Começa em Cuiabá (MT) o 45º Encontro Nacional CFESS-CRESS

Em tempos de avanço do conservadorismo e ameaças aos direitos conquistados com muita luta “é preciso estar atento/a e forte!”. Com este tema teve início nesta quinta-feira (13) o 45º Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, que acontece em Cuiabá, no Mato Grosso. O CRESS-PR está presente no Encontro, representado por delegadas/os, observadoras/es e convidadas/os.

Na mesa de abertura a representante da Enesso, Mariana Alves Alexandre, reafirmou o compromisso da Executiva com o projeto ético-político do Serviço Social e enfatizou: “É preciso construir resistência diante do conservadorismo que está posto”. Paulo Wescley, da Abepss, afirmou que o Encontro marca um momento muito importante para as entidades presentes e toda a categoria.

A presidenta do CRESS-MT, Vera Lucia Honório dos Anjos, deu as boas vindas aos participantes e destacou que o Conselho, com o propósito de avançar na luta, realizou várias ações nos últimos três anos, dentre elas o próprio Encontro Nacional. Por fim, Maurílio Mattos, presidente do CFESS, avaliou que houve um grande avanço no processo de construção da nova metodologia adotada nos Encontros. Apontou, ainda, os desafios para a categoria, dentre eles o combate à PEC 241, que traz sérios impactos nas condições objetivas da classe trabalhadora, e a construção de uma greve geral para barrar os retrocessos nos direitos.

Conjuntura nacional

A conferência de abertura, que teve como tema “Conjuntura nacional e o impacto na organização política do Serviço Social”, contou com a presença de Jefferson Ruiz, professor da Faculdade de Serviço Social da UERJ, e Daniela Neves, conselheira do CFESS e professora da UFRN, apresentaram um panorama das lutas na atual conjuntura e falaram sobre os desafios para as/os assistentes sociais.

Para Jefferson, o capitalismo lida com uma de suas mais longas e profundas crises. Para alguns autores ela é terminal, mas não é possível dizer quando vai terminar nem quem vai substituí-lo. Com isso, os capitalistas buscam criar novas formas de lucratividade por meio da exploração da classe trabalhadora. Neste contexto, avalia o professor, a esquerda à frente do poder não tocou nas raízes mais profundas da desigualdade social, não enfrentou o capital.

Jefferson também falou que é necessário avaliar o uso que se tem feito da expressão “avanço do conservadorismo” e fez uma diferenciação entre conservadorismo e reacionarismo. Para ele, conservador era o bloco que estava no poder, mas não tocou nos mecanismos de exploração do capital (parlamento, judiciário, mídia). “O que estamos vivendo hoje é diferente do que se pode chamar de conservadorismo. Estamos numa conjuntura hegemonicamente reacionária, e não conservadora”, afirmou. O professor avalia que esta conjuntura está favorecendo ações que ameaçam seriamente os direitos que não tinham sido tomadas antes. “Parece que é agora que nós vamos conhecer o neoliberalismo em seu formato mais cru”, constata Jefferson.

Um dos desafios apontados pelo palestrante é o da necessidade de fazer uma autocrítica do campo da esquerda. Para ele, não se pode colocar toda a culpa no PT pelo fato de as esquerdas revolucionárias serem colocadas quase como “carta fora do baralho”. Além disso, numa conjuntura como esta não se pode ficar na defensiva. É preciso avançar nas lutas.

A professora Daniela Neves avaliou que no tempo atual o projeto do capital está se aprofundando, se redefinindo. “Os ricos estão ficando mais ricos em plena velocidade. O bem estar das massas estagnou, se degradou”, disse ela. Por outro lado, as forças nacionais e internacionais da esquerda têm se revelado incapazes de mostrar uma reação.

Constata-se, segundo Daniela, uma sub-proletarização e precarização ostensiva do trabalho e o descenso das lutas pelo viés da repressão ou da retirada de direitos. A velocidade do ataque aos direitos e às trabalhadoras e trabalhadores demonstra a pressa da classe dominante em aprofundar seu domínio sobre a classe trabalhadora.

A professora enfatizou que alguns dos grandes desafios para as/os assistentes sociais nesta conjuntura são estar presente nas lutas da classe trabalhadora, participar e disputar os espaços de controle social, fazer a defesa da seguridade pública e universal, inserir-se nas mobilizações e ações de rua, fazer a defesa dos direitos humanos, fortalecer a luta pela democratização da comunicação e posicionar-se contra a criminalização dos movimentos sociais e das lutas populares. “Vamos em frente porque temos muito a construir e muito a mobilizar”, conclui Daniela.

O 45º Encontro Nacional seguirá com suas atividades até o próximo domingo.