Assistentes Sociais têm papel fundamental no acolhimento e na garantia de direitos de pessoas vivendo com HIV/Aids

Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 900 mil brasileiros (as) vivem com HIV/Aids. Mesmo depois de anos de estudos e avanços científicos, que contribuem para uma melhor qualidade de vida dessas pessoas, a doença ainda é estigmatizada por grande parte da população, inclusive familiares. Neste 01/12, Dia Internacional de Luta contra o HIV/Aids, o CRESS-PR, sabendo que o preconceito e senso comum sobre a doença ainda são enormes, enfatiza que as (os) Assistentes Sociais exercem um papel fundamental no acolhimento desses pacientes e na luta pela garantia de seus direitos.

Segundo Silas da Silva Moreira, Assistente Social do Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba, explica que o trabalho de Assistente Social é feito em conjunto com uma equipe multiprofissional, e mesmo que de uns tempos para cá, as pessoas com HIV/Aids ainda são discriminadas. “Embora seja uma doença como outra qualquer, as consequências são muito mais danosas. As pessoas vivendo com HIV/Ainds têm que conviver com a discriminação, preconceito, os efeitos da doença. Alguém com diabetes não sofre nenhuma discriminação por conta disso, já o soro positivo sim; não podendo muitas vezes nem contar para a própria família, tendo que tomar remédio escondido. Com todo conhecimento que existe sobre a doença, ainda sim o preconceito é muito grande”.

Segundo o novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), lançado às vésperas do Dia Mundial de Luta contra o HIV/Aids, ao menos 7,7 milhões de mortes evitáveis irão ocorrer nos próximos 10 anos se não houver diminuição de desigualdades sociais. Em 2020, foram registradas 1,5 milhão de novas infecções por HIV/Aids.

Embora a transmissão do vírus entre pessoas do mesmo sexo ainda seja muito grande, Silas explica que hoje em dia disseminou para todo mundo e que a população mais empobrecida, por ter menos conhecimento e acesso às políticas públicas, sofre mais com as consequências. “Ficam desempregados mais facilmente, não tem suporte familiar. Tudo isso interfere muito no tratamento. Às vezes a pessoa fica doente e não tem direito ao auxílio-doença, tendo que trabalhar doente por não ter como sobreviver, nesse sentido tem uma diferença muito grande a classe social a qual a pessoa pertence”.

Tratamento

O tratamento contra à doença também evoluiu bastante. Silas explica que as pessoas vivendo com HIV/Aids chegavam a tomar até 30 comprimidos por dia; hoje, tomam apenas um que, além de ser distribuído gratuitamente pelo SUS, possui a mesma eficácia e efeitos colaterais menores. “Quem faz o tratamento direitinho, toma o medicamento na hora certa, tem uma vida quase normal”, garante.

Mas é comum os pacientes deixarem de tomar o medicamento. Silas explica que isso acontece porque, às vezes, por estar com carga viral indetectável, o paciente acha que pode parar o tratamento. “Mas a pessoa está bem porque está tomando o medicamento, no momento que para de tomar ela fica suscetível a doenças oportunistas. O trabalho do Serviço Social também é nesse sentido, de orientação e conscientização para que as (os) pacientes não abandonem o tratamento. Não deixar de tomar o medicamento por conta é determinante na garantia da saúde”.

Pandemia

Em meio à pandemia, essas (es) (as) pacientes foram muito afetados, muitas (os) deixando de realizar o tratamento por conta do atendimento voltado exclusivamente à recuperação de pacientes com Covid-19 por um ano. Nesse tempo, muita gente não teve acesso às consultas. Segundo Silas, isso mudou muito a rotina hospitalar. “Muitas vezes o usuário tinha consulta agendada e tinha medo de ir ao atendimento. Depois desse um ano com atendimento restrito, o atendimento regular voltou a ser realizado, mas muita gente não retornou e até hoje há uma demanda reprimida grande de pessoas, onde atuamos fazendo busca ativa para tentar resgatar, para que retomem o tratamento”.

Silas explica também que no ambulatório do HC, a equipe tem atuado no acolhimento dos pacientes para atender encaminhamentos, orientar sobre seus direitos e quais benefícios podem acessar, em especial na parte de direito previdenciário. “Temos trabalhado também para que essas (es) pacientes não percam a condição de segurados do INSS, da Previdência, para que, em caso de impossibilidade de trabalhar, tenham o direito ao auxílio-doença e aposentadoria. Além de lutar para garantir o acesso da família aos benefícios das pessoas que venham a óbito em decorrência da doença”, conta.

Grupo de adesão do HC

Nas décadas de 1980 e 1990, surgiram muitas informações falsas que contribuíram para o aumento do preconceito contra às pessoas vivendo com HIV/Aids. Uma reportagem publicada no Jornal Plural conta que os pacientes eram abandonados à própria sorte. “No início, para entrar em uma ala de pacientes internados em decorrência da doença, era necessário estar todo paramentado para evitar contaminação. Hoje não é mais assim”, conta Silas.

Em janeiro de 2000, foi criado no HC, por Silas e uma colega enfermeira, Maria Alba de Oliveira Silva, um Grupo de Adesão, cujo papel até hoje é oportunizar convivência entre os próprios pacientes. “O profissional de saúde falar com o paciente que acabou de receber o diagnóstico é uma coisa. No Grupo de Adesão, esse paciente tem contato com outros que já tratam a doença há tempos, que passaram pela mesma situação e que agora estão em uma situação mais confortável. O paciente que está chegando aceita melhor porque se vê em um espelho, pois passa a convier com quem vive a mesma situação”.

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