ABEPSS Itinerante problematiza atribuições e competências profissionais

A Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), juntamente do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e do Conselho Regional de Serviço Social (CRESS-PR) realizou, nos dias 24 e 25 de agosto, o 2º módulo da 4ª Edição do ABEPSS Itinerante, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Matinhos (PR). A organização do evento contou com o apoio do CRESS de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, além da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (Enesso).

O evento dá continuidade às atividades do 1º módulo, que aconteceu em junho deste ano, em Ponta Grossa (PR), cuja temática central está alinhada ao projeto anual da ABEPSS, que é debater os fundamentos do Serviço Social, por meio das atribuições e competências profissionais. Foram realizadas oficinas formativas para docentes, supervisoras/es de estágio e discentes de graduação e pós-graduação.

Ambos os módulos tiveram como facilitadora Esther Luiza de Souza Lemos, Doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).

De acordo com a facilitadora, o objetivo foi “provocar um debate com base no que está posto na realidade, tensionando com o que se tem na formação”. Assim, a problematização foi feita a partir das requisições profissionais presentes em editais de concursos públicos, com contribuição da COFI/CRESS PR na disponibilização das orientações que foram realizadas nos processos acompanhados, relacionando com a lei que regulamenta a profissão e com as diretrizes curriculares dos cursos de graduação.

Conforme Esther Lemos, o grupo pode identificar requisições devidas e indevidas, além de diferentes entendimentos do sujeito social e da própria área. O intuito foi o de compreender como se pode responder às demandas, já que “alguns requisitos soam quase anacrônicos às leis e diretrizes”.

A participação de docentes, supervisoras/es de estágio e discentes de graduação e pós-graduação foi avaliada como positiva, durante os dois dias do evento formativo. A presença de supervisoras/es “é importante, pois também atuam na formação”, explicou a professora. Esther Lemos ressaltou o caráter de educação popular que a problematização proposta pela oficina oferece. “Tivemos uma horizontalidade maior no trato com as temáticas da área”, completa.

Num cenário de mudanças no perfil profissional, a vice-presidenta do CRESS-PR, e integrante da Comissão de Trabalho e Formação Profissional, Elza Campos, avalia o evento como uma oportunidade de fortalecimento do processo de formação. “Defendemos uma formação crítica e comprometida”, lembra Elza. Ela também destaca o caráter dinâmico proposto pela facilitadora: “Foram dois dias de intensa articulação entre teoria e prática, trazendo constantemente para a conjuntura atual”.

A vice-presidenta explica, ainda, que a presença da Comissão no evento é fundamental, pois compartilha da preocupação em discutir as demandas atuais e a precarização do Ensino no Brasil, especialmente com o aumento da educação à distância.

Vânia Maria Manfroi, Doutora em Serviço Social pela Potifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e vice-presidenta da Região Sul 1 da ABEPSS, lembrou que projeto ABEPSS Itinerante deste ano discutiu as atribuições e competências nos dois módulos, e que neste último a participação do Paraná (com docentes, discentes e supervisoras/res) de diferentes Instituições de Ensino Superior (IES) foi muito representativa. “A presença dos docentes é fundamental, pois eles atuam como multiplicadores do debate nas IES” avalia. O projeto acontece desde 2011 em todos os estados do país.

“A ABEPSS Itinerante 2018 se configurou como um importante espaço de reflexão acerca dos fundamentos da profissão e a necessária indissociabilidade entre as dimensões do trabalho, da formação e das organizações políticas da categoria. Também se constituiu uma oportunidade de discutir e construir coletivamente com a categoria aspectos do cotidiano da Comissão de Orientação e Fiscalização (COFI), no que se refere às atribuições e competências do/a assistente social, frente ao atual cenário de recrudescimento do conservadorismo na sociedade brasileira”, finalizou Bruna Viviani Viana, agente fiscal do CRESS/Seccional Londrina.