Dia da (do) Assistente Social: Segundo dia do evento reafirmou o compromisso de Assistentes Sociais com povos originários e comunidades tradicionais

O CRESS-PR realizou nessa terça-feira (18) o segundo dia do evento alusivo ao Dia da e do Assistente Social, que seguiu a temática do Conjunto CFESS/CRESS, cujo tema é “Trabalho pela vida e resistência dos povos originários e comunidades tradicionais”. A live, passou de 142 pessoas simultâneas ao vivo e já conta com mais de 500 visualizações de assistentes sociais de todo o Paraná e até mesmo de outras regiões do Brasil. Confira aqui como foi o segundo dia.

O encontro teve a mediação da assistente social e conselheira do CRESS-PR, Cristiane Gonçalves e iniciou com a performance artística e cultural da Djankaw Matheus Marques, da Comunidade Quilombola paiol de Telha. Ela é travesti preta, ativista performática e feminista, estudante de Serviço social da UNICESUMAR e de Pedagogia do campo na UNICENTRO, além de coordenar o Coletivo BAJUBÁ LGBT e Coletivo Cultural e Artístico Paiol das  Artes.

A mesa de abertura foi composta pelas Coordenadoras Edyane de Lima, representando a Seccional de Cascavel, e Liana Lopes, representando a Seccional de Londrina, que trouxeram a representatividade junto aos NUCRESS de suas bases e uma fala expressiva em defesa do Projeto Ético Político Profissional.

Ao vivo, para tratar da temática central coube a participação de Gilza Ferreira, indígena Kaigang da Terra São Jerônimo, em São Jerônimo da Serra, que é Assistente Social e mestranda na mesma área pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Gilza contou que a sua ida à universidade se deu por conta de uma politica de estudantes indígenas para ingresso nas universidades estaduais que já dura 20 anos, mas que ainda precisa ser expandido. Ao todo, são sete assistentes sociais indígenas no estado. “Nossa chegada nas universidades ainda é muito recente e é muito importante para o avanço de uma política de Assistência Social voltada para as (os) povos indígenas. Me reconheço nas situações de falta de políticas públicas para essas comunidades e buscamos desafiar aquilo que foi imposto para a população indígena. Temos o desafio de construir novas políticas e avançar na preservação e valorização da nossa cultura. Passamos por muitas dificuldades por conta da falta dessas políticas e o desafio é discutir como podemos trazer melhorias enquanto profissional”, explica ela.

Na sequência foi a vez do Assistente Social e professor da Universidade Estadual de Londrina, Wagner Roberto do Amaral, que lamentou as mais de 435 mil pessoas mortas pelo coronavírus, incluindo 1,4 mil indígenas, 300 quilombolas e 130 assistentes sociais. Wagner explicou que as (os) assistentes sociais devem reconhecer os povos e comunidades tradicionais para além dos conceitos de homogeinização impostos pelo sistema capitalista e colonizador e que modifica a ideia de “pessoa”.

“A branquitude propagada pelo sistema insiste em desqualificar, silenciar e domesticar a classe trabalhadora. É uma estratégia política e histórica que buscam tornar todos aqueles que não estão dentro de um padrão como subalternos e excluídos da sociedade. A escola é um aparelho ideológico nesse sentido, que nos ensina a partir do ponto de vista do colonizador, enxergando as questões de cor, de gênero, do local onde se vive. É importante entendermos a importância da diversidade e enxergar o ponto de vista do colonizado, que resiste. E nós, como assistentes sociais, estamos inseridos nesse contexto como classe trabalhadora”, ressalta.

Wagner explica como importantes símbolos dessas comunidades foram banalizados ou silenciados e que o sistema capitalista ainda busca destruir importantes elementos dessa cultura, incluindo a própria natureza. O professor ressaltou a diversidade da cultura indígena brasileira com mais de 900 mil indígenas, divididos em 305 povos que falam 274 línguas. Apenas no Paraná são 17 terras demarcadas. Além disso, também há milhares de comunidades de terreiros e 86 comunidades quilombolas. Apesar disso, são comunidades invisibilizadas pelo conceito de branqueamento e que precisam do suporte de assistentes sociais. “Precisamos entender a dimensão política e comunitária dos povos originários e entender as suas necessidades. Precisamos de um documento inspirador com as demandas e expectativas em relação a nossa categoria, precisamos trabalhar as questões das comunidades tradicionais nas instituições de ensino e assumir esse compromisso político para o futuro. Precisamos ter esperança mas uma esperança de forma crítica e que respeita os povos e comunidades tradicionais”, reitera.

Ao longo do evento também foram exibidos vídeos de lideranças e representantes de comunidades tradicionais, com Dimas e José Gusso, representando os povos faxinalenses, Alcione Ferreira, representando os quilombolas, Rodrigo Luis, pelos indígenas Avá-Guarani, e Misael Nobre, pelos povos ilhéus. Estas exibições trouxeram o sentido de dar visibilidade e voz às comunidades que, em sua grande maioria, o acesso à tecnologia ainda é um desafio.

O evento foi finalizado com uma fala de compromisso, representação e agradecimento pelo Assistente Social e conselheiro Marcelo Nascimento de Oliveira, em nome da Gestão Unidade na Resistência, Ousadia na Luta!