“Estamos nos dedicando para garantir a qualidade possível nesse contexto adverso do ensino remoto”

A assistente social Claudiana Tavares é professora Dr.ª do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e pertence ao NUCRESS Ivaiporã. Em 7 meses de pandemia, ela vem enfrentando as dificuldades das aulas remota com todas as suas implicações, em um esforço para garantir qualidade de ensino em um contexto tão adverso. Claudiana conta um pouco sobre essa nova realidade.

Como tem sido sua rotina com a Pandemia? O que mudou?

Minha rotina tem sido bastante desafiadora, pois o trabalho remoto tem me exigido maior carga horária de dedicação para planejamento e preparo das aulas, atrelado aos afazeres domésticos e cuidados com a família.

As mudanças mais evidentes são explicitadas no medo da contaminação, na saudade das pessoas que gostamos de estar juntas, que o momento não nos permite, e na tentativa de manter a saúde física e mental diante de tantas preocupações decorrentes da pandemia.

Quais as dificuldades do ensino remoto?

Meu trabalho é voltado para o Ensino Remoto Emergencial (ERE), o qual têm demandado muitos aprendizados, uma vez que o curso de Serviço Social da UEM é ofertado na modalidade presencial. Diante disto, a apropriação das ferramentas tecnológicas se faz necessária de forma abrupta e sem planejamento e capacitação. Ao mesmo tempo, preciso lidar com as limitações que envolvem o acesso dos alunos, onde muitos não possuem espaço físico domiciliar adequado, nem aparelhos ou internet para acessar as aulas. 

Umas das maiores dificuldades diz respeito a inexistência do contato face a face com os alunos, a interação. Acredito que a vivência e troca de experiências dentro de uma sala de aula é componente que enriquece a formação profissional. O ambiente virtual, onde a maioria dos alunos preferem a câmera desligada por diversos fatores, acaba por apresentar-se frio e pouco produtivo.

Quais os impactos dessa nova realidade na sua atuação profissional?

Minhas atividades se referem a ministrar aulas, participar de fórum de estágio, coordenar de forma adjunta e participar de projetos de pesquisa e extensão, orientar trabalho de conclusão de curso etc.

Todas essas atividades estão ocorrendo remotamente, o que apresenta algumas dificuldades, como: o não preparo dos envolvidos para esta modalidade de ensino, considerando tanto a questão técnica como ter ou não os aparelhos que comportem o ensino remoto por tantas horas seguidas, bem como banda larga de internet.

Especificamente as aulas estão sendo ministradas pelo Classroom, com carga horária reduzida, na tentativa de minimizar as horas em que os alunos ficam em frente ao computador ou celular. Este ajuste se dá objetivando evitar um número crescente de evasão escolar.

O curso onde leciono sempre se colocou contra o ensino remoto por acreditar que o ensino presencial corrobora com uma formação de qualidade, mas, por maioria dentro da Universidade, o ensino remoto foi aprovado e estamos nos dedicando para garantir a qualidade possível neste contexto adverso.

Além disto, conciliar o ensino remoto com o ambiente doméstico tem sido cada vez mais complicado, com as pessoas já sem paciência para o isolamento, e outros tantos entristecidos por perdas de pessoas queridas e adoecidos pelo panorama que os aflige.

Tem alguma atividade que não faz parte do escopo de atividades de assistente social, que você passou a fazer em função da Pandemia?

Sim, os trabalhos domésticos e comecei acompanhar de forma mais intensa meu filho de 5 anos em suas atividades escolares, uma vez que as aulas dele também estão suspensas.

Aumentou a quantidade de horas de trabalho?

Sim, aumentou. 100%. Agora não tenho mais hora para o trabalho. Antes da pandemia existia um estabelecimento de horas, mas agora, recebo mensagens do trabalho o tempo todo, incluindo finais de semana e feriados.

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