Segundo dia do V CPAS contou debate sobre a formação na América Latina e com apresentações de trabalhos

DSC_1427O segundo dia do V CPAS, que está sendo realizado em Foz do Iguaçu de 11 a 14 de outubro, contou com dois grandes momentos: o debate sobre a formação e o exercício da profissão na América Latina e na sequencia a apresentação dos 147 trabalhos aprovados para serem expostos em sete salas, simultaneamente. Na parte da manhã quem expôs sobre o tema “Formação e Exercício Profissional na América Latina” foram o Dr. Carlos Montaño da UFRJ e a Dra. Esther de Souza Lemos, do CFESS.

A fala do Dr Carlos Montaño iniciou-se pela explicação de que há poucos dados sobre a formação em Serviço Social na América Latina, mas que existe como dar o parecer de que se trata de um ambiente com uma unidade cultural e histórica, mas com profundas diferenças entre os países no contexto político. O palestrante pontou que o desenvolvimento da profissão dos/as assistentes sociais na América Latina vem de um processo pós guerra em que os países foram atingidos pelo desenvolvimento e dominação do capital. “Isso gera uma reflexão sobre como dentro de um contexto capitalista a profissão se desenvolve articulada à participação popular, vinculada a movimentos sociais”.

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Ressaltando a importância da profissão, o palestrante pontou também que há 133 escolas de Serviço Social na America Latina, excluindo o Brasil mas há poucos cursos de pós graduação e mestrado. Para Montaño, é fundamental a importância da profissão no Brasil, um país que possui um projeto ético –político “que precisa ser ampliados, pois temos uma experiência acumulada que pode ser compartilhada para os países vizinhos”.

O complemento a esta fala foi feito pela Dra Esther que também ressaltou a gênese do Serviço Social atrelada ao processo histórico político vivenciado pelos países da América Latina. “América Latina vivenciou um processo de organização de colônias voltadas para a acumulação de capital nos países centrais e a formação social do continente está vinculada a este processo vivido”, comentou Esther.

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Em um segundo momento a palestrante passou a analisar as particularidades do Brasil em sua história e no momento atual: “O contexto atual do exercício e da formação profissional possuem como características a expansão da formação profissional do/a assistente social e consequente ampliação de profissionais, as mudanças no mercado de trabalho a partir das politicas sociais descentralizadas e precarização das relações de trabalho e a interiorização da formação profissional”. Esther ressaltou ainda que o Brasil vive um momento difícil para a educação, pois há uma contra reforma da educação que terá impacto avassalador sobre o ensino superior e por isso comenta: “temos que ter coragem para dizer não à mercantilização do ensino e às constantes investidas do pensamento conservador, organizando a luta e fortalecendo a resistência” .

No período da tarde aconteceram as apresentações dos 147 trabalhos de profissionais e estudantes simultaneamente em sete salas. As apresentações abordaram diferentes análises, experiências e aspectos da profissão. Os estudantes Rafael Teixeira e Letícia Chahaira da UFRJ apresentaram sobre o papel das ongs no município do Rio de Janeiro. Eles apontaram o panorama da profissão na cidade após o crescimento do número de Ongs. “Achamos interessante trazer e compartilhar a visão crítica do que é o terceiro setor e como esta descentralização dos deveres do estado refletem na precarização da atuação dos/as assistentes sociais”, comentou Rafael.

A assistente social de londrina, Amanda M. Silva, também ressaltou a importância de socializar experiências. Ela apresentou dois trabalhos, sendo um deles sobre o Serviço de Proteção Especial para Pessoas com Deficiência em Londrina. Segundo ela, “esta é uma experiência que precisa ser compartilhada, pois pode incentivar que este serviço seja implementado em outros municípios”. O programa, segundo Amanda, possibilita o acesso a direitos básicos específicos para pessoas com deficiência.

“Foram apresentados trabalhos de excelente qualidade, mostrando como temos avançado na análise da realidade cotidiana do exercício profissional e a relação entre teoria e prática”, comentou o conselheiro do CRESS/PR Elias de Sousa, membro da comissão organizadora do evento. Ele complementa: “além de evidenciar desafios, os trabalhos expostos vão contribuir muito para pautar novos debates e ações do CRESS”.

Os trabalhos na íntegra foram disponibilizados nos CDs que acompanham o programa do Congresso.

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