativas da sociedade civil organizada para promover o acesso da população carente às práticas jurídicas.

Representando os profissionais do Sistema Penitenciário, Mario e Josefa Batista falaram das dificuldades enfrentadas pelos 63 profissionais da área para promover ações efetivas de ressocialização dos internos no sistema aberto e fechado. Segundo eles, são mais de 14 mil internos a serem atendidos pelo quadro reduzido de profissionais de Serviço Social.

Em melhor situação de trabalho, os assistentes sociais da Defensoria Pública, MP, Conselhos Tutelares e TJ destacaram a atuação das instituições nos programas baseados no modelo de justiça restaurativa que inclui a promoção da cidadania, e principalmente, a mediação de conflitos, em parceria com a comunidade, núcleos de práticas jurídicas e sociedade civil organizada.

A experiência do Instituto Desembargador Alceu Conceição Machado (IDAM) foi apresentada por Daniela Marchi que falou sobre o projeto justiça comunitária, realizado com a comunidade curitibana do Sítio Cercado, na promoção dos direitos e capacitação de agentes comunitários de justiça. “Nesse projeto, a ação dos assistentes sociais é fundamental para fomentar as discussões e compreender as problemáticas”, afirmou.

Para aprofundar os debates, o encontro estadual sociojurídico contou ainda com grupos temáticos relacionadas a atividade de cada um dos participantes da mesa de debates e ainda apresentou recomendações para a encontro nacional sociojurídico que acontecerá em Cuiabá, Mato Grosso, nos dias 29 e 30 de outubro de 2009.