Seccional Londrina 35 anos: um histórico de avanços e lutas

A Seccional Londrina do CRESS-PR completa 35 anos neste mês de dezembro de 2019. A sua implantação ocorreu em decorrência do fortalecimento das/os próprias/os Assistentes Sociais da região. Para isso, anteriormente houve a criação do curso de Serviço Social na Universidade Estadual de Londrina (UEL), em 1972. As primeiras turmas durante a década de 1970 e as/os estudantes do curso tiveram forte participação dentro do centro acadêmico, com participação no movimento estudantil por meio do Centro Acadêmico de Serviço Social (CASS).

Mais tarde, no ano de 1977, em nível estadual, profissionais participaram da fundação da Associação Profissional dos Assistentes Sociais do Paraná e, em 1979, em Londrina, profissionais fundaram a Associação Profissional dos Assistentes Sociais de Londrina (APAS). A princípio, as/os profissionais da APAS e as/os docentes de Serviço Social da UEL tiveram importante participação na implantação e gestão da Seccional Londrina do CRESS-PR, compondo as diretorias iniciais e outras posteriores.

Uma carta da época, assinada pela Associação Profissional dos Assistentes Sociais de Londrina e lançada na época, retrata a importância das/os Assistentes Sociais em relação às propostas de resgate do “setor social, trazendo a todos expectativas de melhoria das condições de vida social no País”, conforme diz o texto do documento. Confira em anexo, a íntegra da carta.

Para comentar sobre esse processo histórico da profissão e da implantação da Seccional Londrina, o CRESS-PR conversou com duas Assistentes Sociais da região, Rosa Yoko Okabayashi e Rosângela Andrean.

 

Fatos anteriores

No início da década de 1980, o então Conselho Federal de Assistência Social, por meio da Resolução 137/18/10/1980, definiu a criação do CRAS 11ª Região (atual CRESS/PR), com sede em Curitiba. Com isso, o Paraná se desmembrava da administração do antigo CRAS 10ª Região, que tinha como sede a cidade de Porto Alegre (RS).

Já em 1983, o CRAS 11ª definiu como estratégia de aproximação com a categoria profissional, a criação da Delegacia Seccional de Londrina, por ser a cidade com o maior número de profissionais no interior do Estado.

Segundo a Assistente Social Rosa Yoko Okabayashi, Tesoureira da primeira gestão, a Delegacia foi instalada no ano de 1984 com uma gestão provisória: “a proposta era que a diretoria ficasse três meses. Aproximadamente 90 dias depois, foi realizada uma nova eleição. Na chapa, permaneceram três Assistentes Sociais da diretoria provisória, que foram reconduzidas para assumirem a diretoria efetiva e, seguindo a orientação do CRAS 11ª, houve ainda a inclusão de outras pessoas que representassem não somente a cidade de Londrina, mas a região norte paranaense. Assim, foram incluídas para a nova gestão profissionais das cidades de Cornélio Procópio e Maringá”, explica.

Primeiros anos

Como membro da diretoria provisória e da primeira diretoria da recém instalada Delegacia de Londrina, Rosa comenta sobre os momentos de dificuldades enfrentados pela equipe nos primeiros anos. “Os primeiros anos foram muito difíceis, sem secretária (o), sem telefone, com poucos recursos e nós, da diretoria, fazíamos escalas de plantão para atender principalmente os recém-formados, que precisavam da habilitação junto ao Conselho para iniciarem em algum emprego. Na época, a maioria que se formava, já conseguia emprego, daí a urgência em se inscrever junto ao órgão representativo”.

Outra dificuldade relatada pela Assistente Social foi em relação à manutenção de recursos. “O aluguel era pago pelo antigo CRAS e as demais despesas, como condomínio, água e energia elétrica, deveriam ser divididas entre a Delegacia e a APAS, que também utilizava a sala para as reuniões de sua diretoria. E a Delegacia receberia, segundo o acordado com o CRAS, 20 % dos pagamentos das anuidades dos Assistentes Sociais de sua área de abrangência. Contudo, isso não acontecia. Muitas despesas foram pagas pela APAS ou pelos membros da diretoria da Seccional. Alguns membros da diretoria da Seccional também faziam parte da APAS. Ou seja, direta ou indiretamente, subsidiavam financeiramente a manutenção da Seccional”.

Rosa ainda comenta um fato que aconteceu apenas dois anos depois da criação da então, Delegacia. “No final de 86, o proprietário da sala, pediu-a de volta. Procuramos outra no mesmo condomínio e não achamos alguma disponível para locação. O CRAS de Curitiba dizia que não poderia pagar um aluguel mais caro que o da sala a ser desocupada: deveria ser igual ou inferior. Somente 6 meses depois conseguimos outra sala, situada à Av. Duque de Caxias, mas igualmente em condições precárias, com poucos móveis, ainda sem telefone e sem secretária”, conta.

Avanços

Na opinião da Assistente Social Rosângela Andrean, “em uma síntese, Londrina tem uma história de atuação da categoria profissional desde 1960, lutando de forma crítica para construir e consolidar a profissão em sua forma de organização”. Sobre os avanços e dificuldades enfrentadas, Rosângela acrescenta diversas coordenações ajudaram nesse processo de lita pela implementação e reconhecimento da Seccional.

Ela cita alguns momentos importantes nesse processo: “o momento de manutenção demandou muitas articulações com a gestão estadual, para conseguirmos equipamentos necessários, bem como trabalhadores. Ainda passamos pelo momento em que chegou a informação de que a Seccional iria fechar, mas as/os profissionais se organizaram para a sua manutenção”. Na década de 1990, a conquista de Agente Fiscal para a Seccional foi igualmente importante, afirma Rosângela.

A compra da primeira sala da Seccional ocorreu somente em 1996 (até então, as sedes eram alugadas). Segundo Rosângela, ainda é possível destacar a adequação do horário de atendimento da Seccional a partir de 2014, que passou a ser alinhado ao funcionamento e disponibilidade de serviços da Sede em Curitiba. Outro grande avanço, segundo Rosângela, foi o fato de a Seccional passar a ter duas agentes fiscais naquele momento. “Certamente, avançamos na manutenção e constituição da direção política da profissão e qualificação do trabalho realizado enquanto Conselho”.

 

Projeções futuras

Na opinião de Rosângela, para o futuro a Seccional de Londrina deve fortalecer a organização política, por meio de diversas ações profissionais, que deve envolver profissionais de diversos espaços sociocoupacionais, bem como docentes e dissentes de universidades da região. “Precisamos construir coletivamente, juntamente com os diversos movimentos sociais estratégias de fortalecimento, da defesa e da garantia de direitos da população, tendo em vista que somos uma categoria forjada na luta e nos movimentos sociais junto à classe trabalhadora”.