Assassinatos no campo aumentaram 75% no último ano

Neste domingo, 17 de abril, o mundo celebra o Dia Internacional da Luta Camponesa. No Brasil, a data é conhecida como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. A despeito da homenagem a todos aqueles que lutaram pelo direito à terra, números da Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que o Brasil não tem muito o que comemorar. No último ano, os assassinatos no campo aumentaram 75% entre 2020 e 2021.

Estes são apenas alguns dados preliminares da 36ª edição do relatório “Conflitos no Campo Brasil”, que terá a íntegra divulgada na segunda-feira (18), e reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro. O documento traz ainda uma análise sobre outras violências do campo, como o trabalho escravo, por exemplo, que dobrou no último ano, em comparação com 2020.

A Assistente Social do Paraná, Margarete Alcino, afirma que o cenário que a CPT traça no relatório reforça que a luta pela reforma agrária precisa ser cotidiana. E mais do que integrar o projeto ético e político da profissão, deve fazer parte do dia a dia dos profissionais. Margarete é filha de assentados da reforma agrária, e teve um trabalho de conclusão de curso relacionado às políticas públicas para o campo.

“Nós, enquanto Assistentes Sociais, acreditamos em uma nova ordem societária de justiça social. E nisso tudo entra a luta pela terra, o direito pela terra, produzir nossa comida, o direito de morar tanto no campo quanto na cidade”, afirma.

Neste sentido, ela enfatiza a última atualização do CFES MANIFESTA ー ainda que de 2012 ー que relaciona a Lei de Terras com o projeto político e ideológico das (dos) Assistentes Sociais do Brasil.

Na publicação, o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) manifesta apoio ao movimento de reforma agrária no Brasil e à luta dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais. O CFESS entende que a defesa dos direitos humanos, da equidade e da justiça social passa necessariamente pelo acesso à terra.

“Por isso, a luta pela reforma agrária é constante. A lei de terras é muito antiga, vigente à mais de 170 anos favorece a apropriação de terras por grandes proprietários e latifúndios. Então, tudo isso justifica o posicionamento político da categoria profissional do CFESS e do CRESS-PR em prol às luta pelo direito e acesso a terra, pela reforma agrária popular, e a visibilidade do trabalho dos agricultores e agricultoras familiares”, pontuou.

Curso

Nesta quarta-feira (13), profissionais e estudantes da área de Serviço Social debateram o direito à moradia e políticas de habitação, tanto no campo quanto na cidade. O debate fez parte da programação do curso Questão Urbana e Serviço Social, organizado pelo CRESS-PR em parceria com a UFPR (Universidade Federal do Paraná).

Na oportunidade, os assistentes sociais falaram sobre a importância das políticas públicas e do acesso à moradia no processo de diminuição do êxodo rural.

De acordo com Elaine Rosa (MST), os movimentos tem força coletiva e protagonismo social. Por isso, é importante o acesso à informação de qualidade sobre os programas e políticas públicas de habitação.

“Temos que aproveitar esses espaços públicos e trazer essas reflexões, mesmo que sejam temas complexos, dentro do cotidiano da nossa cidade, seja em nosso bairro, em nossa cidade ou no nosso país”, concluiu.