Lançada a campanha “Defensores de Direitos Humanos”

Um time de onze pessoas foi selecionado para serem os representantes da campanha “Linha de Frente: Defensores de Direitos Humanos”, lançada nesta segunda-feira em Curitiba. O lançamento da campanha se deu logo após o ato contra a homofobia realizado no Centro da cidade e também foi estrategicamente lançada no dia do jogo de Irã e Nigéria, países que criminalizam a homossexualidade.

O objetivo da iniciativa, organizada pela Terra de Direitos, Justiça Global e Front Line Defenderes, é sensibilizar a opinião pública a respeito das sistemáticas violações de direitos. O defensor escalado para representar o Paraná no time da campanha é Márcio Marins, ativista de Direitos Humanos na organização Dom da Terra Afro LGBT. Ele comentou que sofreu recentemente duras ameaças por telefone, email e que foi perseguido por grupo neonazista pelo fato de estar exposto como defensor dos direitos LGBT. Para ele a população que está em maior risco é das travestis, por trabalharem nas ruas e o Estado, que deveria proteger a população acaba sendo o maior agressor. “A violação de Direitos parte da própria polícia. Já denunciei a violência contra as travestis várias vezes e percebo que após a denúncia aumenta a abordagem violenta dos policiais, ao invés de diminuir”, comentou .

Assim como Márcio, há outros 10 representantes das lutas por direitos humanos que encabeçam a campanha. Originários de diversas partes do território nacional, eles têm trajetórias de enfrentamento em diferentes temas. As recentes violações em nome da realização de megaeventos no país são relatadas e vivenciadas por Vitor Lira, do Rio de Janeiro. A mãe de maio Débora Silva, de São Paulo, relembra a força e a luta das vítimas de violência policial nas periferias urbanas das cidades brasileiras. As dificuldades e enfrentamentos da luta LGBT são trazidas à tona por Indianara Siqueira, do Rio de Janeiro, e Márcio Marins.

Já a militância do povo Tupinambá pelo reconhecimento de sua identidade indígena e de seu território é narrada a partir da história do Cacique Babau, da Bahia. A resistência quilombola na luta pelo respeito ao território e à herança africana são representadas por Rosivaldo Correia, do Pará, e Rosemeire Santos Silva, da Bahia. Do Mato Grosso do Sul vem a luta Guarani-Kaoiwá pela demarcação de seus territórios, representada na figura do Cacique Ládio Veron. A vulneração dos modos de vida tradicionais de pescadores e ribeirinhos ecoam nas histórias de João do Cumbe, do Ceará. Já os conflitos agrários e as violações de direitos sistematicamente vivenciados no campo são contados através dos relatos de Laísa Santos Sampaio e Osvalinda Pereira, do Pará.

Durante o ato de lançamento diversos movimentos sociais tiveram voz para expor a necessidade de enfrentar as violações dos direitos humanos. O CRESS/PR apoia esta iniciativa e reafirma sua inserção no debate sobre as violações de direitos, considerando de fundamental importância as questões levantadas pelos defensores e defensoras de direitos envolvidos com o projeto. É atribuição do/a assistente social a defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e autoritarismo, por isso apoiar e estar nestes espaços é fundamental.

Repressão policial
Em meio ao público que acompanhava o ato de lançamento da campanha, aconteceu uma abordagem policial a um jovem estava com um lenço cobrindo o seu rosto. A abordagem foi considerada abusiva por muitos dos presentes, inclusive por representantes da Defensoria Pública que estão com um stand no mesmo local da manifestação e viram a abordagem. O abuso de autoridade foi citado pelos movimentos sociais como exemplo de violação de direitos a ser combatido.

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