Comemoração 80 anos do Serviço Social em Curitiba

A comemoração do Dia da/o Assistente Social em Curitiba, realizada pelo CRESS-PR na última sexta-feira (03), foi marcada por momentos de reencontros, homenagens e debate sobre a conjuntura política e as perspectivas para o Serviço Social no país, no ano em que a profissão completa 80 anos.

Logo na mesa de abertura a tônica das reflexões foi os desafios para a formação e o exercício profissional das/dos Assistentes Sociais diante de uma conjuntura que aponta para retrocessos nos direitos.

A mesa foi composta por Antonio da Silva Junior (CRESS-PR), Esther de Souza Lemos (CFESS), Denise Maria Fank de Almeida (ABEPSS), Kristiane Plaisant Marcon (Sindasp), Terésio Bertoja de Freitas (Enesso) e Eduardo Guedes (Enesso).

Homenagem

eliane-nazareth-oliveiraA Assistente Social Eliane Nazareth Oliveira faleceu no dia 9 de abril do ano passado, aos 67 anos, mas deixou um legado de luta para as/os Assistentes Sociais. As recordações sobre a trajetória de Nazareth emocionaram todas as pessoas presentes no encontro.

A filha de Eliane, Tayná, estava presente no evento e falou sobre o grande exemplo deixado por sua mãe. “Minha mãe era assistente social, das mais competentes do mundo”, escreveu Tayná numa mensagem que foi lida durante a homenagem.

Conheça a história de vida, profissão e militância desta lutadora aqui.

Memórias e Resistências

Foi no Serviço Social que Maria de Fátima de Azevedo Ferreira, nascida no ano de 1943 em Garanhuns, no Pernambuco, pôde se engajar e aprender tudo o que hoje ela pode transmitir. A Assistente Social foi homenageada durante o encontro e contou sua história de luta e resistência, especialmente durante o período do regime militar. “Em 1964 aconteceu o primeiro golpe que eu vivi”, afirma, ressaltando que o país está passando por um novo golpe. “Não esperava na minha idade assistir a um novo golpe. E não me venham dizer que não foi golpe!”, enfatiza.

Maria de Fátima conta orgulhosa que foi aluna do educador Paulo Freire e o quanto aprendeu com esta experiência e com sua atuação na educação popular. Sua trajetória de luta fez com que chegasse a presidir o Conselho Federal de Serviço Social, em 1986, e o Conselho Nacional de Seguridade Social. “Tudo o que eu fiz só vai valer se outras pessoas continuarem na luta”, diz Maria de Fátima, chamando a categoria para seguir na luta intransigente pelos direitos humanos.

A Revista Fortalecer nº 22, publicada em 2014, trouxe uma entrevista com a assistente social (leia aqui a entrevista, publicada na página 10).

Profissão inscrita no Brasil

Para falar sobre os 80 anos do Serviço Social no Brasil foram convidadas as assistentes sociais Esther e Denise Fank. Esther ressaltou a importância de olhar para trás, para o processo vivido na história de cada um e cada uma, sem perder de vista os desafios para os próximos anos. Ela destaca que o marco dos 80 anos é a criação da 1ª turma de assistentes sociais, em 1936. “Na proposta de formação profissional já havia o embrião do profissional que se queria ter”, afirma.

Maria Esther destacou ainda o avanço alcançado pela profissão ao longo destes anos, que passou por um período de renovação nos anos 1960 e se afirmou a partir de sua regulamentação e da criação do conjunto CFESS-CRESS. Este, segundo ela, é um momento de avaliar qual a perspectiva crítica, lúcida e possível para a profissão. “O grande salto qualitativo foi que saímos da posição de belas, recatadas e do lar para mulheres e homens que vão para a rua, que têm consciência de classe, que são trabalhadoras/es”, avalia Esther.

Denise Fank falou sobre a luta pela educação e articulação com o projeto profissional e da necessidade de posicionamento político. “Mais do que ousadia e sonhos precisamos de condições de análise crítica”, afirmou. Denise também falou sobre o impacto na formação e no exercício profissional da modalidade do Ensino a Distância (EaD). Segundo ela, dos mais de 70 mil assistentes sociais em formação 80% estão nesta modalidade de ensino.

Entre os desafios apontados por Denise estão a afirmação da liberdade como valor ético político, uma formação que se confronte com o modo burguês e a busca pela articulação para construir resistência e avançar na luta.

Veja as fotos do evento: