Seccional do CRESS-PR é instalada em Cascavel

Nesta sexta-feira (26/04), foi eleita a nova diretoria da Seccional de Cascavel do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS-PR). A votação foi durante a III Assembleia Regional Extraordinária, realizada no Auditório Arnaldo Busato, no campus da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) do município de Cascavel/PR, onde também ocorreu o Seminário: “As manifestações concretas do neoconservadorismo no trabalho profissional e seus impactos no Serviço Social Brasileiro”.

Tiveram direito a voto as/os assistentes sociais inscritas/os e devidamente habilitadas/os no âmbito da jurisdição da Seccional Cascavel. A posse dos eleitos para a gestão 2019 e 2020 foi realizada no mesmo dia, assim como a inauguração oficial da Seccional, que já vinha atendendo na sede que fica na região central de Cascavel. A assistente social e presidenta do CRESS-PR, Joziane Cirilo, fez a condução dos trabalhos do evento, e considera o processo eleitoral da primeira coordenação da Seccional, um marco histórico para o Serviço Social do Paraná, em especial para as/os assistentes sociais da região Oeste/Sudoeste do Estado.

 

 

Para Joziane Cirilo, é neste cenário que a Seccional Cascavel tem um significado muito mais do que uma expansão administrativa, mas fundamentalmente, porque amplia a capacidade de intensificação das ações de defesa e valorização da profissão, da formação profissional e das ações políticas para o fortalecimento e materialização de um projeto que tem a centralidade em princípios fundamentais como a democracia, a liberdade e a justiça social. A Seccional Cascavel é um alento para as nossas lutas e deve ser um espaço de participação da categoria e de outros sujeitos políticos que compõem as lutas coletivas. “Estou certa de que a coordenação eleita assume este compromisso com a categoria e com a sociedade na defesa das políticas sociais, dos direitos humanos e da qualidade dos serviços profissionais prestados à população usuária do Serviço Social”, afirmou a presidenta do CRESS-PR.

A vice-presidente do CRESS-PR, Elza Campos, tem acompanhado pela atual gestão do Conselho, todo o processo de instalação da Seccional de Cascavel, desde as primeiras reuniões com os NUCRESS, com a direção do CRESS, os Plenos, as assembleias, e os três grandes seminários realizados na UNIOESTE que reuniram mais de mil profissionais e estudantes. “Pudemos vivenciar a concretização desta reivindicação histórica da categoria profissional daquela região do Paraná, em um contexto de intensos ataques e regressão aos direitos sociais, à criminalização da pobreza, e em um momento de recuo civilizatório, conseguir uma conquista de uma sede administrativa e política do CRESS-PR é motivo de comemoração e de reconhecimento da importância da luta coletiva”. Só foi possível concretizar esse sonho, em função de um objetivo comum: a defesa do projeto ético-político profissional do Serviço Social com unidade de nossa categoria.

Em 2018, o dia 27 de abril foi histórico para o Serviço Social paranaense com a realização da primeira Assembleia Descentralizada do CRESS-PR, também em Cascavel, e da qual participaram mais de 400 profissionais e estudantes de Serviço Social. Durante o evento, foi aprovada a instalação da Seccional de Cascavel, uma reivindicação histórica da categoria, e que começou a ser conquistada em 21 de outubro de 2017, quando a categoria referendou a decisão durante a Assembleia Geral Ordinária do CRESS-PR.

No evento de abril do ano passado, a conselheira Jucimeri Silveira comentou que a aprovação da instalação da Seccional de Cascavel, respondia não só a uma reivindicação da categoria, como também, era a concretização de um dos principais compromissos da Gestão Tempo de Resistir, nenhum direito a menos.

O conselheiro Elias de Souza falou à época, da emoção de participar da conquista. “Na graduação, já falávamos da importância de uma Seccional em Cascavel. Hoje, em tempos de retrocesso e de ameaças aos movimentos sociais e democráticos, estamos descentralizando polí́tica e administrativamente o Conselho. Isso nos fortalece e possibilita que nossas ações sejam mais articuladas. As pessoas que estão aqui para organizar esta luta sabem o tamanho do desafio que estamos enfrentando. Então, essa novidade é um sí́mbolo da resistência”.

Na ocasião, a presidenta do CRESS-PR, afirmou que uma base político-administrativa favorecia a defesa e a fiscalização da profissão na região, bem como a integração nos Núcleos (NUCRESS).

A assistente social da base regional, Tatiane Martins é a nova coordenadora da Seccional de Cascavel. Para ela, em meio a um cenário de desmonte de direitos historicamente constituídos e de políticas públicas cada vez mais precarizadas, a Seccional do CRESS-PR de Cascavel “é a concretização de um sonho e de luta dos assistentes sociais de Cascavel e região e a coordenação eleita é a primeira de muitas que virão para escrever uma nova história de organização e representatividade dos profissionais e da profissão”. As atividades de orientação, fiscalização e defesa da profissão, do exercício profissional e da qualidade dos serviços estarão mais próximas da realidade de muitos profissionais que se sentiam distantes da sede do CRESS em Curitiba/PR. Em um ano de gestão, a coordenação eleita terá como meta principal, “descentralizar para fortalecer e resistir, atuando numa perspectiva colegiada e compreendendo a proposta de planejamento articulado entre CRESS, Seccional e NUCRESS, fomentando assim, a criação das câmaras temáticas na Seccional”, garantiu Tatiane Martins.

 

 

A conselheira Elza Campos agradeceu a diretoria provisória da Seccional em nome do assistente social Alfredo Batista que dirigiu o processo com garra e muito compromisso, bem como os outros integrantes e os que participaram da reunião que deu posse à nova coordenação da Seccional de Cascavel. As coordenadoras da diretoria provisória, Iolani Vigilato, Ana Paula Zorik, e Francielli de Souza; a coordenadoria da diretoria eleita e empossada, as assistentes sociais Ereni Galvão, Maria Aparecida Taparowisk, e Tatiane Martins; a representante do NUCRESS Francisco Beltrão, a assistente social Alessandra Pacheco; trabalhadoras da Seccional de Cascavel, as agentes fiscais Paloma Xavier de Paula, Adriene de Lima Muller, agente fiscal da sede do CRESS-PR, Érika Pereira e as trabalhadoras da sede, Maria do Rocio Cerqueira e Dione do Rocio Ponchek. “Agradeço também as/os assistentes sociais de toda região, que responderam nosso chamado, e desejamos que esse espaço possa representar e defender nossa categoria profissional”, disse a vice-presidente do CRESS-PR.

 

Joziane Cirilo, presidenta do CRESS-PR, também destaca a presença no Seminário que ocorreu em paralelo à assembleia extraordinária, da professora Maria Lucia Martinelli, da PUC-São Paulo e uma grande referência para o Serviço Social brasileiro. “A professora Martinelli, de forma brilhante, tratou da atual conjuntura do neoconservadorismo, que intensifica as expressões da questão social, os impactos para o exercício profissional da/o assistente social e o necessário enfrentamento na defesa intransigente dos direitos humanos na materialização do projeto ético político da profissão”.

Um dos destaques da fala contundente e marcante da professora durante o seminário que lotou as dependências do grande auditório da Unioeste, foi a de que a sua vida é marcada pela trajetória da luta ao referenciar a bela obra de Pablo Neruda “Confesso que Vivi”, que demarca sua trajetória e seu estudo sobre a Identidade profissional do Serviço Social destacando-a como elemento definidor na divisão social e técnica do trabalho, uma categoria sócio histórica que se constrói na trama das relações sociais, por isso a frase célebre de Karl Marx, constante no Manifesto do Partido Comunista de que “A história de todas as sociedades é a história da luta de classes”, citada por Martinelli, atravessa as intensas lutas dos trabalhadores na história e de que na atualidade os tiranos sutis do conservadorismo, do moralismo e do autoritarismo, intentam destruir todos dos direitos históricos, e isso exige a luta coletiva. Martinelli disse que uma profissão que tem o social no nome não pode ser solitária na prática.

A professora encantou a plenária, destacando que nossa profissão é uma das mais completas, pois além de deter o conhecimento científico das várias ciências, convive com a vida cotidiana das/os usuárias/os das políticas públicas. Na história detentora de sentidos, a/o assistente social não pode somente ler a história, mas também modificá-la. “Para a professora, que trouxe um alento para as/os participantes nesse momento de barbárie, a resposta a esse momento é a mobilização e a luta coletiva”, disse a conselheira Elza Campos.

Martinelli também evidenciou traços da conjuntura, como o genocídio da população negra, a perseguição aos movimentos sociais, a destruição dos direitos, e a evidência de que somos um país conservador desde sua origem, um país escravocrata, mas que é necessária a defesa da democracia, a liberdade, valores de nosso código de ética profissional. Destacou ainda que continua viva a luta pela emancipação social e humana, citando vários versos de Fernando Pessoa, como: “O essencial é saber ver, mas isso, triste de nós que trazemos a alma vestida; isso exige um estudo profundo, aprendizagem de desaprender.  Eu procuro despir-me do que aprendi, eu procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desembrulhar-me e ser eu.”