Realizado o 14º CBAS

Reunindo mais de 3 mil participantes, inclusive da Argentina, Angola e Portugal, o 14º Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) foi realizado de 14 a 18 de outubro, em Águas de Lindóia-SP. Promovido pelo CFESS, CRESS-SP, Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) e pela Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social (ENESSO), o evento trouxe como tema “Impactos da crise do capital nas políticas sociais e no trabalho de assistentes sociais”.

CBAS 2013O CRESS/PR esteve representado pelos/as assistentes sociais: Renária Moura, Uilson Gonçalves, Roselene Sonda, Joziane Cirilo, Kleber Durat e Rosilda Kirshner. Renária destacou a importância do evento para o fortalecimento dos/as profissionais de Serviço Social: “ao participar de um evento com as dimensões ética, técnica e política como o CBAS, nos reconhecemos como sujeitos históricos integrantes de uma categoria profissional combativa, instrumentalizada e resistente, que atingiu a maturidade profissional para defender um projeto ético político que contempla ideias contra hegemônicos, voltados para uma nova ordem societária”.

Confira como foi o evento:

O debate inicial contou com a presença do coordenador nacional da ENESCO, Giovanny Simon, a presidente da ABEPSS, Regina Ávila, a conselheira do CRESS-SP Mauricléia Soares e a presidente do CFESS, Sâmya Ramos.

CBAS inicio
Foto: CFESS

Refletindo sobre o tema central do congresso, a mesa de abertura teve a participação do professor emérito da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Paulo Netto e da professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ana Elizabete Mota. Netto fez uma analise das raízes da crise do capital, seus fundamentos e suas expressões contemporâneas no Brasil e afirmou que o serviço social experimenta significativas modificações em todo mundo, ressaltando a diferença no debate da profissão no contexto latino-americano e o “dos países do norte”, enquanto Mota analisou a realidade do serviço social na atualidade e os desafios que a profissão enfrenta, abordando a natureza do trabalho da categoria e a mediação estratégica na luta pela efetivação de direitos sociais.

Segundo Dia – Duas palestras foram realizadas simultaneamente: Uma abordando o compromisso ético da categoria para enfrentamento da questão social na atual conjuntura, ministrada pelas professoras Elaine Behring, da UERJ, Marina Maciel Abreu, da UFMA, e Silvana Mara de Moraes dos Santos, da UFRN; enquanto a outra mesa teve como tema “Os desafios éticos no cotidiano do trabalho profissional de assistentes sociais”, com a assistente social e professora da PUC-SP Lúcia Barroco e a assistente social e professora da UFRJ Yolanda Guerra. A palestra foi concluída pelo conselheiro do CFESS e professor da UERJ Maurílio Matos, que apresentou o debate sobre “Adesão formal aos valores do projeto ético-político”.

CBAS segundo
Foto: CFESS

No mesmo dia ocorreu um debate sobre serviço social e residência multiprofissional em saúde na Tenda Paulo Freire, com a representante da ABEPSS Morena Marques, a conselheira do CFESS Alessandra Ribeiro e um representante do Ministério da Saúde Fabiana Araújo, além dos representantes do Fórum Nacional de Residentes, Caio Shaffer e Conrado Augusto.

Terceiro dia – Foram realizados quatro plenárias simultâneas e muitos debates. Na primeira mesa foi debatido o trabalho de assistentes sociais na política de assistência social, com a participação das professoras Mavi Pacheco, da UFRJ, Ivanete Boschetti, da UnB, e Aldaíza Sposati, da PUC-SP e a secretária nacional do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Denise Colin. A segunda plenária destacou os desafios do serviço social na área de diversidade sexual e identidade de gênero, sendo ministrado pelo professor da UERJ Guilherme Almeida, a conselheira do CFESS Marylucia Mesquita e o conselheiro do CRESS-SP Marcos Valdir. A terceira mesa teve como temática “A organização política dos/as assistentes sociais: em defesa do trabalho e da formação com qualidade”, com a presidente do CFESS, Sâmya Ramos, a presidente da ABEPSS, Regina Ávila, e o representante da ENESSO Jodeylson Islony de Lima. A última plenária foi sobre “Política de drogas: consensos, dissensos e direitos em debate – questões para o serviço social”, com a assistente social e professora da UFF Cristina Brites, a juíza Maria Lucia Karan e o coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz.

No dia também foram realizadas sessões temáticas de apresentações de trabalhos, lançamento de pôsteres com experiências de atuação de assistentes sociais em diversos espaços, além do “Cine CBAS” e a continuidade do debate sobre residência em saúde.

Quarto dia – Na parte da manhã, foi realizada a sessão temática “Controle social e os desafios para o serviço social”, com a conselheira do CFESS Marlene Merisse e a assistente social e professora Ruth Bittencourt, da UECE. A ação foi um momento de socialização de experiências do Conjunto CFESS-CRESS em espaços de controle social da sociedade civil organizada, como os conselhos e Fóruns.

À tarde foram realizadas quatro plenárias simultâneas: “Desafios da intervenção profissional do/a assistente social na área da saúde”, com as professoras Maria Inês Bravo, da UERJ, Valéria Correia, da UFAL, e da conselheira do CFESS Rosa Prédes; “Questão urbana e o trabalho do/a assistente social: desafios, lutas e resistências”, com as professoras Raquel Santana, da Unesp, Maria Helena Elpídio, da UFES, e Tânia Diniz, da Unifesp; “O trabalho do/a assistente social na previdência social no contexto de restrição de direitos – desafios e perspectivas”, com a contribuição das professoras Ana Cartaxo, da UFSC, Lucia Lopes, da UnB, e da conselheira do CFESS Marinete Moreira, do INSS; e “Serviço Social brasileiro e sua articulação com países da América Latina e de língua portuguesa”, com as professora Joaquina Barata, da UFPA, a conselheira do CFESS Esther Lemos, a assistente social argentina Silvana Martinez, da FAAPS, e o assistente social angolano Simão Samba.

CBAS ato
Foto: CFESS

À noite aconteceu o Ato Público do “Sem Movimento não há Liberdade”, que ocupou as ruas da cidade em defesa da liberdade e da emancipação humana, fortalecendo a aliança do Serviço Social com os movimentos sociais e sindicais.

Último dia – A conferência de encerramento abordou o tema “Trabalho do/a assistente social no contexto da crise do capital: desafios para a categoria profissional”, com as professoras Marilda Iamamoto, da UERJ, e Carmelita Yazbek, da PUC-SP. Iamamoto falou sobre a questão da precarização e dos rebatimentos no exercício profissional de assistentes sociais na atualidade, ressaltando que as políticas anticrise são mais devastadoras, pois privatizam lucros e socializam custos, agravando assim a já difícil situação dos/as trabalhadores/as. Já Yazbek, relatou sobre a inserção do serviço social nas lutas e movimentos sociais no contexto de crise, e sobre a mobilização e participação das entidades representativas do serviço social brasileiro nas conquistas e manifestações da categoria no país.

CBAS fim
Foto: CFESS

A mesa de encerramento contou com a participação da presidente do CRESS/SP, Eloísa Gabriel dos Santos, a presidente da ABEPSS, Regina Ávila, o representante da ENESSO, Jodeylson Islony de Lima, e o conselheiro do CFESS Maurílio Matos, que avaliaram positivamente o evento, destacando o fortalecimento da categoria e de seu compromisso ético.

Para Renária, conselheira do CRESS/PR, as atividades realizadas no CBAS orientaram e estimularam os/as assistentes sociais a não retroceder, e sim a continuar na direção contra hegemônica, defendendo a emancipação humana, destacando que esta luta ficou evidenciada nas falas dos/as professores/as José Paulo Netto, Marilda Iamamoto, Maria Lucia Barroco, Carmelita Yasbeck, Iolanda Guerra e Elizabete Mota e nas exposições das plenárias simultâneas.

Ela comenta que o evento, em toda sua programação, cumpriu o papel de tratar do enfrentamento da questão social em um contexto de ofensiva capitalista e neoliberal, “além de qualificar os/as participantes para reafirmarem os valores do Projeto Ético-Político do Serviço Social e a direção que damos a sua materialidade, esta que inclui defender os direitos, os interesses e as necessidades da população que atendemos cotidianamente”.

*Com informações do CFESS