Assistente Social é atingida pela ação violenta da Polícia

O CRESS-PR manifesta sua indignação por mais um ato de um Estado de exceção que criminaliza movimentos sociais, viola direitos humanos e inviabiliza a democracia.

Vanda - imagem Brasil de FatoVanda de Assis. Imagem: reprodução facebook – Brasil de Fato

A assistente social Vanda de Assis foi uma das vítimas do ataque policial, no momento em que participava da manifestação pacífica “Lula Livre”, em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba (PR), na noite do dia 7 de abril, quando foi atingida por estilhaços de uma bomba.

Ela contou para o CRESS-PR como o ato pacífico em prol da democracia se transformou em ataque policial. “Estávamos durante toda a tarde no local. Quando o helicóptero foi posar com o Lula, nós ficamos mais próximos da entrada e começamos a cantar palavras de ordem. Foi quando caiu uma bomba vindo de dentro da Polícia Federal e assim que tentei me localizar melhor, outras foram jogadas. Não fui atingida nem na primeira nem na segunda, foram várias. Vi quando caiu uma de cada lado e não soube para onde ir. Nessa hora fui atingida pelos estilhaços”.

Vanda teve parte do pé dilacerado e sofreu um dano no nariz após ser atingida por uma bomba lançada pela Polícia. Foi internada no Hospital Cajuru, recebeu alta e passa bem, mas terá que fazer uma cirurgia plástica reparadora.

A assistente social comenta o abuso realizado no dia: “A polícia militar estava ali teoricamente para nos proteger enquanto cidadãos, que manifestávamos nosso direito de protestar. Eles sabiam que ali havia famílias com crianças, pois ao longo da tarde a todos iam passando pela barreira da PM. Quando soltaram as bombas em nós, a PM ao invés de nos proteger, ficou contra a gente, nos encurralaram e usaram balas de borracha”.

 

juventude no ato - brasil de fatoJuventude em manifestação pacífica – Foto: Brasil de Fato

ato - brasil de fato 2Manifestantes antes da violência policial – Foto: Brasil de Fato

WhatsApp Image 2018-04-09 at 17.15.01 (2)CRESS-PR presente no ato no dia 6 de abril. Foto: Jucimeri Silveira


policia brasil de fatoPoliciais preparados para a ação – Foto: Brasil de Fato

PF-Gibran-4Bombas contra a população – Foto: Gibran Mendes

PF-Gibran-1Balas de borracha – Foto: Gibran Mendes

Presente no ato, a assistente social Elza Campos, conselheira do CRESS-PR, também confirma as atrocidades: “Crianças também foram atingidas assim como teve também vendedores ambulantes que estavam ali para lutar por seu sustento e foram atingidos covardemente”.

Além de manifestantes pró-Lula, havia na sede da Polícia Federal também manifestantes a favor da prisão. De acordo com Vanda, ficou claro de que lado a polícia estava. “Eles estavam com rojões, em postura muito mais agressiva, mas a ação da polícia não foi contra eles, foi contra nós”. Ela ainda denuncia como a mídia assumiu um posicionamento político: “A mídia na hora mostrou a prisão, sendo que estava lá para registrar tudo. Se apurarem, vão verificar claramente que a bomba veio da PF, mas ao lançar a notícia, lançam como se o tumulto fosse iniciado pelos manifestantes”.

O CRESS-PR manifesta sua indignação por mais um ato de um Estado de exceção que, em nome de suposta segurança, criminaliza movimentos sociais, viola direitos humanos e inviabiliza a democracia. Como entidade representativa da categoria de assistentes sociais, solidariza-se e presta homenagem à assistente social Vanda e as/os outras/os participantes atingidas/os pela truculência da polícia. Homenageia também as/os diversas/os militantes, trabalhadoras/es que, em defesa da liberdade do ex-presidente Lula, lutam com coragem contra o golpe do judiciário, do legislativo e da mídia hegemônica, resistem às contrarreformas que destroem as poucas conquistas sociais já alcançadas nos últimos anos e defendem uma sociedade sem violência, opressão e desigualdade.

Conselheira do CRESS-PR relata a covardia da polícia

elza - atoElza Campos, no ato antes da chegada do ex-presidente

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Elza Campos, no ato do dia 6/04 – foto: Jucimeri Silveira

A assistente social Elza Campos, conselheira do CRESS-PR, presente no ato do dia 7 de abril, explica que muitos dos participantes estiveram reunidos nos dias 6 e 7 de abril pela manhã nos atos “Richa Nunca Mais”, no Palácio Iguaçu, denunciando a impunidade principalmente no que se refere aos feminicídios. No dia 7, em todo o país houve atos em favor da liberdade de Lula, repudiando por meio destes atos a perseguição judicial e a arbitrariedade do caso. Elza conta como foi em Curitiba:

“Após os atos “Richa Nunca Mais” permanecemos desde as 13h em frente à sede da Polícia Federal, em vigília, com momentos de música, participação alegre da juventude da UJS e culto ecumênico, reunindo mais de duas mil lideranças, que com suas bandeiras demonstraram a riqueza da diversidade. Quando chegou o helicóptero trazendo Lula, às 22h, havia cerca de 60 manifestantes contra Lula do outro lado da PF com fogos de artifício, hostilizado a militância que continuava a cantar em apoio ao ex-presidente. Neste momento os militantes foram atingidos por bombas de efeito moral, que com seus estilhaços machucaram covardemente ao menos 20 manifestantes. Socorremos as/os companheiras/os sendo que duas companheiras ficaram bem machucadas. Foi um momento de grande truculência”.

Ela ainda comenta sobre a continuidade do ato: “Apesar deste massacre, a vigília continuou firme próximo a PF, reivindicando a democracia. Até o momento segue firme, mas é constantemente ameaçada”.

O CRESS PR reafirma a necessidade do restabelecimento do Estado Democrático de Direito, e a importância da participação de assistentes sociais nas lutas pela democracia, posicionando-se contrariamente às contrarreformas que destroem as conquistas sociais, aprofundam a precarização das condições de vida da classe trabalhadora e a desigualdade.

O que deve pautar o exercício profissional, considerando os princípios do Código de Ética, é a defesa intransigente dos direitos humanos, a recusa do arbítrio e do autoritarismo; a defesa do aprofundamento da democracia como socialização da renda, riqueza e participação; a aliança com os movimentos sociais e organizações profissionais que compartilhem dos mesmos princípios éticos, na direção de uma sociedade emancipada, ou seja, sem exploração e desigualdade de classe, raça e gênero.

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