CRESS/PR participa de debate sobre a Internação Compulsória

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Na noite de quarta-feira, dia 3 de abril, foi realizado o primeiro dia de palestras e debates do Simpósio Multidisciplinar de Psiquiatria, promovido pela Unidade Intermediária de Crise e Apoio à Vida (UNIICA). O CRESS/PR foi representado no evento pela conselheira Wanderli Machado, que realizou a fala sobre “Aspectos Sociais da Internação Compulsória”, dentro da Mesa Redonda: “A Visão dos Profissionais em Relação à Internação Compulsória”.

Wanderli abriu a fala ressaltando uma informação já conhecida pelo Serviço Social, que é o fato da terminologia utilizada em apresentações ser determinante para induzir um julgamento, utilizando como exemplo as palavras “alcoólatra” e “drogados” ou “drogaditos”, como palavras utilizadas no simpósio e que conduzem a um reducionismo do sujeito em questão à condição que ele está ou sintoma que possui.

O conteúdo em geral apresentado pela conselheira foi direcionado para explicar como o mercado é o grande regulador das medidas para as políticas sociais, esclarecendo que a política de Internação Compulsória é mais uma medida de interesse econômico se sobrepondo à questão pública.

Para explicar este interesse econômico, citou como exemplo o debate sobre a liberação de bebida alcóolica nos jogos da Copa do Mundo. “Existe o interesse econômico para vender a bebida na Copa para uma parcela da população que supostamente não tem problema com o consumo de álcool, mas do outro lado existe o braço forte do estado limpando das ruas o pobre que tem a doença do alcoolismo”, comentou Wanderli, apresentando também o exemplo da contradição entre fazer vistas grossas ao uso de LSD ou outras substâncias nocivas em festas eletrônicas para jovens de classe alta e procurar criminalizar apenas a pessoa pobre que é dependente de crack.

Para a conselheira, existe um domínio da Organização Mundial do Comércio sobre a Organização Mundial da Saúde, por exemplo, e este domínio é determinante para sobrepor os interesses econômicos à vida pública. Ela lembrou que viver nas ruas não é uma questão individual. “Homens e mulheres são levados a esta situação por condições impostas pela sociedade de classes. A internação compulsória precisa ser relativizada, pois em casos de situações que apresentem risco de vida já existe a internação involuntária, prevista em lei. Estamos alertando a sociedade para o risco de implantar ações arbitrárias que violam a dignidade e os direitos à liberdade e à vida”, declara a conselheira. Wanderli ainda lembrou da situação de falta de investimentos em leitos psiquiátricos em hospitais, o que impede vaga inclusive para o internamento voluntário. Ela ressaltou que o CRESS/PR junto a alguns movimentos sociais produziram um manifesto que está disponível no site do conselho.

As falas que antecederam a da conselheira foram do Dr. André Rotta Burkiewicz – Pres. Assoc. Psiquiatria do PR, Profº Naim Akel Filho – Coord. Curso de Psicologia PUC/PR e Dr. Gerson Zaffalon Martins – Conselho Federal de Medicina. Cada um apresentou, em sua área, pontos que colocam a Internação Compulsória como uma prática fadada a não obter sucesso no tratamento das pessoas, além de ser caracterizada pelos debatedores como uma prática antiética e violadora dos direitos estabelecidos em resoluções e leis.
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Convidamos a todos/as a lerem aqui o Manifesto Contra Internação Compulsória.
Solicitamos ainda que as entidades, coletivos e movimentos sociais se manifestem, assinando em conjunto este manifesto!