Participação do CRESS/PR em Simpósio sobre Internação Compulsória

Na última sexta-feira (5), o conselheiro do CRESS/PR, Uilson José Gonçalves Araújo, participou do I Simpósio Sobre Internação Compulsória no auditório da Defensoria Pública do Estado do Paraná, e abordou o tema “Drogas e Direitos Humanos: Os (dês)caminhos da Política de Drogas no Brasil”. Além de Assistente Social, Uilson é especialista em Dependência Química e membro do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (CONED).

Em sua fala o conselheiro expôs que historicamente no Brasil, o tema do uso, abuso e dependência do álcool e outras drogas vem sendo associado à criminalidade e práticas antissociais e à oferta de tratamentos inspirados em modelos de exclusão/separação do convívio social. Para ele as pessoas que trabalham com a referida população não devem focar somente na abstinência do paciente, como é muito falado por profissionais de clínicas particulares, hospitais ou programas do governo. Tem que se dar alternativas, como por exemplo, a redução de danos, que é uma estratégia de saúde pública que visa a reduzir os danos causados pelo abuso de drogas lícitas e ilícitas, resgatando o/a usuário/a em seu papel autorregulador, sem a exigência imediata da abstinência e incentivando-o a mobilização social. “É muito difícil simplesmente tirar do paciente as drogas, já que o uso das delas são extremamente prazerosas” afirma Uilson em sua fala no simpósio.

O conselheiro do CRESS/PR também falou sobre o que a mídia retrata como ‘epidemia’ de drogas, gerando assim políticas higienistas para ‘acabar com as drogas’, e, afirma que não vivemos de modo algum epidemia do crack. Uilson tratou em sua fala também da Política Nacional de Drogas. Afirmou que se faz necessário reafirmar que a atenção aos/as usuários/as de drogas pelas políticas públicas precisam estar fundamentadas na defesa dos direitos humanos e nos princípios da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial.

Quanto a internação compulsória, Uilson ressaltou que esta medida vem atender interesses econômicos e políticos do capital, uma vez que assume caráter higienista, porque se volta somente para os usuários de crack em situação de rua nas chamadas “cracolândias”, que em sua maioria são territórios de especulação imobiliária, de mobilidade urbana. Haja vista que a internação compulsória retira do/a usuário/a ou dependente de drogas sua autonomia, já que impõe um modelo único de tratamento.

O tema do evento – a Internação Compulsória já foi debatido pelo CRESS/PR em diversas oportunidades. O Conselho assume um posicionamento contrário a esta medida. Em 2013 o CRESS/PR publicou manifesto contra internação compulsória e em defesa da implantação de políticas públicas de enfrentamento ao uso de substâncias psicoativas orientadas pelos princípios constitucionais e estabelecendo canais de diálogo como sujeitos sociais envolvidos na problemática.

Confira as fotos da apresentação do conselheiro Uilson José Gonçalves Araújo no I Simpósio sobre Internação Compulsória.