Encontro Descentralizado da Região Sul abriu com debate sobre Democracia, Diretos Humanos e Políticas Públicas

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“Em tempos de desmontes de direitos, precisamos fortalecer nossas lutas”. Com essa ideia central a professora Lucia Cortes finalizou sua fala na palestra magna do Encontro Descentralizado da Região Sul, após uma série de reflexões sobre o tema “Democracia, Direitos Humanos e Políticas Públicas no Brasil”. A abertura do Descentralizado foi realizada nesta quinta-feira 26 de julho, e segue até sábado, contando com a participação de delegações do CRESS do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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A mesa de abertura do encontro contou com a presença da acadêmica Ana Luiza Tavares, representando a ENESSO, da assistente Social Olegna Guedes, da ABEPSS, Kristiane Plasant, do Sindasp, Miriam Martina Vieira da Rosa, do CRESS-SC, Loiva Mara Machado, do CRESS-RS, Magali Franz, do CFESS e a presidenta do CRESS-PR, Joziane Cirilo, que em sua fala ressaltou a importância da categoria frente aos desmontes das políticas sociais e parabenizou todas/os as/os participantes pelo engajamento em lutar por um Serviço Social mais forte.

A palestra magna foi realizada pelos professores André Langer, do CEPAT e Lucia Cortes da UEPG, com mesa mediada pela conselheira do CRESS-PR, Tamires Oliveira.

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André Langer apresentou um panorama sobre os caminhos que a sociedade tem seguido, em direção a um cenário de agravamento de diversas crises. Em um cenário global, apontou riscos gerados pelo capital que vão afetar cada vez mais ‘a Terra e os pobres”. Entre os exemplos, comentou sobre os riscos que uma revolução tecnológica já em andamento vai trazer a todas as profissões, beneficiando uma parcela mínima em termos de empregabilidade. Falando especificamente do Brasil, comentou sobre a crise já eminente: “Cortes no orçamento, isenções fiscais, sistema tributário que recai fundamentalmente nos mais pobres. Nos últimos anos vimos a retomada de medidas políticas de austeridade que vieram para arrasar e que se concentram contra as políticas sociais”. Comentou também sobre resultados das políticas neoliberais. “Tivemos o crescimento da extrema pobreza, volta de doenças que poderiam ser evitadas e até da mortalidade infantil”, comentou o professor, complementando que a exclusão social faz parte deste modelo de estado: “A teoria neoliberal serve para legitimar o abandono de parte da sociedade”.

A fala da professora Lucia Cortes complementou a ideia lançada por André. Ao comentar o tema Democracia, Direitos Humanos e Políticas Públicas, Lucia fez um resgate histórico de como estes conceitos foram construídos no Brasil. “Quando nasce a República, não nasce de forma democrática. Foi um golpe e durante 100 anos não houve medidas concretas voltadas para inclusão ou proteção social”. Ao comentar este assunto, ela lembrou que havia políticas públicas sim, mas eram para favorecer a economia, e não eram voltadas para beneficiar toda a população. “O conceito de politicas públicas, cidadania e democracia envolvem muitas variantes”. Falando do Brasil atual, comentou como, neste contexto de crescimento da desigualdade, o grande capital se apoderou do Estado. Ela ressaltou o papel das/os assistentes sociais, profissionais que trabalham nas políticas sociais: “Existe em nossa porta um conjunto de demandas que são complexas, como a realidade dos migrantes, quilombolas, entre outros”. No caso específico dos migrantes ainda ressaltou que o próprio conceito de cidadania muitas vezes exclui, ao não aceitar o outro como cidadão. Para Lúcia, é necessário viver diariamente o projeto ético político do Serviço Social, pois esta é uma das formas de combater o cenário de exclusão. “Temos uma luta política contra o corte de recursos para a área social, contra os cortes no SUAS e no SUS. Precisamos criar formas de resistir”, afirmou, comentando para alcançarmos a democracia que queremos é necessário pensar além da questão nacional. “Temos que ter sempre em mente um projeto de sociedade no qual possamos viver juntos, partilhar a vivência humana”.

Antes de abrir para o debate, a conselheira Tamires, mostrou como a fala foi importante para a reflexão de todas/os assistentes sociais. “É lá, com a população usuária, que a gente sente os efeitos perversos destes ataques e as falas como estas nos levam a refletir o exercício profissional. Temos um projeto ético politico profissional radicalmente democrático, é ele que nos orienta e da direção. Precisamos nos organizar nas lutas sociais em alianças com as forças democráticas, com usuários/as e órgãos de defesa de direitos para enfrentar a esses desafios”.

O encontro descentralizado segue até 28 de julho, com a avaliação de cada uma das deliberações estabelecidas no relatório final do Encontro Nacional do CFESS-CRESS de 2017 , a partir dos apontamentos de cada CRESS. Durante o dia 26, antecedendo o encontro Descentralizado, foram realizados os encontros ComunicaSul, XV Fórum das COFIs e I Encontro das CPEs.

Delegação do CRESS-PR no Descentralizado:
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