NUCRESS Ivaiporã realiza Roda de Conversa

 

 

Na quinta-feira, dia 18/04, foi realizada na cidade de Ivaiporã/PR, a Roda de Conversa com o tema ‘Defesa da Assistência Social como direito, do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) como política pública e as condições de trabalho das/os assistentes sociais e demais trabalhadores’. A palestra foi da ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a assistente social Márcia Lopes.

Cerca de 50 pessoas participaram do evento no Centro da Melhor Idade de Ivaiporã, entre elas, assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, acadêmicos da Universidade Estadual de Maringá (UEM), do curso de Serviço Social, e representantes do Fórum Regional de Assistência Social (Foreas) de vários municípios da região.

A Roda de Conversa foi organizada pelo Núcleo Regional de Serviço Social (NUCRESS) de Ivaiporã em parceria com o Foreas do município. Foi gratuita e aberta à comunidade. Segundo Edilene da Silva Fitz, coordenadora do NUCRESS de Ivaiporã, o encontro se justifica pelo fato de as pessoas “poderem refletir coletivamente e buscar estratégias de mobilização e de enfrentamento do momento atual”.

Para a coordenadora do Foreas, Alana Vanzela, o objetivo desses encontros é buscar desvelar aqueles conteúdos de maior dificuldade e observar qual o processo que gera essa dificuldade e “de que forma nós, enquanto coletivo trabalhadores do SUAS, devemos criar estratégias de enfrentamento de resistência e de combate”.

Edilene Fitz acrescenta que é preciso ter um espaço de reflexão para que se consiga ter uma fotografia da questão enfrentada, e tentar entender como essas relações se dão para só então, buscar formas e estratégias de enfrentamento de acordo com o que se percebe ser necessário diante da realidade observada. “A partir daí, fazer alguns encaminhamentos no coletivo para criar uma unidade entre as classes de trabalhadoras/es”, afirmou a coordenadora do NUCRESS de Ivaiporã.

Os NUCRESS cumprem a função política de interiorização e descentralização das ações políticas do conjunto CFESS-CRESS com o objetivo de articulação e organização das/os assistentes sociais na defesa, valorização e qualidade dos serviços profissionais prestados à sociedade.

Durante o encontro, Márcia Lopes relembrou o período de escravidão, e o quanto foi difícil para a sociedade brasileira começar a ter acesso a um novo discurso que não fosse o da subalternidade, da inferioridade por parte da grande maioria da população e o quanto isso tem sido determinante. Segundo a ex-ministra, não adianta entendermos da política nacional, saber por exemplo, o que é o BPC, o Bolsa Família, “se não tivermos a compreensão de que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que surgiu a partir da Constituição Federal de 1988, do tripé da Seguridade Social e do sistema de proteção social brasileiro, veio para sacudir as bases desse imperialismo, dessa fisiologia, dessa relação de patrimonialismo do Estado brasileiro em relação ao conjunto da sua população”. Segundo Márcia, uma relação de dominantes e dominados, que por muito tempo, orientou as decisões, tanto de instituições em geral, como também dos governos.

A assistente social falou às/aos presentes que se tem trabalhado muito para que a Assistência Social deixe de ser uma ação de caridade, de benemerência, de troca de favor, e “passe de fato a se constituir num direito à proteção social”.

Sobre o questão da valorização da profissão de assistente social, Márcia Lopes falou que houve uma regulação nacional em todos os municípios brasileiros, quando do reconhecimento do trabalho não só das/os assistentes sociais, como também de psicólogas/os, sociólogas/os, pedagogas/os, advogadas/os, economistas, administradoras/es, e de um grupo grande do Ensino Médio que passou a fazer parte do SUAS e “dessa grande rede de serviços assistenciais pelo país inteiro”. O CRAS e o CREAS representam muito além de um serviço, mas é a identidade do SUAS, assim como toda a rede, formada pelos centros de população de rua, os abrigos, os acolhimentos, assim como BPC, o Bolsa Família e os benefícios eventuais.

Durante a Roda de Conversa, a ex-ministra do MDS também falou que a ideia de que o SUAS não tem só uma estrutura de leis, de normas, de regras, mas que acima de tudo para que ele se efetive, se consolide, é preciso que haja uma compreensão ético-política que se manifesta muito pela presença das/os trabalhadoras/es, e no quanto elas/es têm centralidade nessa política ao prestar serviços, ao atender a população individual ou coletivamente. E que cada atitude dessa/se trabalhadora/or em relação aos usuários da política, pode ser reveladora de um compromisso ético-político com o direito das pessoas ou só com o cumprimento de uma regra, de uma exigência, às vezes até de algum público e/ou de uma entidade. “Tenho trabalhado muito essa perspectiva do compromisso das/os trabalhadoras/es  também com a luta que vem travando para serem respeitadas/os, valorizadas/os no seu cotidianos profissional”, disse a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a assistente social Márcia Lopes.