Por Andréia Pereira Duarte Trevisan
O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 05 de junho, é um momento importante para se alinhar aos princípios da Carta da Terra, documento que representa um marco ético para ações de construção de uma sociedade global mais justa, sustentável e pacífica no século XXI.
O documento foi idealizado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas em 1987 e define os princípios promovem a sustentabilidade, a justiça e o respeito pela natureza.
Nesta data, somos lembrados da urgência em proteger e preservar nosso planeta, em conformidade com os valores defendidos pela Carta da Terra, destacando a necessidade de sensibilizar a população e governantes sobre questões ambientais, como a mudança climática, a perda de biodiversidade, a poluição e o esgotamento dos recursos naturais.
Os princípios da Carta da Terra desempenham um papel fundamental na conscientização da população no Dia Mundial do Meio Ambiente, e podem inspirar ações coletivas em prol da sustentabilidade. Segundo Leonardo BOFF (2014), ao enfatizar a interconexão entre todas as formas de vida e o ambiente compartilhado, reafirma nosso papel como guardiões da Terra, incentivando a adoção de práticas que respeitem e protejam a natureza para o benefício das gerações atuais e futuras.
Conheça mais sobre a história da Carta da Terra em https://cartadaterrainternacional.org/sobre-nos/historia/?doing_wp_cron=1687790599.8886458873748779296875
O papel do Serviço Social diante das mudanças climáticas
As mudanças climáticas aumentam a frequência e intensidade de eventos extremos como tempestades, secas, ondas de calor e inundações. No Rio Grande do Sul, as inundações, agravadas por desmatamento, urbanização desordenada e mudanças nos padrões de chuva, impactam diretamente as populações carentes em áreas de risco e sem infraestrutura adequada, causando perdas materiais, desabrigo, risco de vida e problemas de saúde devido à contaminação da água e propagação de doenças.
Diante disso, torna-se imperativo adotar medidas de enfrentamento e mitigação, bem como políticas sociais e econômicas que protejam e amparem principalmente as comunidades mais suscetíveis aos efeitos das mudanças climáticas.
O trabalho das e dos assistentes sociais assume um papel na promoção da sustentabilidade e na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas por meio de diversas estratégias. Como sujeitos participantes da transformação social, temos uma capacidade singular de engajar e capacitar comunidades, bem como de contribuir para mudanças nas políticas e práticas em prol de um ambiente mais saudável e seguro.
Ao sensibilizar as comunidades sobre questões ambientais e climáticas, podemos fomentar a consciência ambiental e promover ações individuais e coletivas voltadas para a sustentabilidade. Podemos fornecer informações práticas sobre a redução do impacto ambiental, a promoção da reciclagem, a adoção de práticas de consumo consciente e a preparação para eventos climáticos extremos.
Além disso, as e os assistentes sociais podem defender políticas públicas que fomentem a justiça climática, a preservação do meio ambiente e a equidade social, contribuindo para a edificação de sociedades mais sustentáveis e inclusivas.
Justiça climática e social
Pensar na justiça climática exige considerar não apenas a questão ambiental, mas também a justiça social, incluindo a necessidade de políticas públicas específicas para grupos vulneráveis no contexto das mudanças climáticas e da sustentabilidade ambiental.
É urgente conscientizar sobre a participação e os direitos das comunidades vulneráveis, investir em educação ambiental e adotar políticas específicas que incluam adaptação climática, acesso a serviços essenciais, inclusão social, geração de empregos sustentáveis e garantia de direitos humanos. Essas medidas são essenciais para fortalecer a resiliência desses grupos.
Neste contexto temos os desafios enfrentados pelas e pelos assistentes sociais, como a escassez de recursos, complexidade e interdisciplinaridade das questões ambientais, diversidade de interesses e perspectivas, urgência das mudanças climáticas e necessidade de ações rápidas e efetivas.
Por fim, ressalta-se a importância de integrar questões ambientais ao trabalho social, pois isso promove sustentabilidade, melhora a qualidade de vida das comunidades, estimula hábitos mais sustentáveis, fortalece a participação cidadã e mobiliza a comunidade em torno de temas ambientais, contribuindo para sociedades mais justas, sustentáveis e democráticas.
Atuação profissional: demandas ambientais e sociais X interesses organizacionais
Um dos maiores desafios enfrentados pelas e pelos assistentes sociais é empregar estratégias que consideram a intermediação dos valores do Serviço Social com as metas organizacionais de sustentabilidade econômica, navegando por dilemas éticos com sensibilidade.
Nesse sentido, é necessário se posicionar pela defesa dos direitos humanos e da justiça social perante às lideranças das organizações, buscando sensibilizá-los para promover mudanças de mentalidade, promovendo políticas inclusivas e programas de diversidade, aproveitando sinergias e ampliando o impacto das ações.
Ao adotar essas estratégias, as e os assistentes sociais podem enfrentar de forma mais eficaz os desafios decorrentes das demandas da sustentabilidade ambiental em detrimento dos direitos humanos e da justiça social, contribuindo para uma atuação mais ética, engajada e inclusiva dentro das organizações.
Fontes
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela terra. Petrópolis:
Vozes, 2014.
FERREIRA, Leila da Costa. A questão ambiental: sustentabilidade e políticas públicasno Brasil. São Paulo: Boitempo, 2003.
JUNGES, J. R. Ética ambiental. São Leopoldo: Editora da Unisinos, 2004.
PELIZZOLI, M. L. Ética e meio ambiente: para uma sociedade sustentável. Rio de
Janeiro: Vozes, 2013.
SEN, Amartya. A ideia de justiça. Lisboa: Almedina Brasil, 2010