Seccional Londrina e Núcleos do CRESS (NUCRESS) da região participam de reunião de planejamento

 

Na sexta-feira (30/03), representantes da Seccional Londrina e de Núcleos da região (NUCRESS) se reuniram no Canto do Movimento dos Artistas de rua de Londrina, com o objetivo de alinhar as ações planejadas pela Coordenação da Seccional e Comissão de Orientação e Fiscalização (COFI), buscando dar direção às ações precípuas do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS-PR), a partir das deliberações do conjunto CFESS-CRESS e do programa da Gestão 2017-2020 “Tempo de Resistir: Nenhum Direito a Menos”.

Participaram da atividade de Planejamento Participativo a Gestão Estadual, coordenadoras/es, trabalhadoras/es e representantes dos NUCRESS de Paranavaí, Ivaiporã, Cianorte, Maringá, Jacarezinho e Cornélio Procópio.

A agente fiscal Jaqueline Zuin entende que o planejamento é um processo coletivo e democrático. No âmbito do conjunto CFESS/CRESS há o encontro nacional, momento em que são deliberadas e pactuadas as principais ações do conselho para o ano.  “É nosso desafio fazer com que esse planejamento macro dialogue com a realidade de cada território dos núcleos, incorporando também as especificidades apresentadas pelos NUCRESS, por este fato, momentos como este são fundamentais”.

No encontro em Londrina, foram apresentados os dados do relatório anual da COFI em 2018 e as ações já programadas para o ano de 2019. A agente fiscal afirmou que o objetivo foi dar ciência aos Núcleos do que já está previsto para ser realizado em cada território e dialogar sobre o que cada NUCRESS planejou, sempre na busca de contribuir com esse processo.

Na avaliação da agente fiscal Bruna Viana, os encontros entre a Seccional e os NUCRESS são de fundamental importância para a articulação e a construção coletiva do planejamento das ações no território referenciado, com vistas à organização política da categoria. A participação da COFI buscou dialogar com os NUCRESS sobre os principais elementos que têm tensionado o cotidiano exercício profissional nas regiões, à luz dos dados do relatório anual de 2018, bem como das ações planejadas para o ano de 2019.

Para a assistente social e presidenta do CRESS-PR, Joziane Cirilo, as/os participantes têm avaliado estes momentos como essenciais para a construção de um planejamento coletivo, democrático e participativo, na direção do fortalecimento do projeto ético político da profissão, e ainda para a compreensão de fluxos administrativos financeiros.

A programação incluiu também a atividade proposta e organizada pela Seccional de Londrina – Café com Cultura com o tema “Conservadorismo e Religiosidade”, questão atual e presente na sociedade e, consequentemente, na profissão, por isso a relevância de se problematizar e aprofundar o debate.

 

 

Na mesa em que esse tema foi discutido, a professora doutora Cláudia Neves, da Universidade Estadual de Londrina, apresentou a pesquisa que realizou com assistentes sociais. A professora afirmou que os dados da pesquisa revelam que a maioria das/os profissionais afirma ter alguma religião e, a maior parte, de tradição cristã, provocou reflexões sobre o risco de que aspectos em que a religiosidade e os valores religiosos influenciem as ações das/os profissionais. “Muitas/os assistentes sociais se baseiam em seus valores e princípios religiosos para tomarem decisões durante o exercício profissional. O que às vezes pode ir contra o Código de Ética”. Ela também lembrou que o marco legal da profissão impõe cuidados éticos com relação ao respeito à diversidade religiosa e que a profissão deve ser orientada por aspectos éticos, postos no código de ética profissional, e não por princípios religiosos.

Joziane Cirilo falou que o Estado é laico e não se pode aceitar que convicções religiosas determinem as configurações das políticas públicas ou que incidam sobe aspectos da vida social e da vida privada. “Por isso a/o assistente social, no exercício da profissão, deve estar comprometida/o com os valores e princípios ético-políticos na defesa da liberdade como valor ético central e ser contrário a todas as formas de injustiça e discriminação”.

O coordenador da Seccional, Marcelo Nascimento de Oliveira, avalia que foi atingido o objetivo de tratar de um tema tão relevante, dentre outros que o  Conselho precisa assumir enquanto representação da categoria e enquanto defesa da profissão na dimensão do Projeto Ético Político Profissional, dando direção e resistência na qualificação dos serviços prestados, requisitando políticas públicas ampliadas e a defesa do Estado laico, “onde as ações do exercício profissional respeitem as liberdades religiosas, enquanto possibilidades de acesso e garantia de direitos”.

A professora doutora em Serviço Social, Olegna Souza Guedes enfatizou as perspectivas da atual conjuntura política econômica que “reatualizam aspectos fundantes do conservadorismo em sua gênese, no encalço da Revolução Francesa”. Ela destacou também, entre as características do conservadorismo, a crítica à igualdade e à racionalidade. “Entendiam que a igualdade de direitos ao quebrar hierarquias estáveis gerava instabilidade e desordem. E que a racionalidade, ao distanciar democracia do idealizado modelo do bem comum, distanciava a condução política de valores sagrados”.

Olegna mostrou que os contornos do Estado de exceção (para os capazes), que caracteriza nosso atual cenário político, reatualiza a crítica à igualdade em nome do necessário desenvolvimento econômico. Ao mesmo tempo, substitui a racionalidade pelo culto ao sagrado sob uma projeção salvífica que oculta as formas de controle de seus inimigos internos: os pobres. Associa salvação à criminalização da pobreza e investe na moralização da vida social.  Neste contexto, o debate e a tolerância religiosa impõem o cuidado cotidiano com a ética profissional. “Um cuidado em que a tolerância em relação à diversidade religiosa deve ser conjugada com a intolerância que, muitas vezes, em nome da religião, impõe dominação política e econômica”, afirmou.

Para a presidenta do CRESS, as reflexões provocadas pelas professoras da UEL foram fundamentais para compreensão do avanço do Estado conservador que se expressa em várias dimensões da vida social. “Avaliamos que este debate precisa ser ampliado para outras regiões do Estado e, a princípio, propomos a publicação de um CRESS em Movimento para divulgar a pesquisa realizada pela professora Cláudia Neves, e assim dialogar com as/os assistentes sociais e sociedade acerca do posicionamento profissional”.

O evento foi encerrado com a Reunião Ampliada da Gestão com a coordenação da Seccional Londrina para alinhamento político e administrativo financeiro com a finalidade de aprimorar fluxos de trabalho, comunicação na direção da qualidade dos serviços prestados às/aos assistentes sociais do Paraná.