Curitiba teve vigília para dar visibilidade às dificuldades vividas pela população em situação de rua

O CRESS/PR, como membro do GT de Inclusão Social da População em Situação de Rua apoiou e esteve presente no ato, que aconteceu na noite da última quinta-feira.

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“O meu sonho é ter uma casa para morar com meu marido e meu filhinho que logo vai nascer. Aqui na rua a gente sempre se vira para comer e para passar o dia, mas o frio é a pior coisa, e também as vezes tem o problema da violência”. Este depoimento, da jovem Paloma, de 18, grávida de seu primeiro filho, foi coletado na noite da última quinta-feira na Praça Rui Barbosa, durante a vigília promovida pelo Grupo de Trabalho (GT) de Inclusão Social da População em Situação de Rua, das 19h do dia 14 às 7h do dia 15 de junho.

Leonildo Monteiro , representante do MPR- Paraná
Leonildo Monteiro , representante do MNPR- Paraná

De acordo com Leonildo Monteiro, integrante do GT e membro da Coordenação Nacional do Movimento Nacional de Pessoas em Situação de Rua (MNPR), esta vigília é uma forma de denunciar o poder público pelas diversas omissões que acontecem à população que está em situação de rua. “Tivemos pessoas morrendo em Curitiba por causa deste frio e isso é uma situação que tem que mudar e tem que ter maior atenção, então articulamos dentro do nosso GT uma proposta de dar visibilidade às dificuldades da população que está nas ruas e disso saiu a ideia da vigília”, comenta Leonildo. Ele lembrou também que há quatro anos uma pesquisa constatou que havia 2776 pessoas em situação de rua em Curitiba e apenas um albergue público, o mesmo único que existe até hoje, com apenas 350 vagas.

Entre as principais dificuldades mais citadas pelas pessoas que estão nas ruas estão sempre: o frio; a violência tanto de outras pessoas que também estão nas ruas como também as ações truculentas de alguns policiais; e o convívio com as drogas. Luis Sérgio, servente de pedreiro de 22 anos de idade, passou pela vigília e comentou que foi apenas prestar apoio, pois hoje ele mora em uma casa pagando o aluguel de R$ 400 há cerca de seis meses. Ele morou por muitos anos nas ruas de Curitiba. Luis comenta que a maior dificuldade antes de conseguir um emprego foi se livrar do uso de drogas, sendo que o estimulo para isto foi o nascimento da filha Hilari. “Minha esposa morava em um abrigo e eu nas ruas. Perdi minha mãe e minhas irmãs por causa das drogas. Meu pai, que também já faleceu, sempre teve problema com álcool. Então foi difícil, mas hoje graças a Deus estou bem”, comenta o jovem.

Casal Paloma e Everaldo estão em situação de rua
Casal Paloma e Everaldo estão em situação de rua

Conseguir um local para morar tem sido a luta de algumas pessoas que estavam nesta noite na Praça Rui Barbosa. A jovem Paloma, já citada, afirma que se inscreveu na COHAB há cerca de cinco meses e ainda não obteve nenhuma resposta. Até poucos meses atrás ela dormia na casa da avó, mas como explica seu marido, Everaldo (que está há mais de dois anos vivendo nas ruas) “é uma casa pequena na favela” e a jovem não gosta de incomodar a avó. Segundo Paloma, a avó também já entrou com pedido de moradia na COHAB, porém ela perdeu a vaga pois não teria recebido o aviso de que havia sido contemplada e quando foi verificar a casa já havia passado para outra pessoa que estava na fila da COHAB.

Para estarem nas ruas os motivos são os mais variados. Uma das mulheres que estava nas ruas e prefere não ter o nome citado comentou que teve de sair de casa porque o namorado dela não era aceito pela família. Ela é uma das pessoas que falou mais sobre a os excessos das ações policiais, afirmando: “às vezes estamos dormindo num banco ou praça e eles não querem saber de educação, já chegam tirando a gente à força”.

Alguns apoiadores do MNPR estiveram presentes na vigília, que contou também com a doação de roupas e cobertores. O CRESS/PR, como membro do GT de Inclusão Social da População em Situação de Rua apoiou e esteve presente no ato.