A sambista faleceu na noite desta segunda (16). Como assistente social, Dona Ivone Lara desenvolveu trabalho humanizador na política de Saúde Mental
Considerada a ‘dama do samba’, Dona Ivone Lara morreu na noite desta segunda-feira (16), aos 97 anos em consequência de uma parada cardiorrespiratória. Ela estava internada desde a semana passada em um CTI na cidade do Rio de Janeiro. O CRESS-PR homenageia a cantora, que foi uma das primeiras assistentes sociais brasileiras e continuará a ser uma referência para o movimento negro no Brasil.
Dona Ivone herdou o legado da resistência das mulheres negras, pelo samba, pela capoeira, danças e religiosidade de matriz africana, como relavam suas músicas, na luta histórica contra opressão:
“Lamento”
Canto do negro é o lamento
Na senzala do senhor…
Depois de duro trabalho
De maus-tratos e sofrimentos
Chibata comia toda a hora
Sem roupa, sem água e alimento…
Foi uma das primeiras mulheres negras com curso superior no Brasil. Foi enfermeira e logo fez Serviço Social e trabalhou anos como assistente social na Saúde Mental, tendo iniciado um trabalho inovador com as famílias e pacientes, aliando cuidado e arte. Especializada em Terapia Ocupacional, dedicou-se a trabalhos em hospitais psiquiátricos, tendo trabalhado no Serviço Nacional de Doenças Mentais, com a doutora Nise Silveira. Atuou por 30 anos no Instituto de Psiquiatria do Engenho de dentro no Rio de Janeiro, desenvolvendo junto com a dra. Nise um trabalho que revolucionou o atendimento psiquiátrico no Brasil.
Arte, sensibilidade e humanização: marcas da pioneira do Serviço Social e do Samba brasileiro.
