Roda de Conversa no CREAS do Pinheirinho contou com palestra de conselheira do CRESS-PR

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O CREAS Pinheirinho de Curitiba realizou, no dia 8 de março, uma Roda de Conversa sobre os direitos da população LGBT e o atendimento a esta população pela política de Assistência Social. A palestra para o evento foi realizada pela conselheira do CRESS-PR, Tamires Oliveira, assistente social do Centro de Atendimento Multidisciplinar da Defensoria Pública do Paraná.

O encontro foi realizado em alusão ao Dia Internacional da Mulher e foi uma oportunidade de formação para assistentes sociais, psicólogas, pedagogas e educadoras sociais da Regional Pinheirinho, abrangendo Núcleo Regional, CRAS, CREAS e CMEIs.

WhatsApp Image 2018-03-12 at 13.22.34“Recebi o convite para tratar dos direitos da população LGBT e, logo ao estudar o tema, identifiquei que as equipes têm dúvidas no atendimento a este público. Os órgãos gestores da Assistência Social não orientam as equipes, permanecendo a reprodução de senso comum em detrimento do tratamento adequado e qualificado das pessoas LGBT”, comentou Tamires.

Ao tratar do tema foram colocados questionamentos sobre o atendimento direto a pessoas LGBT e em especial às pessoas trans, para que as equipes refletissem sobre sua prática. As participantes foram levadas a refletir sobre como é o encaminhamento de adolescentes trans para acolhimentos, como os equipamentos estão preparados para orientar quando ao uso dos banheiros conforme identidade, se o tratamento é realizado conforme pronome e nome social e se o posicionamento nas audiências concentradas tem sido realizados no sentido de descriminalizar a pobreza.

A conselheira contextualiza também que outro tema abordado foi o papel da mulher na Política de Assistência Social. “Existe uma reprodução do papel tradicional da mulher como responsável familiar, sendo ela vista, portanto, como culpada caso haja descumprimento dessa função, por exemplo, no caso de condicionalidades do Programa Bolsa Família”, explicou. Para ela, o conservadorismo está presente no dia a dia desta política e, apesar dos grandes avanços que existem no que tange a superação da pobreza extrema, é necessário observar que ela não está normatizada para superar as estruturas das desigualdades sociais, de gênero e raça.

Após a problematização destes temas os/as trabalhadores/as passaram a refletir sobre algumas estratégias e diretrizes que garantam a perspectiva da igualdade de gênero no trabalho social realizado com as famílias atendidas no CREAS.

WhatsApp Image 2018-03-12 at 13.22.31Para a assistente social Antônia Rodrigues do CREAS Pinheirinho, o encontro foi fundamental para reflexão sobre como o exercício profissional pode ficar ‘engessado’ pelos fluxos, normas e regras da instituição. Para ela, a formação realizada foi uma importante forma de evitar o distanciamento da teoria com a prática, pois de acordo com ela, sempre há o risco de assumir “práticas robotizadas”. Ela ainda explicou que a oportunidade de participar da roda de conversa sobre os direitos das mulheres e sobre o tema dos direitos LGBT, suscitou nos/as participantes muitas inquietações, levando a refletirem sobre suas práticas, atendimentos e como estruturar melhores estratégias de intervenção.

Na roda de conversa outros temas foram mencionados, como a responsabilidade ética das equipes quando identificam mães usuárias de substâncias psicoativas e fomentam a perda do poder familiar. “Precisamos discutir com as equipes a relação com o sistema de justiça e responsabilidade no que informam no material técnico. A equipe é que está no território e que acompanha a família, então se ela afirma que uma mãe não tem condições de cuidar de seu filho porque faz uso de substâncias psicoativas, o judiciário tomará isso como verdade e aplicará medidas de proteção que pode levar desde a institucionalização dessa criança até a perda do poder familiar. A responsabilidade da equipe está em articular todas as possibilidades do trabalho social e em rede para que essa família tenha condições objetivas e subjetivas de ficar com essa criança, e não de criminalizar essa família, pois o ECA já afirma que o Acolhimento é um situação excepcional e com brevidade na medida”, explicou a palestrante.

Tamires realizou uma fala de fechamento apontando para a necessidade de evitar a judicialização das políticas públicas e dos direitos, lembrando que o acesso à política de assistência social é um direito constitucional e universal. Deve ser assegurado a quem dela necessitar, não podendo as profissionais agirem de forma preconceituosa ou discriminatória.

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