“Sabemos do nosso compromisso ético-político, mas somos seres humanos e muitas vezes ficamos com medo do que pode vir”

O assistente social Charles Bayer atua na política de Assistência Social, no CRAS de Rebouças, Nucress de Irati. Entre mudanças nas atividades que costumava realizar, aumento das demandas, compromisso com o projeto ético-político, o assistente social convive diariamente também com o medo da contaminação.

Como tem sido sua rotina com a Pandemia?

A rotina está muito frenética, aumentou muito a demanda e o público atendido pelo CRAS, pois usuários que não procuravam a política de Assistência, com a pandemia passaram a procurar. Sem contar que no município que atuo, por ser de pequeno porte atendo a cidade e o interior, atendimentos ligados a Assistência Social, Bolsa Família, Habitação e encaminhamentos e orientações previdenciárias, orientações sobre o auxílio emergencial e o cartão comida boa.

O trabalho se estende muito além do horário de expediente?

Sim, alguns dias atuamos no período da noite para dar conta da procura das pessoas decorrente do auxílio emergencial e do cartão comida boa.

Tem alguma atividade que não faz parte do escopo de atividades de assistente social, que você passou a desempenhar em função da Pandemia?

Orientações sobre o auxílio emergencial e o cartão comida boa. Para se ter uma noção no maio e junho nós chegamos a realizar cerca de 1200 atendimentos.

Antes da pandemia as demandas eram relacionadas a atendimentos do PAIF, escuta, grupos SCFV, pareceres sociais, visitas domiciliares e encaminhamentos e acompanhamentos de beneficiários do BPC.

Depois da pandemia a coisa ficou complicada, pois, na maioria das vezes, estou atuando em prol dos benefícios de repasse de renda do governo federal e estadual. Inclusive distribuição de alimentos vindos do SEAB e do PAA Federal passaram a ser de responsabilidade do assistente social do CRAS, mas não sei o porquê disso.

Nessa nova realidade, tem alguma estratégia de atuação que você mudou?

Estou preferindo dentro da medida do possível entrar em contato com os usuários por meios remotos como internet e telefone.

Como toda essa situação tem te afetado?

É bem complicado, pois, sabemos do nosso compromisso ético-político, mas somos seres humanos e muitas vezes ficamos com medo do que pode vir e também nos preocupamos em levar o vírus para nossa casa.

Neste cenário, quais suas esperanças?

Minhas esperanças são que esse período conturbado com a Covid-19 passe o mais rápido possível, e que o futuro traga um cenário político mais favorável aos direitos humanos e às políticas públicas para todos.