Nos dias 4 e 5 de setembro aconteceu em Recife-PE o 3º Seminário Nacional da Comunicação CFESS/CRESS, organizado pelo CFESS e CRESS-PE. O tema que direcionou as palestras e debates foi “Linguagem, política e redes sociais”. Contando com participação dos/as conselheiros dos diversos CRESS e algumas Seccionais do Brasil, representantes das Comissões de Comunicação em seus estados e também com assessores de comunicação, totalizando 85 participantes, o evento proporcionou reflexões sobre o uso das diversas ferramentas e estratégias de comunicação do Conjunto. O CRESS/PR foi representado pelas Conselheiras Vera Armstrong e Rosenilda Garcia e pelo assessor em comunicação Téo Travagin.
Antes da palestra inicial os participantes assistiram a declamação de poesias de cordel selecionados a partir do tema do evento, pelo trio Mariane Bigio,Milla Bigio e Clécio Rimas.
A primeira mesa-redonda do evento teve o tema “Comunicação de Redes Sociais: o Serviço na disputa de hegemonia” e contou com falas do jornalista Arthur William, integrante do Coletivo Intervozes e da assistente social Sâmya Ramos, presidente CFESS. A fala do jornalista teve o foco no papel das redes sociais, mas contando com observações sobre a importância da mídia para a organização de classes, como da categoria dos/as trabalhadores/as do Serviço Social: “atuamos no conceito de direito humano à comunicação e do acesso livre aos meios de comunicação, pois não é isso o que vemos hoje. Apenas o segmento empresarial controla a mídia”, comentou o jornalista, apontando a informação de que hoje 7 famílias controlam os grandes veículos de comunicação de massa no Brasil (Família Marinho, Abravanel, Saad, Macedo, Civita, Frias e Mesquita). Ele também lembrou que mesmo a internet é controlada por poucas e grandes corporações e que tudo é permitido na internet, desde que não contrarie os interesses dos donos do acesso a este meio. “Hoje o Brasil vive o absurdo de ser um dos poucos que manda prender quem faz rádio comunitária”. Apesar do cenário apresentado, o jornalista defendeu a necessidade de articulação e de mobilização por meio das redes sociais, que para ele provou ter efeito à exemplo das mobilizações do mês de junho.
A fala da presidente do CFESS, Sâmya Ramos, ressaltou a importância da Política Nacional de Comunicação do Conjunto. Sâmia apresentou uma fala para a importância do uso da comunicação contra hegemônica e direcionada a contribuir em direção ao projeto societário que a categoria defende em seu projeto ético e político. Especificamente sobre o uso de redes social ela defendeu que as redes sociais devem ser compostas pelos sujeitos e é nos sujeitos que se constrói a militância: “pela internet se faz a divulgação, mas a militância deve ser diretamente com as pessoas”, comentou, afirmando também: “as redes sociais são instrumentos de mobilização e podem potencializar a luta em favor do nosso projeto ético e político e dar visibilidade à profissão na perspectiva de ampliação de direitos”.
O período da manhã foi finalizado com um debate e com o lembrete da importância de arrecadar assinaturas da petição do Projeto de Lei da Mídia Democrática sendo que os kits para coleta de assinatura serão levados pelos CRESS aos seus estados.
A fala do período da tarde do dia 4 teve o tema ‘Política, Linguagem não discriminatória e Serviço Social’, com falas da linguista e professora Jonê Baião, da jornalista Sandra Machado e da Kênia Figueiredo.
Jonê comentou sobre como a escolha do que se vai dizer e como se vai dizer é importante para a mensagem final e sobre a importância do uso de uma linguagem não discriminatória que quebre paradigmas da língua. “A culpa da forma preconceituosa e machista da língua não é da própria língua e sim da naturalização que se deu ao seu uso desta forma”, explicou, comentando que não se muda o uso da língua porque uma pessoa quer, somente se muda de forma coletiva, entendendo as demandas do conjunto em utilizar linguagem que ajude a diminuir preconceitos, pelo uso ou não uso de certos termos. “Queremos uma língua democrática porque queremos uma sociedade democrática”.
A jornalista Sandra Machado, do jornal Correio Braziliense e do Blog da Igualdade comentou sobre os estereótipos existentes na comunicação que contribuem para aumentar as diversas formas de preconceito. “ Vivemos em um padrão eurocêntrico na comunicação”, referindo-se à comunicação que segue o padrão de que o valorizado é o branco, o homem, o anglo-saxônico. Ela afirma que as mulheres na história tiveram tanta ou mais importância que os homens em muitos casos, citando exemplos de mulheres que fizeram a diferença na história da humanidade, mas que nunca foram retratadas com a devida importância pelos padrões de comunicação sempre utilizados.
Já Kênia Figueiredo abordou em sua fala a importância o Conjunto CFESS-CRESS repensar sempre sua linguagem não apenas no uso das ferramentas como as redes sociais, mas em todos os ambientes, inclusive na comunicação oral, comentando que deve-se haver a preocupação em se fazer facilmente entendidos/as. “Ficou provada a capacidade de organização dos/as usuários da Assistência por exemplo no caso da mensagem enganosa sobre o Bolsa-família, pois em pouco tempo uma mobilização enorme aconteceu a partir de mensagens de celular”. Para Kênia, este potencial deve ser utilizado pela categoria dos/as assistente sociais. Kênia utilizou também em sua fala dados da pesquisa “Vozes do Bolsa Família”, lançada neste ano, na qual se revela também desafios da linguagem do/a assistente social com o/a usuário. E finalizou parabenizando o conjunto pelo atual estágio em que está contando com serviços especializados de comunicação.
Pesquisa revela organização das áreas de comunicação dos CRESS
No dia 5 a assessoria de comunicação do CFESS apresentou alguns resultados da pesquisa realizada junto às comissões de comunicação dos CRESS. Dos 23 CRESS que responderam, 20 contam com alguma forma de assessoria em comunicação, revelou a pesquisa. Também ficaram evidenciados diversos dados que poderão ser utilizados pelo Conjunto como base para estabelecer novas estratégias de comunicação, como o fato de 21 CRESS utilizarem o Facebook como canal de comunicação oficial destes conselhos.
O seminário encerrou com a troca de experiências entre as comissões de comunicação sobre as estratégias e ferramentas utilizadas, bem como dos desafios que cada conselho, em sua comissão e comunicação, enfrenta. Ficou estabelecido que os/as assessores/as de comunicação criarão grupo de e-mails para permanecer em contato e trocar ideias e experiências.
Os apontamentos da pesquisa serão divulgados em breve pelo CFESS.