Comunicação em debate pelo Conjunto CFESS-CRESS

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O Conjunto CFESS-CRESS realizou seu 4º Seminário Nacional de Comunicação nos dias 3 e 4 de setembro, reunindo assessores e representantes das comissões de comunicação dos diversos Conselhos Regionais e do Conselho Federal.

O tema “Serviço Social, Democratização e Direito à Comunicação” direcionou um importante debate no qual o conjunto está inserido. Entre os principais destaques do Seminário esteve o reforço de que a comunicação tem papel estratégico na construção do poder popular. Entender a comunicação como Direito Humano é uma forma de fortalecer o projeto ético politico do Serviço Social.

A abertura foi realizada pelo conselheiro Felipe Moreira, do CRESS-RJ (anfitrião do encontro) e pela vice presidente do CFESS, Esther Lemos. “A comunicação é prioritária e estratégica para divulgar as ações do Conselho e também para o diálogo da categoria com a sociedade. Nosso conjunto enfrenta o desafio de remar contra a corrente e isso inclui a luta contra uma mídia conservadora”, comentou Esther.

1ª Mesa de debate: Comunicação e Ideologia na América Latina

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A jornalista Iara Moura, do coletivo Intervozes, iniciou a apresentação pela contextualização
de que na América latina, mesmo ainda havendo altos índices de pobreza, a indústria da mídia tem aumentado cada vez mais suas receitas. Com este paradoxo passou a comentar sobre como se formaram os oligopólios da comunicação na América Latina e mais detalhadamente, no Brasil. “Em determinado momento de nossa história as concessões públicas foram distribuídas como moeda política, marcando o que chamamos de coronelismo eletrônico”. Para Iara, é fundamental o entendimento do Direito à Comunicação seguindo conceitos de Paulo Freire, quebrando a barreira do emissor e receptor e proporcionado assim que ao comunicar nos tornemos sujeitos.

A fala do pesquisador em Comunicação Rodrigo Murtinho, da Fiocruz, apontou aos presentes um panorama de hegemonia dos meios de comunicação, mostrando que a mídia é um dos aparelhos privados responsáveis por disseminar as ideologias. “O poder das empresas de mídia cria uma dificuldade da sociedade civil se expressar. Assim ao invés da sociedade civil, é a midia que passa a pautar o debate público”. Apresentou dados de pesquisa da fundação Abramo em que se evidencia que a mídia é vista pela população como uma entidade privada, que defende seus próprios interesses ou de grupos que lhe convém. Isso vai contra a lógica de que a mídia deveria atender ao interesse coletivo. Ainda ressaltou que há um deficit enorme de discutir a comunicação pública no Brasil, sendo este debate muito recente em nossa história. Porém celebra que o debate vem ganhando algum espaço de debate público. “É muito bom ver que o serviço social reconhece esta luta”.

A conselheira Daniela Neves, coordenadora da comissão de comunicação do CFESS, integrou a fala sobre a luta pelo Direito à Comunicação ao envolvimento do Conjunto. Lembrou que existe um engajamento do CFESS-CRESS no movimento nacional de luta pela democratização da comunicação. “Estamos desenvolvendo estratégias como campanhas e veiculação de notícias e diálogo com a sociedade, nossos conselheiros estão se apropriando do debate e trazendo em suas falas”. Pontou que a defesa do Serviço Social deve ser da comunicação como um bem coletivo, reconhecida como Direito Humano e como espaço de deúncia às violações dos direitos humanos, que venha a fortalecer os movimentos sociais e a classe trabalhadora.

Panorama da comunicação no Conjunto CFESS-CRESS

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O segundo momento do Seminário foi a apresentação do retorno de uma pesquisa sobre a estrutura da comunicação nos CRESS. A pesquisa englobou dados sobre os recursos humanos envolvidos nos setores de comunicação dos Conselhos, a frequencia de atualização aos sites, o levantamento de quais ferramentas de comunicação são utilizadas, entre outras. Pela Região Sul o conselheiro presidente da comissão de comunicação do CRESS/PR, Uilson Gonçalves de Araújo, apresentou os resultados desta pesquisa nos três estados.

Na sequencia os participantes tiveram acesso aos resultados do Grupo de Trabalho de Revisão da Política de Comunicação do Conjunto, composto por representantes de todas regiões do país. Os assessores de Comunicação do CFESS, Rafael Wekerma e Diogo Adjuto destacaram alguns pontos nova edição da Política de Comunicação: “Esta edição é marcada pela inserção da defesa da democratização da comunicação, dando visibilidade à profissão de assistente social, em sintonia com a radicalidade e os princípios do serviço social”. A versão impressa deve ser lançada ao final de setembro

O primeiro dia do Seminário encerrou com um parecer do assessor político do CRESS-RJ, Jefferson Lee de Suza Ruiz e da assistente social Doutoranda em Comunicação, Kênia Figueiredo. Para eles, há indiscutivelmente um avanço no entendimento da importância da comunicação ao Serviço Social. “Hoje temos mais de cem pessoas neste debate que começou muito menor. Avançamos nos antigos debates”.

Workshop de capacitação das assessorias e comissões de comunicação

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O segundo dia do seminário foi reservado para uma oficina sobre ‘Como Comunicar nos Conselhos” com Ana Lucia Vaz, jornalista e professora na UFRJ. Em sua fala ela trouxe exemplos de como é importante simplificar processos e saber para quem estamos comunicando. “Os movimentos da esquerda apresentam uma contradição ao usar termos técnicos e palavras difíceis, principalmente porque o desafio é falar do povo, para o povo”.

Fez uma breve contextualização sobre o papel do/a assessor de comunicação, sobre estratégias e ferramentas para comunicar, proporcionando assim que os participantes debatessem junto com ela os diversos aspectos que podem ser qualificados e planejados nas comissões de comunicação dos Conselhos de Serviço Social.

A delegação do Paraná esteve representada pelo conselheiro Uilson Gonçalves de Araújo, pela conselheira Clarice Metzner e o Assessor de Comunicação Téo Travagin (Sintática Comunicação).

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