“Trabalhamos com nosso celular, o que nos expõe, gerando uma certa intimidade com os entrevistados”

A assistente social Adriana Cristina de Lima atua no sistema prisional, em Porto União, e na Vara da Família, em União da Vitória – NUCRESS União da Vitória. Ela tem duas experiências diferentes. Ela conta sobre as mudanças que ocorreram nestas duas áreas de atuação e as estratégias criadas para atender reeducandos do sistema prisional que ficaram sem visitas e as demandas da Vara da Família. Adriana fala também sobre as dificuldades que enfrenta usando equipamentos próprios.

Como tem sido sua rotina com a Pandemia? O que mudou?

No sistema prisional foram canceladas todas as visitas e a entrada de qualquer produto, até mesmo de carta para os reeducandos. E foram iniciadas as visitas virtuais, pelas quais passei a ser responsável por organizar. De 20 em 20 dias, cada reeducando tem o direito de falar com sua família por 10 minutos através de vídeo pelo WhatsApp. Também recebem cartas por e-mail, que imprimimos e entregamos a eles. Apesar dessas novas atividades que assumimos, a jornada continua sendo de 30 horas. 

Na Vara da Família a mudança foi o atendimento que passou a ser virtual, passamos a fazer entrevistas online, para encaminhar as audiências ou nomeação de advogados. As demandas de violência doméstica também aumentaram e estão sendo encaminhadas aos órgãos competentes e para atendimentos psicológicos, quando necessário.

Quais as principais dificuldades na Vara da Família?

Houve uma queda na procura por atendimento, de 20 por semana para 2.  Para contornar essa dificuldade, criamos a campanha para divulgar os atendimentos online, com isso conseguimos elevar a procura para uma média de 5 a 6 por semana.

Há também a dificuldade gerada pela falta de um telefone do Fórum, que nos obriga a usar os nossos celulares, criando uma certa intimidade com os entrevistados, que querem sempre estar perguntando dos processos, tirando dúvidas em qualquer horário, dia e noite.

E no sistema prisional?

Uma das dificuldades é não poder encaminhar os reeducandos para fazer seus documentos, como RG, pois os agentes não estão fazendo escoltas. Com isso, essa demanda está reprimida.

Quais as principais dificuldades no atendimento virtual?

É não ter o contato com as pessoas presencialmente. Outra dificuldade é que trabalhando em casa temos que usar nossos equipamentos, como PC, celular, papel da impressora, tinta.