“É um período de desmonte das políticas públicas, o que torna um desafio continuar a prestar serviços de qualidade à população”

A assistente social Suzana Costa atua no CRAS de Guaporema, NUCRESS Cianorte. Ela conta como um município pequeno, sem CREAS, enfrenta dificuldades ainda maiores para atender ao aumento de demanda da população que se tornou ainda mais vulnerável com a pandemia.

Como tem sido sua rotina com a Pandemia? O que mudou?

No início, ficamos bem assustados, inseguros, porém nos adaptamos bem com as medidas de prevenção, estamos seguindo as orientações sanitárias, evitando contato físico.

Está em teletrabalho?

Não, mas utilizo meios remotos para atendimentos. Aplicativos de comunicação, redes sociais e telefônicos.


Em quais condições você está realizando suas atividades presencialmente?

Das nossas atividades normais foram suspensas as que são realizadas em grupo. Mas tivemos um aumento muito grande de demanda, com a busca em massa da população pelo auxílio emergencial.  Temos uma realidade de exclusão digital, muitos não conseguem fazer a solicitação pela internet, e como somos um município de pequeno porte, e não temos o CREAS, o CRAS acaba sendo referência para várias situações, como essa. A medida do auxílio emergencial foi tomada de última hora pelo governo que desconsiderou o SUAS e a realidade da população. Tivemos um excesso de demanda agravado pelo afastamento de alguns trabalhadores que são do grupo de risco.

Tem alguma atividade que não faz parte do escopo de atividades de assistente social, que você passou a fazer em função da Pandemia?

Atendimento por aplicativo, que demanda muito tempo, outras várias solicitações, até mesmo de outras políticas, e elaboração do Plano de Contingência.


Aumentou a quantidade de horas de trabalho?

Sim, alguns dias tive que passar do horário, aumento de 20% da demanda.


Quais dificuldades tem encontrado enquanto assistente social para atender os usuários dessa política?  

Os governos lançam programas, não divulgam de forma clara, a população vem buscar informação que, muitas vezes, não temos, desrespeitam o SUAS. Muitos benefícios bloqueados, BPC, Bolsa Família.  O governo também não considera a exclusão digital, parte da população não consegue usar o aplicativo e isso aumenta a demanda por agendamentos junto ao INSS.

Há também um aumento significativo de procura de benefícios eventuais por situações de desemprego, agravamentos de doenças.  Estamos vivenciando um período precário de desmonte das políticas públicas, sendo grande os nossos desafios, para continuar com a qualidade dos serviços prestados à população.