1º de maio: Dia de Luta da Classe Trabalhadora

No dia 1º de maio de 1886, mais de 80 mil trabalhadores da cidade de Chicago, nos Estados Unidos, iniciaram uma greve geral que permaneceu até o dia 4 daquele mês, como forma de protestar contra as péssimas condições de trabalha e a jornada de trabalho forçada de 18 horas diárias nas grandes fábricas da época. O movimento ganhou repercussão nacional e, em todo o país, mais de 500 mil trabalhadores participaram. Como de costume, as manifestações foram duramente reprimidas e além dos feridos e mortos, também houve oito prisões. O feito ficou marcado para a história e, durante a Segunda Internacional dos Trabalhadores em Paris em 1889, os congressistas reconheceram as reivindicações e registraram o dia 1º de maio como o Dia do Trabalhador. No Brasil, a data foi registrada como feriado em 1925. O 1º de maio também é lembrado em diversos países do mundo.

Mas ainda que muitos países tivessem avançado na concessão de direitos às (aos) trabalhadoras (es), o que se pode observar claramente é que, de diferentes maneiras, esses direitos são constantemente violados e a força de trabalho atua para a sua própria subsistência. A luta de milhares de trabalhadoras (es) segue intensa. Por isso, o Dia do Trabalho deve ser lembrado como o Dia de Luta da Classe Trabalhadora.

“O que celebramos nessa data é a memória histórica da resistência da classe trabalhadora. Não é um dia de memória para sentir-se trabalhador, mas sim, um dia de memória para criarmos a consciência de classe que somente a luta e, esta manifestação expressa a resistência, que é possível criarmos um mundo. Temos que, na condição de trabalhadores, compreender a necessidade histórica de materializarmos o projeto de classe que somente os trabalhadores podem transformar o existente decadente, bárbaro, em um novo existente”, afirma o assistente social e professor Doutor Alfredo Batista, da Unioeste, em Toledo, no oeste do Paraná.

Alfredo lembra de todo o processo histórico que, a partir do momento em que o ser humano passou a deixar de produzir para a própria subsistência se criou a divisão do trabalho e a propriedade de terra que foi a responsável por criar as primeiras classes sociais e a existência de uma sociedade escravocrata. Nesse modelo, os trabalhadores apenas produziam para outro (o senhor). Com a mudança para a sociedade feudal, o modelo de produção se manteve. Com a existência da Revolução Francesa e o início do capitalismo moderno, passou a existir uma suposta liberdade para fazer contratos individuais de venda e compra da força de trabalho, a possibilidade de se apropriar de bens materiais e de ser proprietário privado, além do espírito de fraternidade e dos direitos sociais. Mas na prática, o que se viu foi um cenário diferente e uma sociedade contraditória, com a presença de uma desigualdade social, fome, pobreza e a violação de direitos. “Mais uma vez, porém agora com maior grau de sofisticação, a história registra em seus anais uma minoria (classe burguesa industrial) detentora dos meios fundamentais privados de produção, bem como, do lucro advindo de toda a produção e, uma maioria (classe trabalhadora) proprietária unicamente da sua força de trabalho”, explica, ressaltando que isso levou ao momento das manifestações que se expandiram para todo o mundo.

No Brasil, a Revolução Industrial foi sucedida da presença de uma sociedade escravocrata até a abolição da escravatura em 1988. Mas na prática, as violações de direitos seguem acontecendo por aqueles que são detentores do poder e do capital até hoje, em que muitas (os) trabalhadoras (es) ainda trabalham em condições análogas à escravidão. Em que o trabalho representa apenas a própria subsistência da família. Da mesma forma, como no início do capitalismo moderno, a força de trabalho produz para que poucos possam usufruir dessa produção. E a violação de direitos ainda é crescente e se tornou ainda mais escancarada com a pandemia do novo coronavírus.

“Em tempos de pandemia é possível vivenciar a necessidade permanente de garantirmos direitos burgueses mínimos, pois somos atingidos por uma avalanche de trabalhadores desempregados, subempregados e esfarrapados. Remos que, mesmo sabendo dos limites que são postos pelo projeto societário burguês e o Estado que o serve, criarmos permanentemente condições para ampliarmos o que já conquistamos e criarmos que permitam tornar-nos mais humanos e menos animal. Nossas vidas precisam ampliar o sentido de vida humana”, destaca o professor.

Alfredo ressalta que as (os) assistentes sociais também pertencem à classe trabalhadora e que convivem com outras (os) profissionais que se encontram na mesma condição de classe, se inserindo na mesma esfera social. “Esse movimentar-se diário da profissão Serviço Social e de áreas afins, permite que na esfera das contradições, presentes em nossos espaços de trabalho, inserirmos de forma técnica/científica, conteúdos que permitam responder/encaminhar às necessidades dos diferentes usuários. Mesmo apropriados pela compreensão dos limites que é intrínseco às profissões na sociedade capitalista, preparamos caminhos sólidos para criar condições reais para que, profissionais e usuários, possam construir outros caminhos que possam despertar e colocar elementos que ampliam a consciência crítica, caminho necessário para a existência de novas formas de sociabilidade humana”, ressalta.

O CRESS-PR reafirma a sua posição, defende a organização da classe trabalhadora e coloca-se ao lado dela na luta pela defesa e pela garantia de direitos sociais.