“Há muita dificuldade em garantir acesso para todos, diante do descompromisso desse governo”

Renata Pons atua na Política de Assistência Social, com medidas socioeducativas no CREAS de Paranaguá, NUCRESS Litoral. Ela foi licenciada no início de agosto para concorrer à vereadora, mas conta como foi, até este período, atuar em tempos de pandemia.

Como tem sido sua rotina com a Pandemia? O que mudou?

No início da pandemia eu estava atuando em CRAS e a minha rotina ficou mais intensa. Só depois que fui para o CREAS é que passamos a fazer revezamento entre a equipe, por conta do aumento de casos de COVID19.

Atuei em teletrabalho só alguns dias e tive que utilizar recursos próprios, porque o município, não dispôs nem um recurso nesse sentido, até o telefone celular para as solicitações das famílias nós tivemos que conseguir eles deram apenas o chip e sem crédito.  Sei que muitas colegas que precisaram ficar no teletrabalho por ser grupo de risco, ainda trabalham assim.

Mudaram também os tipos de atividades. Antes da pandemia, fazíamos muito atendimento de Passe Livre, BPC, pedidos de documentação, passeios com os grupos, atividades com os grupos semanais, reuniões em escolas para trabalhar a rede, reuniões com as famílias, pedidos de benefícios eventuais. Com a pandemia focou-se apenas nos benefícios eventuais, porque a população que vivia de trabalhos autônomos ficou desempregada e a vulnerabilidade aumentou, então a maior quantidade de solicitações foi em relação ao auxílio-alimentação e o de natalidade.

Quais as principais dificuldades enfrentadas no trabalho presencial?

No CRAS atuava com grupos do PAIF e Serviço de Convivência de Mulheres, quando começou a pandemia tivemos que parar as acolhidas, os atendimentos eram feitos individualmente com toda a segurança e ética possíveis na sala de reuniões, porque o espaço era maior. As visitas só podíamos fazer em último caso.

NO CREAS fazíamos os atendimentos de Planejamento Individual do Adolescente (PIA), para que eles pudessem cumprir suas medidas.  Trabalhava com grupo de 5 adolescentes, duas vezes por semana.

As principais dificuldades enfrentadas são o distanciamento da família e saber que o Estado não iria dar condições para continuarmos atuando o mais próximo com segurança e qualidade; exigir que as famílias fizessem as solicitações somente pela internet, quando sabíamos que muitas nem computador e nem conhecimento tinham de internet.

Tem alguma atividade que não faz parte do escopo de atividades de assistente social, que você passou a fazer em função da pandemia?

Sim, tive que preparar os lanches dos adolescentes, pois não tinha serviços gerais para ficar lá no equipamento, devido à falta de funcionários e afastamentos.

Aumentou a quantidade de horas de trabalho?

No CRAS digo que sim, mas no CREAS não porque a coordenação estava muito preocupada com a nossa saúde e contaminação.

Quais dificuldades você encontrou enquanto assistente social para atender os usuários dessa política?

As dificuldades têm sido em garantir acesso para todos, diante de tamanha desigualdade que escancarou o descompromisso desse governo e o sucateamento do serviço público.