Roda de Conversa de Apucarana destacou a necessidade de recuperar a dimensão política do Serviço Social

A Roda de Conversa “As políticas públicas no contexto da pandemia” reuniu mais de 80 assistentes sociais de Apucarana e região. O encontro foi realizado pelo Nucress de Apucarana com o apoio do CRESS e do curso de Serviço Social da UNESPAR (campos Apucarana) e contou com a palestrante professora mestre Márcia Lopes e mediação da professora doutora Latif Cassab.

A assistente social Kelly Pesce, referência do CRESS no Nucress de Apucarana, afirmou que o encontro virtual mobilizou a categoria para uma discussão que afeta o cotidiano profissional.

“Enquanto colegiado acreditamos que o tema foi pertinente ao contexto, foi um momento foi ímpar. Ficamos felizes com a participação de tantos profissionais que assistiram a fala e trouxeram suas angústias, problematizações e preocupações”, disse Kelly Pesce.

Segundo ela, é esse movimento que o Nucress Apucarana deseja fazer na sua gestão, “mobilizar e criar espaços de discussões e debates, para que nenhuma e nenhum assistente social do nosso território se sinta sozinha/o com as demandas criadas pela conjuntura devastadora.”

Serviço Social é um campo de enfrentamento

Entraram na Roda temas como as raízes das crises política, econômica e social; o Serviço Social e seu campo de atuação; as dimensões política e técnica da/o assistente social; o cumprimento do Código de Ética em um Estado autoritário e contraditório; as possibilidades de enfrentamento abertas em meio à crise.

“A história tem um ciclo e vai sendo demarcada pelos acontecimentos históricos, temos dificuldade em compreender isso, queremos respostas imediatas, mas precisamos entender as raízes do processo”, disse Márcia Lopes.

A pandemia, segundo ela, aprofunda as crises política, econômica, social, de valores já existentes e coloca a nu a fragilidade das estruturas. “Os nossos problemas começaram em 1.500, alguns se aprofundaram outros foram superados, mas sem dúvida vivemos gravemente no Brasil a luta de classes, é uma cultura centenária, de um Estado autoritário e contraditório. Mas o que temos visto acontecer em cada década é que as contradições permitem enfrentar e reconhecer os desafios, avançar, às vezes recuar.”

Neste cenário, a palestrante destacou que o Serviço Social é uma profissão privilegiada, pois é a que mais coloca os dedos nas feridas institucionais, do governo, da cultura, das intolerâncias, do reconhecimento da diversidade. “Nossa profissão tem um amplo campo de construção, de possibilidades, de enfrentamento.”

Código de Ética determina atuar nas políticas públicas

Para fazer o enfrentamento, Márcia Lopes destacou que é necessário conhecer as correlações de forças que estão em ação. “Em um Estado autoritário e contraditório, para atuarmos e intervirmos nas políticas públicas como determina nosso Código de Ética, precisamos conhecer a comunidade na qual atuamos, sua história, economia, disputas políticas. Sem isso, nossa leitura de possibilidades de atuação no campo profissional se reduz muito.”

Liana de Bassi, coordenadora da seccional de Londrina destacou que as dimensões política e técnica da profissão da/o assistente social são inseparáveis. “Nós, assistentes sociais, por mais que não expressemos, estamos vinculados a um projeto de sociedade. E essa dimensão política precisa ser recuperada. Apelo que vocês, assistentes sociais, ocupem os conselhos municipais e procurem o CRESS para que representem a entidade com a visão de mundo expressa no projeto ético-político do Serviço Social, para que a gente faça diferença nesses espaços.”