Valéria Cristina da Costa atua na Politica de Assistência Social, no CRAS de Maringá. Ela foi contaminada por Covid19 logo no início da pandemia, em abril. E conta que antes de pegar a doença ficava mais apreensiva. A assistente social diz que teve reinventar sua forma de escuta e acolhida em tempos remotos, e que conta que é difícil ter uma esperança realista diante da conjuntura política atual, mas que seu desejo é os governantes atuem com qualidade em prol da vida.
Como tem sido sua rotina com a Pandemia?
Desde o início da pandemia a rotina de trabalho no CRAS mudou completamente. Até o início desse mês trabalhamos com carga horária reduzida, das 9h às 15h. Também foi feita uma escala, nos revezamos dia sim, dia não. Foi a forma encontrada para diminuir a exposição da equipe, principalmente dos que utilizam transporte coletivo. No início do mês voltamos para o horário normal, das 8h às 17h.
O que mudou nas atividades nesse período?
As avaliações para acesso ao cartão alimentação são feitas por telefone, fazemos o atendimento direto só se for necessário. Para voltarmos aos atendimentos presenciais, é preciso que sejam disponibilizados mais equipamentos individuais de segurança, pois o fluxo de pessoas é muito grande.
Tem alguma atividade que não faz parte do escopo de atividades de assistente social, que você passou a fazer em função da pandemia?
Não necessariamente, mas no início da pandemia, o governo municipal disponibilizou dez mil cartões alimentação de R$ 90,00 e não foi possível fazer avaliação socioeconômica, para acessá-lo havia uma autodeclaração de que a pessoa era elegível. Entendo que era necessário naquele momento, mas o que fazíamos era meramente distribuição de recursos, não um trabalho efetivo da/o assistente social.
Quais dificuldades tem encontrado enquanto assistente social para atender os usuários dessa política?
Minha grande preocupação é quanto à demanda, pois famílias que até então não acessavam o serviço, tornaram-se mais vulneráveis econômica e socialmente, e os recursos não ampliaram para que possamos atender a todos que precisam. Além da questão de recursos humanos insuficientes em muitos serviços.
Nessa nova realidade, tem alguma estratégia de atuação que você reinventou?
Aprimoramos a escuta de forma remota, pois é preciso ter maior sensibilidade e a acolhida deve ocorrer apesar do distanciamento, bem como tentar passar de forma ainda mais clara todas as informações possíveis, pois em algumas vezes há intercorrências externas.
Como essa situação tem te afetado emocionalmente?
O que mais me afeta e ver como este momento está impactando o público que atendo, mas consegui me manter equilibrada. Vale ressaltar que eu tive Covid-19 em abril, bem no começo da pandemia, antes de ser contaminada fiquei emocionalmente mais apreensiva, preocupada.
Neste cenário, quais suas esperanças?
Em tempo de pandemia, é difícil ter uma esperança realista, com base no momento político, econômico e social que o país vive. Só se for esperança religiosa. Mas, minha esperança é de que as autoridades que se projetam politicamente tenham como base de governo a realidade que vivemos, considerando as relações sociais e a diversidade, as desigualdades sociais, a coletividade, o meio ambiente.