CRESS da Região Sul reunidos para debater Democratização da Comunicação

DSC_8318

A democratização da comunicação como Direito Humano foi o tema de um encontro entre assistentes sociais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O ComunicaSul – encontro das comissões de comunicação dos CRESS da Região Sul – foi realizado nesta quinta-feira, 26 de julho, em Curitiba, levando os/as assistentes sociais a uma reflexão sobre como temos sido pautados em nosso dia a dia pelos interesses que estão por trás da mídia hegemônica e sobre quais alternativas temos diante desse cenário.

O ComunicaSul é realizado anualmente, no mesmo dia da abertura do Encontro Descentralizado da Região Sul – etapa regional para o Encontro Nacional do CFESS-CRESS. Participam do ComunicaSul os integrantes das comissões de comunicação dos CRESS dos três estados, sendo que neste ano, pela primeira vez, houve a participação ampliada de todos/as delegados/as que estarão no Encontro Descentralizado, não ficando restrito às comissões de comunicação.

Para o debate sobre o tema da comunicação como Direito Humano, estiveram presentes como convidados: Renata Meiele, da Frente Nacional da Democratização da Comunicação e Pedro Carrano, do Jornal Brasil de Faro, que apresentaram panoramas da luta por esta democratização. A mesa foi mediada pela conselheira Jucimeri Silveira, coordenadora da comissão de comunicação do CRESS-PR.

Comunicação pública e democrática, um direito em desconstrução

DSC_8329

Renata Meiele contextualizou a luta que a Frente Nacional têm travado junto a diversos movimentos, no combate ao monopólio que existe na mídia, por uma comunicação pública de qualidade e pela participação popular na produção e na definição do que é veiculado na mídia. “No Brasil, historicamente, nossa mídia eletrônica nasceu dando controle integral ao setor privado e permanece até hoje”. Ela ressaltou que o espectro radioelétrico é público, ou seja, as TV e rádios são concessões públicas, que devem ser renovadas, porém a sociedade em geral tem aceitado que a Família Marinho, Silvio Santos e outros, permaneçam como os donos da mídia. “Sem uma mídia plural e diversa teremos meios de comunicação que defendem somente suas próprias visões da sociedade. Ao longo dos anos basta ver a produção jornalística e cultural da mídia, para ver o posicionamento que eles têm”, comentou, deixando claro que esta mídia cumpre o papel de ser porta-voz de elites e de atender os interesses dos grupos que a financia.

A comunicadora abordou também o grande monopólio atual que existe na internet: “Quem controla o que vemos na internet continua a ser as grandes corporações, no caso internacionais, utilizando nossos dados para escolher os conteúdos”.

Investir nas mídias alternativas

DSC_8336

Pedro Carrano apresentou a experiência do Jornal Brasil de Fato para refletir sobre a necessidade de aprofundar o debate, criticar a mídia hegemônica, mas principalmente, saber construir a nossa mídia atendendo às demandas da classe trabalhadora. “Precisamos ter um espaço de produção qualificada para conquistar corações e mentes. A urgência do momento pede que a gente repense a comunicação da esquerda”. O jornalista apresentou os desafios do Brasil de Fato em relação ao alcance das pessoas, avaliando como fundamental manter a estratégia de continuar com o jornal impresso para realização do trabalho de base, como ferramenta para instrumentalizar debates. Para ele, alguns dos principais desafios são a escala (alcance da população) e a linguagem, que para ele, precisa ser constantemente revista e repensada para continuar com seu papel de educar e estimular o pensamento crítico.

 
Mediando a mesa, a conselheira Jucimeri Silveira destacou na fala dos dois palestrantes as características
do pluralismo, da diversidade e a regulamentação do estado como pontos fundamentais e comentou sobre a relevância do debate para o serviço social: “Esta luta traz para o serviço social estratégias que são refletidas por nosso projeto ético político. Precisamos avançar em uma aliança entre estratégia e conteúdo na perspectiva de uma comunicação contrahegemônica e integralizar o direito humano à comunicação”, apontou, ressaltando que educação em direitos humanos se dá em todos os espaços – formais ou informais, incluindo o campo da comunicação.