Roda de Conversa Virtual de Londrina destacou urgência da organização da categoria

Mais de 90 profissionais participaram da segunda roda de conversa virtual “Os impactos da pandemia no trabalho das e dos assistentes sociais”, da seccional de Londrina. Esta foi realizada na região de Londrina e contou com a participação de assistentes sociais de diversos municípios. “Contamos com a presença de Porecatu, Miraselva, Ortigueira, Cambé, Rolândia, Ibiporã, além de Londrina, e muitos outros. Isso mostra o êxito destes eventos que têm como objetivo principal aproximar a base das instâncias de organização do CRESS. Pois, estas só fazem sentido a partir dos sujeitos que a compõem. O CRESS é a participação da categoria”, afirma Liana Bassi, coordenadora da seccional de Londrina.

As avaliações dos encontros, de acordo com Liana Bassi, têm mostrado a importância desse espaço de escuta para a troca de experiências entre as/os profissionais que se identificam com os relatos  uns dos outros. Mas também como espaço de aquisição de informações, como as trazidas pelos palestrantes Ana Patrícia Nalesso, docente e pesquisadora de Serviço Social da UEL, e Fabrício da Silva Campanucci, assistente social mestre em Serviço Social e Política Social, que atua no CRAS Tarobá, em Cambé.

Desigualdade Social

Ana Patrícia Nalesso apresentou dados de pesquisa sobre a desigualdade social em Londrina, Ibiporã e Cambé, que está desenvolvendo com outros pesquisadores na UEL.  A pesquisa mostra que a pandemia desvelou uma realidade de demandas já existentes, mas que não chegavam aos CRAS e às outras políticas públicas, e que agora exige respostas rápidas. Além das 17.902 famílias de Londrina que recebem o bolsa família, a pesquisa revela que há outras 6.100 que estão dentro dos critérios para recebimento do auxílio, mas não o recebem.

A pesquisa tem o objetivo, de acordo com a professora, de sistematizar dados que subsidiem profissionais da área de proteção social nas intervenções necessárias nessa realidade.

“A grande questão agora é fazer um trabalho de base e resgatar a dimensão política da profissão que foi deixada um pouco de lado devido à burocracia e à sobrecarga de trabalho”, diz Ana Patrícia Nelasso. “Trabalhar para a organização da população para que ela consiga dar voz a suas necessidades.”

Organização da categoria

Fabrício da Silva Campanucci falou sobre as estratégias adotadas no CRAS em que atua, em Cambé-PR, diante da pandemia e também sobre a urgência da organização da categoria. “Precisamos criar uma agenda de trabalho, de lutas e reivindicações, partindo das realidades locais e construindo um percurso mais amplo.”

Segundo ele, nesse processo, é preciso considerar um novo instrumental técnico-operativo e/ou ressignificar alguns instrumentos, para que o desgaste provocado pelo exercício profissional não seja derivado de dúvidas: “Será que posso fazer isso?”, “Será que estou colocando o cidadão em risco?”, “Será que estou negando atendimento”?

Fabrício Campanucci defendeu ainda que a categoria se posicione em defesa da recomposição orçamentária das políticas sociais, sobretudo as de educação, saúde e assistência social, impactadas pela PEC 95/2019. “Devemos continuar resistindo e lutando contra o boicote da participação e do controle social no Brasil.”

“Não podemos virar apenas tarefeiros”

A assistente social Ednadi Silva Pereira Biliatto, que atua no CRAS Norte de Londrina, se identificou muito com a fala do palestrante Fabrício Campanucci.  “Parecia que ele trabalhava no meu CRAS. As mesmas questões, as mesmas reclamações. Estamos exaustos, com pouca esperança, temos que trabalhar e render, mesmo com medo da COVID19″, diz a assistente social. “Se continuarmos assim, sem analisar e avaliar nosso processo de trabalho, vamos virar meros tarefeiros.”

Próximas Rodas de Conversa

Outras quatro rodas de conversas estão programadas: Paranavaí, 14 de outubro, Cianorte, 21 de outubro, Ivaiporã, 28 de outubro e Maringá, 04 de novembro. Todas terão a temática sobre os impactos da pandemia no trabalho das/dos assistentes sociais. 

“Essa pandemia traz alterações no processo de trabalho e muitas vezes não há respaldo para o profissional. São muitos dilemas. A proposição é que façamos essas discussões como espaços de escuta da categoria para entendermos como essa realidade se configura em cada território. Isso pode nos ajudar a pautar as ações para atender os profissionais nas suas especificidades”, diz Liana Bassi.

AGENDE-SE: a próxima Roda de Conversa é no NUCRESS de PARANAVAÍ, no dia 14 de outubro, às 19h.

Inscrições até o dia 13 de outubro, pelo link: https://bit.ly/33Eoc33

Participação de:

Hellen Patrícia Zaine Matsumoto: Graduada em Serviço Social pela Unespar (2007). Pós-graduada em politicas públicas: fundamentos e gestão social pela Uningá (2011). Pós-graduada em Nefrologia Multidisciplinar pela UFMA (2018). Atua no Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB).

Francilene Bernardo Cordeiro: Mestranda em Ciências Sociais pela UEM. Pós-graduada em Gestão de Políticas e Serviço Social pela UNIASSELVI. Pós-graduada em Gestão Hospitalar pela UNIASSELVI. Graduada em Administração pela UNESPAR. Graduada em Serviço Social pela UNESPAR, Técnica em Química por instituição de ensino público. Atua como Assistente Social na Prefeitura Municipal de Paranavaí.